sábado, 31 de dezembro de 2011

 
31-12-2011
MAIS UM ANO QUE PASSOU EM NOSSAS VIDAS


Hoje termina 2011, um ano que teve o registro de vários acontecimentos catastróficos na natureza numa mostra de que os homens não evoluíram na conservação do meio ambiente ou na construção de obras preventivas desses eventos esperados.

A economia mundial sofreu revezes, mostrando o despreparo dos administradores, na maioria dos países, para suportarem essas crises, daí a “quebra” de Estados que eram contabilizados como grandes potências econômicas.

Foi o ano de muita mudanças políticas, com a queda e morte de alguns ditadores sanguinários, restituindo aos povos um fio de esperança em dias melhores para os seus cidadãos.

O Brasil teve resultados surpreendentes de um lado, no campo federal, mudando o rumo político plantado por um governo populista e já com atitudes voltadas para o absolutismo, mas por outro se envolveu em crise moral de grandes proporções. A corrupção aflorou de maneira assustadora, com inúmeras intervenções da Polícia Federal e Ministério Público através de várias Operações, envolvendo grande quantidade de políticos, em sua maioria, mas também de servidores públicos de categoria e até das organizações privadas que conduzem a produção de riquezas.

O Poder Judiciário teve um ano negativo, com denúncias contra magistrados, manutenção de privilégios, falta de sensibilidade em determinadas decisões, fazendo com que o povo, de uma maneira nem sempre justa, o enquadrasse no mesmo nível dos costumeiros excessos de outros Poderes.

Em nosso Estado e em vários municípios, com destaque para Natal, os resultados administrativos foram decepcionantes, caracterizados pela falta de ações, ausência de políticas públicas consistentes e com um desapego revoltante às prioridades.

Muita conversa fiada e muito engodo, fizeram prosperar o projeto da construção da Arena das Dunas, com a demolição antecipada do complexo esportivo do Machadão e a ameaça de leilão de outros bens do patrimônio público, em detrimento da necessidade gritante de obras de estrutura, recuperação dos serviços de educação, segurança e saúde pública, gerando greves e outros embates na cobrança da sociedade civil organizada. A mobilidade urbana não saiu do papel, mas está na fala ufanista da Prefeita de Natal, detentora do pior índice de aprovação das últimas décadas, com a ameaça de voltar a disputar o cargo.

O pior de tudo é a indiscutível “briga” pelo poder político, com acusações mútuas dos antigos correligionários visando a disputa do poder, mentores de todas as ações deletérias registradas no ano e agindo com a arrogância de donos do mundo. O povo não é consultado em nada e eles deitam e rolam, até para a escolha do nome do futuro aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, onde querem se apropriar do direito de indicações de nomes políticos, sem a preocupação com a história. É uma terra de “deuses”, de tribos que só têm caciques e faltam índios.

Chegamos ao último dia do ano com o mesmo “besteirol” dos videntes, alguns encomendados para a premonição dos futuros vencedores dos cargos políticos em disputa.

E o povo, coitado, acreditando nas mesmas “simpatias” dos anos precedentes, com muita roupa branca representando uma pretensa “pureza” que não existe, esquecendo de pagar seus compromissos, intelectuais em confronto de vaidades, muita bebida, muito carnaval, muita queima de fogos à custa do depauperado erário público e até amanhã – dia internacional da ressaca, da ilusão. No outro dia voltaremos ao sacrifício e à convivência com novas “operações isso ou aquilo” e as punições sempre em atraso.

MEU DEUS, AJUDA A ESSES POVOS SOFREDORES colocando cada coisa no seu devido lugar.TENDE PIEDADE DE NÓS!

Vamos trabalhar duro para mudar o rumo das coisas. É isso o que eu espero para 2012.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A República exige o respeito ao devido processo legal
Carlos Roberto de Miranda Gomes é escritor e advogado

No contexto constitucional brasileiro, o Título IV da sua Carta Política cuida da Organização dos Poderes da República, definindo-os como Legislativo, Executivo e Judiciário. Cada um com a sua estruturação específica.
O Judiciário, por sua vez, está regulamentado a partir do Capítulo III e os seus integrantes gozam das garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio (art. 95 e incisos).
Apesar de tão acalentadora situação, ao longo do exercício da judicatura, alguns magistrados apresentam comportamento incompatível com a importância da sua investidura e praticam atos de improbidade, com uma repercussão intensa no seio dos jurisdicionados, que vêem na Justiça a esperança final na solução dos seus conflitos.
Pois bem, quando tal acontece, o julgamento é feito, também, de forma singular pelo próprio Judiciário, atuando em tais casos, com um certo espírito de corpo que blinda a punibilidade de maneira a se notar que os mesmos não são tão mortais quanto os demais cidadãos.
Essa prática fez nascer um novo órgão –o Conselho Nacional de Justiça(CNJ), cuja atuação, desde a sua criação, ganhou a confiança dos jurisdicionados e a certeza de não persistir a tão combatida impunibilidade no País.
Recentemente, em sede de liminar requerida por entidades representativas dos Magistrados, o Ministro Marco Aurélio de Melo sustou algumas atribuições do CNJ, o que vem gerando celeuma desmedida na sociedade, com protestos e até acusações exacerbadas, que diminuem a credibilidade no Poder Judiciário.
Em princípio, sou favorável à manutenção das garantias ofertadas aos integrantes do Poder Judiciário em razão da importância da sua missão e que o julgamento dos mesmos deva merecer uma instância especial sem, contudo, chegar à situação da intocabilidade dos seus membros.
Estamos diante de um dos momentos mais significativos da história democrática do Brasil e para tanto é necessário uma precisa compreensão do problema para não quebrar a fé que devemos ter nos homens que cuidam da Justiça. Não é justo proclamar que o Judiciário é corrupto em razão da conduta de alguns dos seus integrantes. Vamos manter a credibilidade na Justiça, pois sem ela estaremos restaurando o julgamento privado, com as próprias mãos, sem pesos nem medidas, retornando ao tempo de Talião.
Em razão desse sentimento, aplaudo e apoio o gesto da OAB na sua nota oficial, em seguida transcrita:

“A diretoria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, diante da polêmica envolvendo associações de magistrados e a Corregedora do Conselho Nacional de Justiça, vem se manifestar nos termos seguintes:
O Conselho Nacional de Justiça é uma instituição republicana, instituída pela Constituição Federal, cuja existência tem contribuído para o aperfeiçoamento do Judiciário brasileiro.
A Constituição Federal, ao instituir o CNJ, atribuiu ao órgão competência plena para o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes (parágrafo 4o, art. 103-B) sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais (inciso III, parágrado 4º., art. 103). Portanto, o CNJ não é mera instância recursal às decisões das corregedorias regionais de Justiça sendo clara a sua competência concorrente com a dos Tribunais para apuração de infrações disciplinares.
A polêmica envolvendo setores da magistratura e a corregedoria do CNJ não pode servir para desviar o foco da questão central, que é a necessidade de prevalência das competências constitucionais do CNJ, as quais tem sido determinantes para conferir maior transparência ao Poder Judiciário.
A República é o regime das responsabilidades. Os excessos e desvios praticados deverão ser apurados respeitando o devido processo legal. Nenhuma autoridade está imune à verificação da correção de seus atos, dai porque é fundamental que para além de preservar a competência concorrente do CNJ para apurar desvios éticos, em respeito ao cidadão brasileiro, sejam apurados todos e quaisquer recebimentos de valores por parte de Magistrados, explicando-se à sociedade de onde provêm e a razão por que foram pagos.
A OAB Nacional espera e confia que os setores envolvidos nesta polêmica afastem as paixões corporativas, limitem o debate às questões institucionais e se unam no sentido de fortalecer a Justiça Brasileira, sendo o CNJ essencial para a construção de uma magistratura respeitada, ética e independente como pilar de um Estado de Direito digno deste nome.

