segunda-feira, 4 de julho de 2011
Explicações que faltam
QUE VENHA A COPA E COM ELA
AS EXPLICAÇÕES QUE FALTAM
Albimar Furtado
Novo Jornal, 1º de julho de 2011
A PARTICIPAÇÃO DE Natal como uma das
sedes da Copa do Mundo de 2014 tem
rendido muitos comentários, opiniões,
artigos, discursos pessimistas e otimistas.
Entre os prós, o argumento mais eloqüente
é o de que a cidade receberá um
grande legado, que passado o evento a
capital não será mais a mesma pelo tanto
de investimento que receberá, em especial
nos projetos destinados à mobilidade
urbana. Pode ser. Mas muita coisa
ainda precisa de uma boa explicação, até
mesmo para deixar de ser mistério distante
das pessoas às quais serão destinados
os benefícios anunciados e louvados.
Há uma discussão, certamente a
maior delas, mesmo já vencida. É a derrubada
do Machadão. Virá um estádio
novo e é bom que chegue, que seja um
novo equipamento para servir à cidade e
ao cidadão. Mas o que a população não
entendeu ainda é porque para construilo
se exige a derrubada do outro. Quer dizer,
dinheiro gasto, e muito, para destruir
um e mais investimento para construir o
outro. América, Alecrim e os demais times
de futebol do Estado terão dinheiro
para bancar seus jogos na futura arena?
No Machadão, tinham. E por que não
construir o novo em outra área, abrindo
alternativas de tráfego, arejando a cidade,
criando um novo polo urbano? Simplesmente
porque a Fifa disse que deveria ser
ali e, obedientes, aceitamos? Se aquele lugar
é imprescindível , que sejam dadas as
razões, se existirem.
Isso não fi cou bem explicado e sem a
justifi cativa convincente, vem a reação.
Não é só a derrubada de um bem público
que se questiona, mas também o custo
que isso signifi ca. Não se é contra a construção
de um novo monumento, mas a
solução única apontada: um tem que
morrer para nascer o outro.
E os tais projetos de mobilidade urbana
como serão, como estão? Evidente que
os carros, ônibus, caminhões terão seus
espaços garantidos e planejados. Existirão
áreas para as ciclovias? Esta é uma preocupação
mundial e em se tratando de Brasil
nós já somos um dos cinco maiores
produtores de bicicletas. Já é grande o contingente
de pessoas que usam esse meio
de transporte para ir ao trabalho e escolas,
apesar da pouca preocupação em destinar
a ele o espaço devido. O momento é oportuno,
se investimentos vão existir, para se
trocar as brincadeiras de fi nais de semana
em vias feitas para carros, por ciclovias.
Em nosso trânsito, hoje, usar bicicletas é
correr risco de morte.
Movimentos de defensores desses
projetos já existem, mas ainda são tímidos.
Prefeitos anunciaram projetos mas
deles nunca passaram das intenções. Nas
campanhas eleitorais o assunto sempre
aparece, mas têm a data para sair dos
discursos: o dia da eleição. O tema Copa
do Mundo pode trazer a questão de volta.
E nessa levada que também venham
as explicações, que são muitas e que, da
mesma forma que se quer para as licitações
do mesmo evento, ainda permanecem
em segredo. Pelo menos para nós,
que estamos na planície.
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