domingo, 18 de março de 2012

ESTA SEMANA RECEBI INÚMERAS COLABORAÇÕES DOS MEUS AMIGOS PARA ENRIQUECER O BLOGUE NOS DOMINGOS. REPRODUZO TODO O MATERIAL, COM ESPECIAL SATISFAÇÃO:

Poema para uma poesia
(Suzana Galvão)


Na minha poesia um lírico em viagem
Na Grécia antiga teimo em cantar
Não sou rouxinol, nem cantora de ópera
Teimo em deixar pensamentos pelo ar
Sentimentos em perfumes
E mil formas de dizeres


Não sou Castro Alves nascendo nesse dia
Sou Suzana, sim, assim...
Poesias germinadas...brotadas...
Não sei do meu contexto cultural e histórico
Sei que faço, retiro da minha realidade imediata
Imaginada? Dúvida contida em uma poetisa
Na lua minhas palavras não são combinadas


Mexo...remexo e nesse liquidificador de escritos
Muitos vultos ditos...nascidos...contribuindo
Em mim, em ti e em todos
Bem- vinda poesia...parabéns para esses versos
Versos de um romance, de um social, de um ser pensante
Que se diz e é poeta.
(Colaboração de Ceicinha Câmara-Portugal)

Etelvina Antunes de Lemos, nascida em Ceará-Mirim no dia 17 de maio de 1885, irmã do poeta Juvenal Antunes e da escritora Madalena Antunes Pereira. Foi casada com Vicente de Lemos Filho, irmão da minha avó Maria Izaura de Lemos Medeiros. (Colaboração de Ivoncisio Meira de Medeiros).

O POETA


O POETA É QUAL PINTOR MODELOS PROCURANDO NAS DÔRES QUE ADVÊM À PRÓPRIA HUMANIDADE... VAE PINTANDO, EM SEU VERSO, A PROPRIA INF’LICIDADE, E O CONSTANTE SOFFRER DOS OUTROS VAE PINTANDO


ELLE PASSA NO MUNDO AS MAGUAS ESTUDANDO... FAZ QUADROS DE PRAZER E TELAS DE SAUDADE... PÕE NAS MÃOS DO ASSASSINO – O SCEPTRO DA MALDADE... NO BERÇO DA CREANÇA – UM CHERUBIM, VELANDO;


NOS LABIOS DE U’A MÃE – UM RISO DE CLEMENCIA... NOS OLHOS DO MANCEBO – O FOGO DOS AMORES... NA FRONTE DA DONZELLA – O LIRIO DA INNOCENCIA...


SONHADOR DE ILLUSÕES, NA PALHETA DA RIMA, MELHOR DO QUE NINGUEM, ELLE HARMÔNISA AS CÔRES E UMA SCENA DE AMOR , NUM BELLO POEMA ANIMA.


(Publicado por WANDERLEY Ezequiel: “Poetas do Rio Grande do Norte” – (fls. 189), Primeira Edição, publicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte – Governador: Dr. Antonio de Souza – Natal, 1922)

S O N E T O


Ana Lima (*)


Por uma lei fatal que rege os fados
Desta nossa existência desditosa,
Dos sonhos na alvorada graciosa
Meu doce amor, vivemos separados!


Estes dias cruéis e amargurados
Como a noite mais negra e dolorosa,
Eu levo a recordar, triste e saudosa,
Teus olhares tão meigos e adorados.


Cheio de mágoas, sem prazer ou calma,
Vivo guardando desolada em pranto,
Teu nome escrito nos recessos da alma!


E quando ao longe vai morrendo a tarde
Oh! meu saudoso e delicado encanto
O coração me estala de saudade.


SE MEDITO EM TUA ETERNA GRANDEZA
(Rosalía Castro)

Se medito em tua eterna grandeza,
bom Deus, a quem nunca vejo,
e levanto assombrada meus olhos
ao firmamento infinito
que povoaste de mundos e mundos...
toda conturbada, penso
que sou menos que um átomo leve
perdido em teu universo;
nada, afinal... e que, ao fim, no nada
hão de perder-se meus restos.
Mas se quando a dor e a dúvida
me atormentam, corro ao templo,
e aos pés da Cruz um refúgio
busco ansiosa implorando remédio,
de Jesus o cruento martírio
tanto comove meu peito,
e adivinho tão doces promessas
em suas ásperas dores,
que qual filho que repousa
no bom regaço materno,
depois de chorar, tranquila
após a expiação, espero
que lá onde Deus habita
hei de prosseguir vivendo.