Ophir Cavalcante
Presidente Nacional da OAB”
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Postado por Sávio Hackradt (29.12.2011)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Postado por Sávio Hackradt em 29.12.2011

João Ururahy: Um Homem de Bem
Foto Tribuna do Norte

1929 – 2011
QUEM FOI JOÃO URURAHY NUNES DO NASCIMENTO
Jornalista, publicitário, gestor público, teve atuação marcante nos meios de comunicação do Rio Grande do Norte e na política do estado.
Fundou a primeira agência de publicidade genuinamente potiguar, a Expo Comunicação. Trabalhou e dirigiu importantes veículos de comunicação no estado.
Na vida pública, exerceu relevantes funções nos governos de Silvio Pedroza, Aluízio Alves e Geraldo Melo. No governo Silvio Pedroza foi auxiliar no gabinete do governador; no governo Aluízio Alves foi diretor do Departamento Estadual de Imprensa; e no governo Geraldo Melo foi Chefe da Casa Civil.
Ético, solidário, homem de princípios, João Ururahy, era discreto e profundo conhecedor da vida política potiguar.
João Ururahy, a “Pérola Negra”, - morreu aos 82 anos no dia 28/12/201, na Policlínica de Natal. - deixa uma legião de amigos e admiradores pelo seu exemplo de caráter, retidão, solidariedade.
Saudades do velho e querido amigo João Ururahy, um homem de bem e do bem.

AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE

Taí um assunto que tem ocupado as manchetes dos jornais da terrinha, com inúmeras sugestões - desde Luís da Câmara Cascudo, nosso Mestre Maior, até nomes triviais.
Creio que todas as pessoas, pelos seus méritos decorrentes da notoriedade que tenham dado ao Estado, podem merecer essa homenagem. Contudo, é indispensável retirar da escolha a vontade apenas da classe política, pois cada um deve receber comendas e honrarias nas atividades específicas em que viveu e contribuiu.
Sugestões têm sido dadas, como Aluízio Alves, Dinarte Mariz, Augusto Severo, Juvenal Lamartine, Auta de souza, Nísia Floresta, Maria Boa e muitas outras. (nomes ventilados em reportagens e em e-mail,s em circulação).
Retruco eu, por que não fazer uma consulta popular - seria bem mais democrático e se faria efetivamenjte justiça.
Desde logo apresento duas sugestões: AEROPORTO INTERNACIONAL DOS POTIGUARES, como já ventilaram Odúlio Botelho e Ormuz Simonetti; ou AEROPORTO INTERNACIONAL DOS REIS MAGOS.
Homenagens a políticos caem no vazio com o passar do tempo, porque eles têm história viva apenas na contemporaneidade. Melhor será um fato de raiz, permanente na história do Estado e do Brasil.
Vamos levar o tema para uma solução séria.
É uma simples sugestão, alheia a privilegiar facções ou partidos, mas apenas voltada para a sensatez.
Os que pensarem em contrário, por favor, não me critiquem pelo exercício de um direito de cidadania.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011


Um vazio nas lembranças de minha geração.
Chita, a chimpanzé que atuou em 'Tarzan', morreu aos 80 anos em 24 de dezembro
Foto: AP
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CHORO POR VOCÊ

Choro por você que não conheceu, em Natal, os cinemas Rex e São Luiz, ambos hoje apagados da memória da cidade. Você que não participou das tardes alegres nem assistiu aos filmes de Tarzan, com johnny Weissmuller. Você que não nos acompanhou à Sorveteria Cruzeiro,não provou da cartola do Botijinha, do mineiro assado e do maltado do Dia e Noite. Que não conversou nas noites dos domingos na esquina da Avenida Deodoro com a Rua João Pessoa, quando moças bonitas passeavam embriagando de sonhos nossos olhares, tempo da Praça Pio X que se encantou na nova Catedral.Que não pode imaginar os momentos fantásticos do cinema Rio Grande e nem sabe quem foi o pequeno Manoel dos pirulitos,ali na porta, sustentando pesado tabuleiro, com balas, goma de mascar e chocolates. Hoje o jornal informou que chita, a chimpanzé de Tarzan morreu, aos 80 anos, na véspera do Natal. Deve ter escutado o grito do herói atravessando o espaço e e foi juntar-se a ele. Vivi essa época e vivi intensamente. E por chorar com saudades do animal acabo chorando por você.
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Colaboração do meu leitor Ciro Tavares - Brasília,DF

Meu comentário:
Tempos inesquecíveis. Johnny Weissmuller (Tarzan), Maureen O´Sullivan(Jane), John Shefield (Boy-não está na foto) e a inigualável CHITA. SAUDADE.

Um abraço de Carlos Gomes (ex-Tarzan)

LIÇÃO DE SABEDORIA

Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem.


Ela lhe disse:

"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.
E digo prá você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha.
Eu não digo.
Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco..
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer
as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.
Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos.
Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades,
mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser.
Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha
própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto,
pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar,
ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida,
que o mais importante é o decidir.".
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Colaboração da leitora Maria Bandeira de Melo


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

JUDICIÁRIO NA ENCRUZILHADA

O dia - terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Alvaro Quintão-Presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro Rio -

O Judiciário brasileiro está em uma encruzilhada moral: a magistratura irá apoiar a democratização e transparência do setor, como vem ocorrendo em praticamente todos os segmentos da sociedade, incluindo aí o Legislativo e Executivo? Ou o Judiciário vai estacionar no tempo, até mesmo retroceder socialmente? Infelizmente, parece que a segunda opção, nos últimos dias, vem tomando mais vulto.

Isto é comprovado pelas ultimas atitudes do Supremo Tribunal Federal (STF): o ministro Marco Aurélio Mello concedeu liminar, pedida pela Associação de Magistrados Brasileiros (AMB), impedindo o Conselho Nacional de Justiça, o CNJ, de investigar juízes suspeitos de praticarem irregularidades; em seguida, o ministro Ricardo Lewandowski, concedeu liminar, também pedida pela AMB, suspendendo ato da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, que quebrou o sigilo bancário e declarações de Imposto de Renda de magistrados, servidores e familiares, em vários tribunais do país, suspeitos de graves crimes.

Ou seja, o STF praticamente cassou a condição do CNJ de exercer sua principal função: a de fiscalizar o Judiciário, a de exercer o controle externo do Judiciário brasileiro, uma reivindicação da sociedade que vem de décadas.

É verdade que estas liminares serão julgadas no começo de 2012 e podem ser derrubadas pelo plenário do STF. Mas a maioria dos ministros do Supremo vem quase diariamente se colocando contra as ações do CNJ. Dessa forma, há um temor de que seja mantida esta verdadeira cassação dos poderes do CNJ, causando um retrocesso na democracia brasileira.

A frase já famosa da ministra Eliana Calmon, de que existem “bandidos de togas”, não pode ser encarada pelo Judiciário como uma declaração de guerra. Deve ser encarada como um chamado à razão. Ou por acaso o Judiciário está isento da corrupção e outros crimes praticados por seus pares? Melhor faria que o próprio Judiciário apoiasse a transparência em seu seio. Um retrocesso tramado pela própria magistratura seria muito ruim, um desastre mesmo à nossa incipiente democracia, que tanto o povo lutou para conquistar — e vem lutando para manter.

Feliz ano novo, Natal


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do INRG e do IHGRN


Natal, sei que sua vida, desde o seu nascimento, não foi fácil. Depois da instalação do Forte, foram necessárias muitas negociações com os nativos da terra para que você pudesse vir ao mundo. E, mesmo depois do seu nascimento, seu desenvolvimento foi difícil, pois os habitantes do Rio Grande preferiam viver nas circunvizinhanças, criando seus gados, plantando e pescando do que morar com você.

Não sei o que os holandeses vieram fazer aqui. Talvez tenham vindo para cá por conta da vulnerabilidade da costa do Rio Grande e pela sua Fortaleza. Não melhoraram em nada a sua vida. Nada de novo aconteceu por aqui. Os oficiais e soldados da Companhia viviam, fora a própria Fortaleza, mais nas redondezas do que aqui. Sem nenhum apreço por você, os mercenários da Companhia Ocidental das Índias começaram uma nova cidade, lá para as bandas de Jundiaí.

Até o mercenário-mor quando teve por aqui com seu pintor a tiracolo, só levou o registro da Fortaleza, e nada mais sobre você. Foram-se, deixando você pior do que a conheceram.

Nova esperança surgiu com o repovoamento do nosso Rio Grande. Mas a guerra contra os nativos da terra, que durou muitos anos, não fez você prosperar.

Mesmo cessando a guerra bárbara, nada melhorou. A submissão às capitanias de Pernambuco e Paraíba fez de você uma filha abandonada a sua própria sorte. Caetano Sanches, quando veio assumir a Capitania, a encontrou em estado miserável. Koster e Tollenare não fizeram boas referências sobre você. As revoluções de 17, 30 e 35, não duraram o suficiente para provocar mudanças radicais na sua vida.

Na segunda guerra mundial, você foi mais uma vez usada e abusada, e só serviu de trampolim para as forças aliadas.

Depois de tudo isso, sua vida foi melhorando aos poucos. Sua geografia e suas belezas naturais contribuíram para a sua sobrevivência. Os parcos recursos gerados nas suas terras não permitiram desenvolvimento mais rápido. A falta de criatividade e as brigas intestinas não contribuíram para que você tivesse uma vida mais fácil.

As vésperas de um novo ano lastimo o estado em que você se encontra. O povo acreditou, ilusoriamente, talvez por erros de associação de idéias, que o verde era esperança. Do milhão de árvores prometidas para você respirar melhor, quantas foram plantadas? E seus canteiros por que estão amarelados e sujos? Por que as pedras, que fazem o meio-fio, estão fora do lugar, e de vez em quando são pintadas, mesmo assim? Natal, não se pode falar em melhoria da saúde e da educação, com tanto lixo, metralhas e galhos secos, espalhados por aí.

Natal, diga para seus vereadores que você gostaria de ficar mais bonita, e que lixo e buraco não são apenas detalhes. Peça a eles, vereadores, que estudem os códigos de postura do passado, de vários municípios do Rio Grande do Norte. Por que não se elaboram regras mais rígidas sobre as calçadas? Por que tantos terrenos vazios espalhados pela cidade sem muros e sem calçadas? Por que surgiram mais cigarreiras sobre os canteiros e calçadas? Por que os carroceiros continuam levando sujeira dos mais sabidos para os terrenos dos mais tolos? Lembre aos seus vereadores que eles representa os seus moradores e, por isso, deveriam ser mais vigilantes e lhe proteger melhor.

Natal você está sendo tratada com maldade e com perversidade. E isso, também, é improbidade. Sei que é doloroso lembrar o esquecimento que tiveram de suas partes, como a Biblioteca, o Parque das Crianças, o Parque da Cidade, os Ginásios de Esporte, o Presépio, o Machadão, a própria Fortaleza, o Juvenal Lamartine, a Ribeira com sua revitalização e seus prédios mais antigos e sem preservação. Até suas praias estão abandonadas e começam a ser cuidadas pela iniciativa privada. Seus habitantes estão adormecidos e não reagem com veemência a tanto descaso.

Não se iluda Natal. As obras da copa de 2014 não vão melhorar sua vida. Talvez, pelo que se observa, nos próximos meses, você estará mais feia e mais suja.

Por tudo isso, paro o que faço para desejar a você, Natal, um Feliz Ano Novo. Que o ano de 2012 ilumine a cabeça dos seus filhos.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE

domingo, 25 de dezembro de 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

Foto: Canindé Soares

O Natal de antigamente: velho e sempre novo

Leonardo Boff

Teólogo/ Filósofo

Venho de lá de trás, dos anos 40 do século passado, num tempo em que Papai Noel ainda não havia chegado de trenó. Nas nossas colônias italianas, alemães e polonesas, desbravadoras da região de Concórdia-SC, conhecida por ser a sede da Sadia e da Seara com seus excelentes produtos de carne, só se conhecia o Menino Jesus.
Eram tempos de fé ingênua e profunda que informava todos os detalhes da vida. Para nós crianças, o Natal era culminância do ano, preparado e ansiado. Finalmente vinha o Menino Jesus com sua mulinha (musseta em italino) para nos trazer presentes.
A região era de pinheirais a perder de vista e era fácil encontrar um belo pinheirinho. Este era enfeitado com os materiais rudimentares daquela região ainda em construção. Utilizavam-se papel colorido, celofã e pinturas que nós mesmos fazíamos na escola. A mãe fazia pão de mel com distintas figuras, humanas e de bichinhos, que eram dependuradas nos galhos do pinheirinho. No topo havia sempre uma estrela grande revestida de papéis vermelhos.
Em baixo, ao redor do pinheirinho, montávamos o presépio, feito de recortes de papel que vinham numa revista que meu pai, mestre-escola, assinava. Ai estava o Bom José, Maria, toda devota, os reis magos, os pastores, as ovelhinhas, o boi e o asno, alguns cachorros, os Anjos cantores que dependurávamos nos galhos de baixo. E naturalmente, no centro, o Menino Jesus, que, vendo-o quase nu, imaginávamos, tiritando de frio, e nos enchíamos de compaixão.
Vivíamos o tempo glorioso do mito. O mito traduz melhor a verdade que a pura e simples descrição histórica. Como falar de um Deus que se fez criança, do mistério do ser humano, de sua salvação, do bem e do mal senão contando histórias, projetando mitos que nos revelam o sentido profundo do eventos? Os relatos do nascimento de Jesus contidos nos evangelhos, contem elementos históricos, mas para enfatizar seu significado religioso, vem revestidos de linguagem mitológica e simbólica. Para nós crianças tudo isso eram verdades que assumíamos com entusiasmo.
Mesmo antes de se introduzir o décimo terceiro salário, os professores ganhavam um provento extra de Natal. Meu pai gastava todo este dinheiro para comprar presentes aos 11 filhos. E eram presentes que vinham de longe e todos instrutivos: baralho com os nomes dos principais músicos, dos pintores célebres cujos nomes custávamos de pronunciar e riamos de suas barbas ou de seu nariz ou de qualquer outra singularidade. Um presente fez fortuna: uma caixa com materiais para construir uma casa ou um castelo. Nós, os mais velhos, começamos a participar da modernidade: ganhávamos um gipe ou um carrinho que se moviam dando corda, ou um roda que girando lançava faíscas e outros semelhantes.
Para não haver brigas de baixo de cada presente vinha o nome do filho e da filha. E depois, começavam as negociações e as trocas. A prova infalível de que o Menino Jesus de fato passou lá em casa era o desaparecimento dos feiches de grama fresca. Corríamos para verificá-lo. E de fato, a musetta havia comido tudo.
Hoje vivemos os tempos da razão e da desmitologização. Mas isso vale somente para nós adultos. As crianças, mesmo com o Papa Noel e não mais com o Menino Jesus, vivem o mundo encantando do sonho. O bom velhinho traz presentes e dá bons conselhos. Como tenho barba branca, não há criança que passe por mim que não me chame de Papai Noel. Explico-lhes que sou apenas o irmão do Papai Noel que vem para observar se as crianças fazem tudo direitinho.
Depois conto tudo ao Papai Noel para ganharem um bom presente. Mesmo assim muitos duvidam. Se aproximam, apalpam minha barba e dizem: de fato o Sr. é o Papa Noel mesmo. Sou uma pessoa como qualquer outra, mas o mito me faz ser Papai Noel de verdade.
Se nós adultos, filhos da crítica e desmitologização, não conseguimos mais nos encantar, permitamos que nossos filhos e filhas se encantem e gozem o reino mágico da fantasia. Sua existência será repleta se sentido e de alegria.
O que queremos mais para o Natal senão esses dons preciosos que Jesus quis também trazer a este mundo?
_______________
Leonardo Boff é autor de O Sol da Esperança: Natal, histórias, poesias e símbolos, Editora Mar de Idéias, Rio de Janeiro 2007.

CONTAGEM REGRESSIVA PARA O NATAL 2011-1

O Menino nasceu – comemoração.

O Menino sofreu – reflexão.
O Menino salvou a Humanidade – gratidão.
O Menino é nosso Deus, é nossa luz, é verdade e é vida. Louvemos!



Estimados Amigos,
Que todos tenham um Natal Feliz e um Ano Novo repleto de saúde, paz e sucesso.


Carlos Roberto de Miranda Gomes e Família

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

CONTAGEM REGRESSIVA PARA O NATAL 2011-2
A porta larga da investidura está sem trinco?
Carlos Roberto de Miranda Gomes*

Pelo noticiário dos dias presentes, em que a corrupção ganhou lugar de destaque, nos deixa a dúvida se o concurso público, de que cuida o art. 37, inciso II, da nossa Carta Magna, ainda representa a porta larga da investidura no serviço público.
Tal indagação decorre dos vários concursos anulados em todo o Brasil motivados pela inobservância de requisitos da lei e para cargos elevados dos três poderes, mercê da missão constitucional exercida com coragem e eficiência pelo Ministério Público.
Espera-se que suas atribuições não sejam reduzidas ou interpretadas nessa direção, como recentemente aconteceu com o Conselho Nacional de Justiça.
No pobre Rio Grande do Norte o tema já tomou proporções alarmantes, pois mais recentemente, cerca de dois concursos foram recomendados para suspensão, em decorrência de falta de idoneidade da empresa para conduzir concursos, no caso, a CONCSEL, que já responde 21 processos em decorrência da descoberta de vícios graves, notadamente face a um esquema criminoso com a venda de gabaritos e provas e alteração dos respectivos resultados, garantindo, assim, vagas a pessoas mal intencionadas.
A descoberta decorre da “Operação QI” deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, atitude que só merece aplauso.
Ah mundo velho aberto sem porteira, como dizia Pedro Raimundo, um popular acordeonista gaúcho de antigamente, pois o tempo não conseguiu corrigir as mazelas que datam de séculos passados.
A propósito, vendo o filme sobre a vida e a obra de Joahann Sebastian Bach, que viveu em Köthen entre 1685 a 1750, temos o exemplo do então Mestre da Capela da Corte de Leipzig, que resolve participar de um concurso para organista de São Jakobi, em Hamburgo, cujo desempenho ganhou a crítica favorável de todos os assistentes, inclusive do Alto Conselho da Igreja. Contudo, foi procurado, em nome deste para advertir que era costume somente proclamar o vencedor se este se dispusesse a pagar a importância de 4.000 marcos para os cofres da Igreja. Como recusou a cobrança, dias depois recebeu carta do Pastor Principal Neumeister comunicando que o novo organista em São Jakobi seria o Sr. Heidmann, que resgatou o cargo com o pagamento exigido.
Bach voltou ao seu lugar de origem, na condição de Mestre-capela da Corte até o fim dos seus dias.
Assim era no século dezoito, assim continua sendo no século vinte e um. E a porta larga da investidura para os cargos públicos está sem trinco?
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*Carlos Roberto de Miranda Gomes é escritor e advogado
Postado por Sávio Hackradt

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


OBRIGADO SENHOR

Não bastasse terminar o ano com saúde e paz familiar, recebemos a dádiva de um neto ingressar no Curso de Direito (Lucas Antônio) e hoje, outra notícia radiosa, a aprovação para o Curso de Medicina da querida Renata Bezerra de Melo Onofre, filha dos nossos filhos de coração - Médicos Eduardo Jorge e Antonilda Onofre.
Rogamos, com toda a nossa fé, que os poderes do Divino Deus e do Seu filho O Redentor, ainda nos darão no findar do ano a Graça Maior do restabelecimento da saúde do nosso querido Thiago, com quem, no ano passado, comemoramos a sua vitória no vestibular de Direito da UFRN. 
Graças Vos damos por fazerem concretos os sonhos dos pais e avós, proporcionando a continuidade da vida, com os anseios por dias melhores.
PARABÉNS aos dois pela vitória atual, prenúncio de muitas outras que ainda virão e a ESPERANÇA de Boas Novas no raiar do Ano Novo para alegrar os corações já cansados de Carlos Gomes e Therezinha

EM SINGELA SOLENIDADE NO PALÁCIO DA CULTURA, FOI LANÇADA ONTEM, SOB A COORDENAÇÃO DA SECRETÁRIA ISAURA ROSADO E PRESENÇA  DO PRESIDENTE DO IHG/RN EM EXERCÍCIO, DR. JURANDYR NAVARRO, A REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN, ORGANIZADA POR ENÉLIO LIMA PETROVICH, EDITADO PELA GRÁFICA MANIBU DA FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO.