(Tradução de Horácio Paiva)
- Colaboração da poetisa Lúcia Helena -
Nota: Rosalía Castro nasceu em Santiago de Compostela, Galícia, Espanha, em 1836, e faleceu em Padrón (Galícia), em 1885. Escreveu, em galego, Cantares gallegos e Follas novas, e, em espanhol (castelhano), En las orillas del Mar.


Mulher de verdade
(Miriam Carrilho)

Ora, ora, e existe alguma que não seja?
Ou ser mulher é ser submissa?
Ou, como na canção, é "achar bonito não ter o que comer"?
Ou querer só o que o outro - seja pai, marido, filho - quiser que ela queira?
Ou faça?
Ou ter de aceitar que determinem como viver a vida que, afinal, é dela?
Hum... que pena! Muita gente continua a pensar assim.
A literatura, no entanto, sinaliza: há algo de novo no ar.
Os títulos anunciam um tempo em plena transformação.
Os "Homens amam as mulheres poderosas".
Outorgam: Todo poder às mulheres".
E advertem: cuidado! Há "Mulheres que correm com lobos"...
Sabe? Já existe "A arte da guerra para mulheres".
Mesmo assim, lamentam-se as "Mulheres certas que amam homens errados"...
Outros agradecem pelas "Mulheres cheias de graça".
Tantos e tão variados títulos dariam mais que uma crônica, hem?
Observemos:"Mulheres corajosas sempre vencem", "Mulheres confessam", "Mulheres têm coragem".
"Mulheres japonesas não envelhecem", as "Mulheres francesas não engordam" e até revelam seus segredos de elegância.
O que, de um modo geral, muito lhes agrada.
Alguns balançam a cabeça: ah! "Mulheres inteligentes, escolhas insensatas"!
Outros exaltam: "Mulheres inteligentes, relações saudáveis". Seja lá o que isso signifique...
Enfim, as mudanças estão no ar, no lar, nas ruas, nas empresas. Nas mentes.
O que era aceito e sacramentado passou a ser contestado, desobedecido, transformado.
Se aqui chegamos, devemos também às "Mulheres que mudaram o mundo".
Percebe-se que cada vez mais as pessoas buscam a felicidade. Dispensam milenares amarras
e complicações evitáveis. Aceitam responsabilidades, lutam por seus direitos.
Muitas passaram a ter consciência do seu valor, do seu poder.
Descobriram o gosto bom de ser independente.
O de poder fazer escolhas de acordo com o que gostam, sentem e pensam.
Aos poucos vão apreendendo o que querem. Descartam o resto.
Não, não. Elas não deixaram de ser vaidosas e românticas, nem de se apaixonar,
de se dedicar integralmente quando se identificam com alguém, com alguma causa.
Continuam - muitas delas - a querer um amor, um filho, uma filha.
São lobas a defender a sua cria. Fadas a mimá-la. Santas a suportar desassossegos.
Mestres a ensinar o que sabem. Sôfregas e atentas alunas quando decidem aprender.
As mulheres merecem muito mais que um dia na fatia do tempo.
Merecem respeito, carinho, alegria. E reconhecimento.
Afinal ela já sofreu "A solidão da mulher bem casada",
já cansou do papel de "A mulher do professor", "A mulher do Silva", "A mulher ferida".
Quer mesmo é ser "A mulher emergente", "A mulher madura".
E fazer parte de "A ciranda das mulheres sábias". Aquela que sabe e faz o que quer.

(Colaboração da escritora Rizolete)



(Carlos Drummond de Andrade)


Amar o perdido
Deixa confundido
Este coração


Nada pode o ouvido
Contra o sem sentido
Apelo do não


As coisas tangíveis
Tornam-se insensíveis
À palma da mão


Mas as coisa findas
Muito mais que lindas
Estas ficarão

(Colaboração do primo Sérgio Guedes)


TRISTE CANTIGA
(Ciro José Tavares)

Ave solitária enfeitiçada por Selene. Eu pedi que viesses adejar ao meu redor, entregar-se a mim, integrar meu corpo para juntos voarmos cantando o amor acobertados por esse límpido e infinito azul.


No entanto, preferiste a simplicidade da esquálida gaiola,
o olhar triste do passarinheiro, o cenário sem luz da casa humilde.
Eu queria te vestir de nuvens, fazer do vento cordas
de harpas para acompanhar tuas cantigas.


Tenho pena de ti ave, enclausurada na pequena jaula de madeira, suspensa no caibro tosco da morada, onde noite e dia são iguais,
a solidão é sempre e nada saberás de amor.

AGORA VAMOS DAR UM MERGULHO NO TEMPO......