A REVISTA É UMA EDIÇÃO COMEMORATIVA DO CENTENÁRIO DO INSTITUTO (1902 A 2002).
A OBRA É TAMBÉM UMA HOMENAGEM AO PRESIDENTE ENÉLIO LIMA PETROVICH, QUE SE ACHA HOSPITALIZADO.
CONTAGEM REGRESSIVA PARA O NATAL 2011-3

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011



CONTAGEM REGRESSIVA PARA O NATAL 2011-4

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CONTAGEM REGRESSIVA PARA O NATAL 2011-5

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

DO FATO AO ATO
PARA ENTENDER O CASO

Isensibilidade estúpida da FJA com Deífilo Gurgel
Por Sergio Villar

A insensibilidade da Fundação Zé Gugu para com a figura de Deífilo
Gurgel beirou a sacanagem. E medi bem o peso da palavra antes de
escrevê-la. Se não é uma sacanagem completa e embrulhada pra presente,
é porque a Fundação ainda patrocinou o livro do Romanceiro Potiguar,
do mestre. Mas vejam: uma pesquisa de décadas; a mais aprofundada no
assunto no Brasil e, quiçá, no mundo. Um trabalho difícil e extenuante
para um idoso de 85 anos já com dificuldades até de terminar a
dedicatória da obra, que o próprio Deífilo reporta como a mais
importante de sua trajetória.
Este livro, senhores, seria lançado com pompa e merecimento. A ideia
seria fechar, por poucas horas, a rua onde Deífilo mora, ali em Tirol.
Rua de pouco movimento. Isso para apresentação de brincantes, do
Fandango e Chegança de Canguaretama, de grupos de São Gonçalo e da
presença das filhas e netas de Dona Militana. Seria um verdadeiro
sonho para o mestre assistir da calçada de sua casa tudo isso. Muito
mais do que um lançamento, seria uma homenagem merecidíssima. Talvez a
mais bonita recebida por ele.
Mas eis que a insensibilidade estúpida aterrissa pela FJA. E colocaram
a solenidade de lançamento do livro de Deífilo junto ao lançamento da
Revista Preá, da mostra de fotografia do Agosto da Alegria e do
lançamento de um livro do Instituto Histórico e Geográfico. Tudo
junto, na Pinacoteca, próximo dia 21. Boa sorte a quem for. Tal qual o
próprio Deífilo, eu não vou. Não compactuo com esse tipo de
despretígio. Soube que Deífilo está mergulhado em decepção e disse
sequer ter força para qualquer reação ao que fizeram com ele.
(in DN-Muito,17.12.2011)

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Assessoria de Comunicação da Secultrn/FJA sente-se na obrigação de repudiar veementemente o texto assinado pelo jornalista e blogueiro Sérgio Vilar, publicado em seu blog “Diário do Tempo” no dia 16, às 18h18, e intitulado “Isensibilidade [sic] estúpida da FJA com Deífilo Gurgel”. (E replicado em outros sítios eletrônicos).
Na intenção de supostamente defender a importância do folclorista no cenário das artes e cultura popular, o jornalista ataca desrespeitosamente uma instituição pública usando termos de baixo calão.
A defesa de uma figura intelectual e humana como Deífilo Gurgel é, obviamente, elogiável e inquestionável. Mas ao utilizar, como contrapartida para essa defesa, o ataque infundado, irresponsável e de baixo nível, o jornalista distorce a realidade dos fatos, falta com a verdade e atenta contra a dignidade do exercício profissional ao não apenas deixar de ouvir os dois lados da notícia, como também ao não ouvir nenhum deles, sem citar fontes, em texto pautado – pelo que se apreende de sua leitura – pelo “ouvi dizer” e pela polêmica gratuita.
O prejuízo final é sempre do leitor, a quem a Secultrn/FJA sente-se na obrigação de informar corretamente os fatos:
– Além de já ter apoiado outras obras do autor e antecipado a publicação de “Romanceiro Potiguar” – que aguardava, sem previsão, um convênio com o Senado Federal – patrocinando sua impressão, a ideia de lançar ainda este ano o livro com “pompa e merecimento” partiu da própria secretária extraordinária de Cultura Isaura Rosado, que foi à casa do Mestre Deífilo Gurgel levando a proposta.
– A ideia inicial era fazer uma grande festa e tornar o lançamento um acontecimento na cidade, com a alegria e as cores de brincantes, fandangos e cheganças desfilando diante da residência do mestre e homenageando devidamente o grande folclorista. Porém, essa ideia foi inviabilizada por motivos expressados pela própria família.
– Chegou-se a data do dia 21 de dezembro porque coincidiria com a chegada de uma filha dele à cidade, exigência da própria família.
– Novamente atendendo a pedido da família o lançamento do “Romanceiro Potiguar” fica adiado, até definição da próxima data pelos familiares.
– A Secultrn/FJA se dispõe a lançar a obra com toda a deferência e prestígio que Deífilo Gurgel sempre merece. Disposição que, aliás, sempre permeou o respeito, apoio e reconhecimento com o mestre.
A Secultrn/FJA encerra o assunto, desejando maior e melhor apuração dos fatos por parte de quem cobre jornalisticamente a Cultura do estado, e exige, da mesma forma de quem “não compactua com desprestígios”, não ser desprestigiada simplesmente por um raciocínio duvidoso através do qual toda e qualquer acusação aos órgãos públicos adquire automaticamente ares de verdade, ao mesmo tempo em que reforça sua total disponibilidade aos profissionais que buscam informações sobre o nosso trabalho diário.

Assessoria de Comunicação da Secultrn/FJA


NOTA DE REPÚDIO

A União Brasileira de Escritores – UBE/RN vem, através desta Nota, repudiar o comportamento ;antidemocrático da senhora Secretária de Cultura ISAURA ROSADO em relação ao Escritor Deífilo Gurgel, decano da entidade, merecedor de todas as homenagens.
Por sua vez, dois meses antes da realização do IV Encontro Potiguar de Escritores (de 24 a 26 de outubro passado), essa presidência, mediante ofício, solicitou uma audiência, para tratar de relevantes questões, bem como convidá-la para participar da mesa Propostas dos Gestores Públicos para a Cultura Potiguar. Não concedeu a audiência e nem compareceu ao debate (apesar do seu chefe de gabinete, senhor Nelson ter confirmado sua presença).
]No dia aprazado, após ligar para a FJA, fui informado que a mesma
estava viajando e que viria um funcionário tapa-buraco com a
finalidade de suprir a sua ausência).
A UBE que foi fundada em 14 de agosto de 1959, tendo inclusive entre os seus fundadores o seu tio Vingt-un Rosado, DÁ E EXIGE RESPEITO. O Escritor Deífilo Gurgel, a essa altura da vida, não merecia passar por mais um vexame.

Natal/RN, 18 de Dezembro de 2011
EDUARDO ANTONIO GOSSON
Presidente da UBE/RN

domingo, 18 de dezembro de 2011

Escolhi os DOMINGOS para neste blog registrar sempre uma página de poesia. Mas poesia não é só o verso metrificado, rimado, romântico ou tirânico que embelezam ou enfeiam a vida. Poesia é também expressar sentimentos maiores, verdadeiros e dignificantes. É dizer o sentir mais profundo da alma humana.
Pois bem, recebi um e-mail de um amigo - Wellington Leiros, da Academia Macaibense de Letras e me emocionei com o discurso de um jovem acadêmico de Direito, orador de uma turma concluinte da UFSC, Rodrigo Alcântara Zimmerman, que disse tudo aquilo que o meu desejo deveria dizer, mas minha oportunidade acadêmica já perdeu a chance. Que fique para a meditação dos novos bacharéis para ainda salvar este país da corrupção e da tirania. Considero a sua fala um poema em defesa do amor ao próximo e à verdade.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Isso será autoritarismo?
Carlos Roberto de Miranda Gomes*

Ainda no nascedouro, o Governo Rosalba Ciarlini tem tomado atitudes unilaterais que apontam para o que se chama de autoritarismo, que tem conceito no site “Infopedia”, como Derivando do absolutismo, o autoritarismo caracteriza-se pelo exercício do poder por uma só pessoa, que toma medidas sobre os súditos a seu bel-prazer e em exclusividade, caracterizando-se pelo arbítrio na prática desse mesmo poder.
Não se trata de acusação leviana, mas calcada em atos e gestos tomados no correr da administração, sem o resguardo do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, que todos os agentes políticos, por dever regimental, se obrigam a respeitar.
Começou por revogar a Instrução Interadministrativa nº 01/2001, editada pela Controladoria e Procuradoria Geral do Estado, a qual obrigava a publicação dos chamamentos para a licitação na modalidade convite, que somente trouxe benefícios para a economia do erário público. Os órgãos signatários, ou não foram ouvidos – o que é mais provável, ou se omitiram.
Outros fatos têm sido registrados pela imprensa e cobrados pelos administrados, como a falta de cumprimento de acordos e pagamentos de programas, como o do leite; a saúde pública tem sido prejudicada de uma maneira geral, como igualmente a segurança, motivando sucessivas greves, como também acontece com o segmento educação.
O orçamento público enviado faz redução de percentuais para a saúde e segurança, segundo foi noticiado. A cultura, que foi um dos compromissos de campanha, teve a indicação de apenas, 0,5%, metade do que fora prometido, gerando uma Nota Oficial da União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte, através do seu Presidente Eduardo Gosson, que reclama ter sido o projeto do Fundo Estadual de Cultura (Mensagem 30/2011) enviado sem a audiência das partes interessadas, sem qualquer debate mais aprofundado.
Por outro lado, se alardeia pela fala da própria governadora uma onda de “leilões” de bens públicos, de valor histórico, como o Juvenal Lamartine, o Aéro Clube e o Parque Aristofanes Fernandes. Já nem discuto mais a forma equivocada, porém, já agora, a falta de sensibilidade, ao mesmo tempo em que se desprezam o “Presépio de Natal”, desfigurado e depredado, espaços físicos sem utilização, com o terreno vizinho ao Jornal de Hoje e a grande área do antigo leprozário, também a falta de recuperação da biblioteca Câmara Cascudo, seguindo o exemplo da Praça das Flores (Prefeitura), da velha Faculdade de Direito da Ribeira (UFRN), da estação de cargas da Ribeira (Rede Ferroviária), do prédio da Rampa (Governo Federal), contando com o silêncio dos seus administradores ou, pelo menos, com o descaso em ofertar transparência a tais ocorrências.
Temo que a falta de sensibilidade, já demonstrada na alegria do dia da derrubada total do complexo esportivo do Machadão, possa atingir outros bens de importância histórica, quem sabe o Forte dos Reis Magos.ou outro qualquer, fazendo valer o ditado – “Natal é a terra do já teve e não tem mais”.
Registro o meu repúdio e cobro explicações, como um direito de cidadão.
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*Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor e advogado

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

MARINGÁ, A CIDADE CANÇÃO 
Por Daladier Pessoa Cunha Lima – reitor da Farn

Estive em Maringá por três dias, em novembro passado. Localizada no norte do Paraná, decorrem pouco mais de seis décadas desde a fundação e, hoje, conta com cerca de 350 mil habitantes. A qualidade de vida é uma das melhores do Brasil, condição fácil de se notar pelo bem-estar das pessoas que vivem na cidade.
Ruas e avenidas largas, limpas, trânsito sem transtornos; praças, calçadas e canteiros amplos. Mas algo chama a atenção de forma particular: a arborização. Nunca tinha visto tantas árvores entre casas e prédios, tornando os ambientes urbanos calmos e amenos. Procurei logo saber os tipos daquelas diversas árvores: acácia, acácia imperial, sibipiruna, flamboyant, ipê – amarelo, roxo e branco -, quaresmeira, tamareira do oriente, jacarandá mimoso e paineiras, entre outras.
Dentro da cidade existem três áreas de reserva de Mata Atlântica, com cerca de 20 hectares cada uma: Horto Florestal – donde saem as mudas para recomporem a arborização do entorno -, Parque do Ingá e Bosque Tupinambá.
Fui a Maringá a fim de participar do IX Seminário Nacional dos Centros Universitários, com temas relevantes para o momento atual do ensino superior do país. Uma das palestras de muitos aplausos foi a do Professor Wilson de Matos Silva, Reitor do Cesumar – Centro Universitário de Maringá -, instituição anfitriã. Ele falou da ênfase ao mérito acadêmico, do rigor quanto aos horários e aos programas, da tônica na aprendizagem, do combate à cola e ao plágio.
Defendeu que a Educação Superior merece ser financiada a fundo perdido. Disse que recursos do FGTS e do FAT deveriam ser usados para financiar o setor, por exemplo: o trabalhador que ganhasse de 1 a 6 salários-mínimos poderia retirar até 50% do FGTS para pagar a educação da família. O Reitor Wilson de Matos é um empreendedor vitorioso, pois o Cesumar, criado em 1990, situa-se entre as melhores instituições do país, pujante em estrutura, em organização e em qualidade acadêmica.
Maringá é chamada de “Cidade Canção”, porquanto seu nome repete o nome de uma bela canção do grande compositor Joubert de Carvalho (1900 – 1977), que era médico por formação. Com letra e melodia belíssimas, Maringá foi composta em 1932, fazen-do sucesso em todo o Brasil e até no exterior.
Por que o batismo da nova urbe com o nome da canção? Leio no livro sobre a cidade, autoria de Edgar Werner Osterroht, que essa sugestão partiu da senhora Elizabeth Shirlaw Thomas, esposa de Mr. Arthur Thomas, o principal pioneiro no desbravamento do norte do Paraná. No entanto, em conversa com pessoas que nasceram e residem em Maringá, fiquei sabendo de outra versão, a qual vincula tal batismo ao próprio sucesso da música, cantada e ouvida sem parar nos confins das matas do norte do Paraná, pelos primeiros habitantes da região.
Ao falar com o amigo Manoel de Medeiros Brito sobre a minha viagem a Maringá, ele, que sabe das coisas e tem muitas histórias para contar, disse-me de um texto que leu, escrito pelo próprio Joubert de Carvalho, sobre a origem da canção Maringá.
Mineiro, Joubert foi morar no Rio de Janeiro, onde, no começo da década de 1930, conheceu o paraibano Rui Carneiro, Chefe de Gabinete do Ministro da Viação e Obras Públicas, José Américo de Almeida, brilhante político e homem de letras da Paraíba. O artista, então, quis homenagear o Nordeste, em especial a Paraíba, terra natal das duas ilustres figuras.
A canção reporta-se à beleza da cabocla Maria do Ingá, à seca do Nordeste, ao sertão e à saudade deixada e sentida pelos retirantes, e até a Pombal, cidade onde nasceu Rui Carneiro. Pouco depois, Joubert de Carvalho foi nomeado médico dos Marítimos, quando exerceu com êxito a profissão para a qual se graduou. Porém, sua vida foi voltada muito mais à música, por dois motivos: paixão e vocação.
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postado por O Santo Ofício
dezembro 15, 2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