No tempo da minha infância
(Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal


Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria


A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade


Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração

Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido


Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir


Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança


No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado


Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria


Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira


Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado


Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia

Rasgando as pontas dos dedos


Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras


Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão


Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua

Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó

Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé


Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar


Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão


Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia


O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço


E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira

E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira


Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar


Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava

Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade


Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança


A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...

(Colaboração da amiga Maria Bandeira)

A MINHA IRMÃ LÊDA GOMES TROUXE REMINISCÊNCIAS DA VELHA CASA DE MAMÃE, ONDE ELA E ELZA DECLAMAVAM PARA TODOS OS DA FAMÍLIA NAS OCASIÕES FESTIVAS, SEMPRE CERCADAS DE EMOÇÕES E ALEGRIA. LÊDA CONSEGUIU RELEMBRAR DOIS POEMAS QUE ERAM MARCANTES NAQUELAS OCASIÕES:

"DESTINO"
(Jose Heroncio de Melo)

Depois de terrivel e sanagrenta batalha, a Cruz Vermelha, recomeça a luta...conduzindo os feridos para outra disputa - da vida contra a morte.


Médicos e enfermeiros, cérebo e coração, unidos trabalhando sem medir sacrifício, pela Pátria lutando.


O hospital de sangue está repleto de heróis mutilados, que se contorcem em seu leito de dor...


Entre eles, o rosto envolto em gaze, quase irreconhecível, um mísero soldado implora um favor por piedade.


E uma samaritana, ouvindo sua queixa, procura amenizar-lhe o sofrimento: "Que pretendes soldado?"
sentimento, às vezes, valem muito e operam sumamente o milagre da cura.E o pobre moribundo, mal podendo falar, disse num tom de profunda tristeza: " sinto que vou morrer sem conseguir rever minha filha adorada, que deixei ao partir para a guerra, sozinha, abandonada. Eu queria, se possível fosse, que ela soubesse que perdeu para sempre o seu pai."


"Não te aflijas assim", disse a samaritana, "teu pedido eu farei e tua filha ficará decerto conformada... em saber que seu pai foi um bravo soldado, que perdeu sua vida em defesa da Pátria.


Sabes? meu pai era soldado assim como tu és, e partiu a dez anos passados, deixando-me também nas mesmas condições...enfim, como te chamas? Tua filha onde mora? "


E o pobre moribundo, com um esforço profundo, conseguiu dizer lentamente seu nome.


E a enfermeira, numa dupla emoção, de alegria e pesar, beija-lhe a fronte ensanguentada e diz baixinho, bem junto ao coração: "Soldado, não maldigas da sorte! Um guerreiro jamais se curvou ante a morte, teu sofrimento agora, é semelhante ao meu: ... “Soldado, glória da minha Pátria, podes morrer tranquilo –a tua filha, sou eu.


"O P A L H A Ç O"
(Henri Haine)

Eu venho consultá-lo; é uma enfermidade que me punge, doutor, e me crucia, roubando-me, sem tréguas implacáveis, o sossego do espírito, a alegria.


Eu tenho um coração que não palpita, cabeça que não pensa, e só divaga....
Um tédio negro me envenena os dias, tédio que mata, tédio que assassina;


O médico, medita em face do cliente -tem razão! O senhor está muito doente.... e essa doença atroz que o devora é conhecida,é comum nestes tempos de agora...


Uma grande emoção, um grande Diga-me: Nunca amou? ...Nunca sentiu o fogo das paixões que agitam, como se agitam e crescem as vagas no alto mar?...que os ares escurecem um clamor que se acalma e recomeça logo?...é preciso mover-se e aturdir-se, meu caro, ir em busca de um prazer...mas de um prazer bem raro!



Já foi à GRECIA, ao ORIENTE, à TERRA SANTA?... Lá onde tudo fala e tudo canta...um passado remoto e mortas tradições... que amesquinham, entretanto, as novas gerações?...


Gastei a mocidade, senhor, em híbridos prazeres, viajei como um judeu errante da lenda secular e voltei como partí; o mal é sem remédio, doutor, cura-se tudo, mas não se cura o tédio.


Talvez a arlequinada do palhaço, acorde a verdadeira alegria que lhe falta - A BOA GARGALHADA!!!


Vejo, meu doutor, que o meu mal é incurável, aquele palhaço inimitável, que as multidões não cessam de aplaudir no COLISEU.... tem um riso postiço ...um riso aparvalhado ... um riso desgraçado!! HAH HAH HAH HAH.....O P A L H A Ç O, SOU EU!!










Nenhum comentário:

Postar um comentário