É notável a inteligência e a criatividade do brasileiro. Veja esta reinterpretação da morte do cisne, na visão de um modesto jovem patrício.


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Colaboração do meu leitor DIDI AVELINO - RJ
O HOMEM NA CADEIRA
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor advogado

Em uma tarde agradável neste dezembro festivo, após assistir o DVD “Man in the chair”, dei-me à tarefa da reflexão e a ela acresci devaneios acerca da realidade do presente estágio da nossa cidade do Natal e do próprio Estado potiguar.
O filme apresenta inúmeras personalidades, mas destaco, apenas, Flash – famoso e esquecido diretor de cinema e Cameron, um jovem estudante ainda do colegial, ambos problemáticos, seja pela velhice desprezada de um, seja pela juventude incompreendida do outro.
O encontro teve por ponto comum, o amor ao cinema. Flash, premiado em sua produção, termina num asilo de velhos, juntamente com inúmeros outros artistas da 7ª arte – atores, roteiristas, escritores, cinegrafistas, operadores de som, de imagem e outras habilidades mais.
A amizade fez despertar no jovem o sonho de fazer um filme e foi buscar socorro no velho diretor que, pelas razões próprias do seu estado de espírito o repudia, tornando o jovem ainda mais rebelde. De repente se encontram na ideia do filme, com outro roteiro – precisamente a forma de vida e de tratamento dados nessas casas de velhos, numa denúncia de medicamentos mal administrados, falta de cuidados mínimos de sobrevivência, tanto quanto Flash tanto combatia com o tratamento dado aos cães vadios, sacrificados pela saúde animal.
Para a concretização daquele sonho, são convocados aqueles velhos jogados ao abandono que, num passe de mágica, ou milagre mesmo, retomam sua auto-estima e voltam a desenvolver suas habilidades de antanho, até mesmo o encontro de Michey com o computador e se espantar com o acesso ao Google de lá constatando que eles não foram esquecidos e ainda tinham valor.
Os trabalhos são iniciados, conseguem financiamento com outro velho ícone do passado, que a vida concedeu o sucesso e o filme é realizado com toda a emoção que só os experientes são capazes de oferecer.
A amizade entre Flash e Cameron foi capaz de modificar vidas, restabelecer sentimentos familiares e, enfim, o filme é concluído com total sucesso.
Pensei então em transformar aqueles velhos artistas em monumentos de barro e concreto que fizeram a história e a cultura em algum tempo e que hoje são desprezados, como aquelas almas do asilo.
Estou agora estudando um filme que retrate todo esse descaso, os remédios inadequados que aplicam para alimentar um acervo mal preservado, uns até demolidos. Nesse filme existem os Flash e os Cameron. O primeiro, que no personagem do filme morre no final, seria o Machadão e o jovem Cameron o rebelde de qualquer idade, que ainda acredita no poder de resgatar a memória de tantas relíquias, para o conhecimento e uso de gerações futuras (o Juvenal Lamartine, o Aéro Clube, o Forte dos Reis Magos, a Biblioteca Câmara Cascudo, o Atheneu, o Parque de Exposição, por exemplo).
No devaneio deste escrito, para ambos os casos – das pessoas e dos monumentos, valem as expressões que encerram o filme:

“Nietzshe era cheio de merda a maior parte do tempo.
Não há massas dispensáveis no mundo.
Qualquer pessoa tem importância.
O que fazemos, quem somos pode afetar uma geração.Não é a força, mas a duração dos grandes sentimentos que fazem grandes homens.
Nietzshe acertou essa.”

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


DISCURSO DE JURANDYR NAVARRO NA POSSE DOS NOVOS SÓCIOS DO IHGRN
"A aprovação destes títulos, pela Diretoria, datam de algum tempo. Os trabalhos de restauração deste prédio e do imóvel defronte, motivaram o atraso da sua entrega solene, aos ilustres destinatários, daí ser feita na presente Assembléia.

Esta sessão solene, de entrega de Títulos de Sócios Efetivos, a historiadores, é oferecida à pessoa de Enélio Lima Petrovich, dirigente desta Casa de Memória há quase meio século, no momento hospitalizado, e que todos anseiam pela sua pronta recuperação.

O ilustrado historiador é nome consagrado nos Anais da nossa Cultura. Devotou os preciosos anos de sua vida a este templo do saber histórico. Nele, foi, Enélio Petrovich, espécie de guardião do tesouro de suas relíquias, encerradas em seus arquivos, estantes e coleções de peças arqueológicas, paginações da imprensa escrita, documentos aros e todo acervo de períodos passados, adormecidos pelo tempo.

Várias as gerações que ele viu desfilar, debruçadas em suas mesas, estudando, pesquisando, qual laboratório inesgotável, da herança dos séculos.

A sua presença foi permanente no expediente de anos continuados, na sala da Presidência, administrando as demandas apresentadas, de toda ordem, contanto fossem relacionadas, principalmente, aos superiores interesses da ciência que o sábio Heródoto chamou de"Mestra da Vida".

Que na consciência dos presentes, gravado fique o seu exemplo magnífico de incansável labor e que em cada um de nós, o mesmo seja imitado. Qual seja, o de prosseguir no operoso trabalho iniciado pelos nossos maiores, em prol da cultura histórica e das suas tradições milenares.

Jurandyr Navarro Costa"

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

HÁ 18 ANOS

Registro, com plena felicidade, os 18 anos de LUCAS ANTÔNIO ROSSO GOMES CALDAS, meu neto, que superando as dificuldades familiares do início da sua adolescência, soube valorizar a vida junto à sua mãe Thereza Raquel e seu irmão Carlos Victor.
Com ele, este avô e sua avó Therezinha, souberam complementar os cuidados com sua criação e vida social, tornando-se companhia diária.
Os encargos de deixer e buscar na escola, participar dos eventos festivos, registrar a sua primeira comunhão, aniversários, passeios, ver o seu crescimento físico, moral e espiritual, estão perenizados através de fotografias e filmagens e foram recebidos como dádiva de Deus.
Hoje, ao completar a sua maioridade civil, nos presenteia com a conclusão do seu curso secundário e oferece o grande presente de ser um novo acadêmico do Curso de Direito da FARN, onde já está matriculado.
Parabéns meu neto querido - o mais velho, de uma sequência de sete. Obrigado Senhor por tanta felicidade.

Luzeiro do bom caminho;
Ungido pelo Divino;
Chegou para fazer o bem.
Aurora de nova vida;
Saudamos o seu futuro, amém.

Um grande agraço, o beijo e o carinho de Vovô Carlos e Vovó Therezinha 
Em Sessão Solene, presidida pelo Deputado Ricardo Motta, foi realizada ontem a homenagem ao transcurso dos 75 anos da Academia Norte-Riograndense de Letras - ANRL. A proposição partiu do Deputado Antônio Jácome e o "Plenário Deputado Clóvis Motta" viveu um dia de glória, com a presença de imortais, devidamente uniformizados com o pelerine e o colar acadêmicos e o pretígio de inúmeras entidades como a OAB/RN e ALEJURN, através do advogado Odúliko Botelho; a União Brasileira de Escritores do RN e a Academia Macaibense de Letras, através do escritor carlos Gomes; o Instituto Norte-Riograndense de Genealogia, na pessoa do seu Presidente Ormuz Simonetti, além dos Governos do Estado e Município de Natal, UFRN, TRE, TCE e outras entidades potiguares.
Os oradores apresentaram brilhantes discursos, a começar pelo propositor da homenagem, Deputado Antônio Jácome, seguido da Acadêmica Anna Maria Cascudo Barreto, também represedntando o Ludovicus - Instituto Câmara cascudo, que fez uma expressiva declamação em homenagem à ANRL; Acadêmico Juradyr Navarro, também representando o Instituto Histórico e Geográfico do RN, que traçou o perfil da Academia, desde a sua criação, até os dias presentes.  
A sessão, iniciada com a execução do Hino Nacional Brasileiro, foi encerrada com a execução do Hino Oficial do Estado do Rio Grande do Norte.
A TV Assembléia registrou todo o evento, para a perpétua memória do acontecimento.
Tarde inesquecível. Parabéns à Academia e aos seus ilustres Acadêmicos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DE UMA VEZ POR TODAS
Por Franklin Jorge



Acaba de sair em terceira edição “De uma vez por todas”, miscelânea de poesia e prosa, marcadamente autobiográficas, do queridíssimo poeta Thiago de Mello, autor de um poema que, pelo menos os jovens de minha geração sabiam de cor e salteado, “Os estatutos do homem”, que contém e resume o seu lirismo libertário, atualmente em sexta edição, desde o seu lançamento em 1977.
Perseguido pela ditadura militar, curtiu o exílio no Chile e noutros países, como a Alemanha, fazendo-se querido e admirado por onde passou, pois os deuses o bafejaram com esse misterioso dom de fazer amizade e de doar-se aos amigos, em ação e gentileza, como aproximar pessoas que ele crê estejam em sintonia ou tenham algo em comum. Para Thiago, viver é estar entre os outros, solidariamente, como nos tem ensinado Ana Arendt, lição que ele tomou como preceito e filosofia de vida.
Assim, quando nos conhecemos, cuidou logo de apresentar-me a alguns amigos seus cujos nomes são evocados, juntamente com o meu, nessa sua penúltima obra publicada que tenho debaixo da vista; digo “penúltima”, porque Thiago é desses intelectuais que não se deixam dominar pela fadiga ou o marasmo. Está sempre escrevendo, criando e inovando, como faz agora, em “De uma vez por todas” que, apesar do que há de peremptório e afirmativo nesse título, como algo feito e acabado, não pode ser tomado ao pé da letra. Em resumo, para Thiago, nada finaliza…
Acabei de adquirir o livro que leva a sua voz ardente, graças a noticia que dele me deu ao jantar em minha casa, noites atrás, o professor Antenor Laurentino Ramos, e nele encontrei nas páginas 247-50, prosificado, o longo poema que ele escreveu e marcou, como presente de aniversário, em 1992, os meus quarenta anos, transcorridos em Rio Branco, onde, por um breve tempo, caminhando ao seu lado sob um pálio de nuvens estreladas, pudemos pressupor o sentido de ser no tempo, isto é, da eternidade.
“Um rio cheio de pássaros e estrelas”, eis o titulo do poema que ele conserva em sua cálida e fluente prosa. Nesse texto, o reencontro com uma fração de minha vida: as visitas que fizemos juntos aos escritores Hélio Melo e Mário Diogo; aos ex-governadores Geraldo Mesquita e José Rêgo [este, nascido em Pau dos Ferros, o segundo dos dois governadores doados pelo Rio Grande do Norte ao Estado do Acre]; o churrasco de peixe na casa deste último, um domingo, preparado por esse grande chef boliviano, Salazar Ruela; o pato no tucupi que nos reuniu, uma noite, em torno da mesa de Dona Bela, nossos queridos amigos, Dr. Albérico Batista da Silva, Lídia e Braz, que agora também fazem parte do universo poético e sentimental do “Caboclo Thiago”, aposto que ele usa na terceira pessoa, na intimidade, ao referir-se a si próprio…
Semeador de amizades que perduram em seus versos, Thiago é cheio de surpresas, como a poesia em que se decanta, agora e a cada instante do seu viver intenso, enamorado de tudo e da própria vida, como quem sabe cantar e repartir o canto que o habita.
Thiago tem raízes enterradas no Ceará-Mirim, onde nasci, um pouco antes dele pisar o seu solo, em decorrência de convite feito por Odilon Ribeiro Coutinho, que acabara de adquirir, ali, o Engenho Ilhabela. Havia pouco, Thiago publicara o seu segundo livro, “Narciso Cego” [Editora José Olympio, 1952], enquanto eu mal saíra dos cueiros…
Veio o poeta amazônida acompanhado de um dos grandes escritores brasileiros de sua geração, o paraibano universal José Lins do Rego, a quem ele chamava de Zé Lins, Zé do Rego, ou tão somente Zé, segundo a circunstância; o que não mudava era a amizade viril e a camaradagem que se estabelecera entre o jovem poeta e aquele colosso humano vinte anos mais velho, como se repetiria entre nós há pouco mais de duas décadas, ou bem antes disso, quando comecei a ler os seus poemas, a partir da publicação de “Faz escuro mas eu canto”, de 1965, atualmente em 14ª edição, através do qual ele passou a fazer parte, efetivamente, de minha vida.
Mas, voltemos ao Ceará-Mirim e à vivência de Thiago no Ceará-Mirim, assunto por demais importante para ser ignorado por aqueles que fazem ou fingem fazer cultura entre nós. Minha sugestão é simples: que essas crônicas, escritas quando da passagem do poeta pelo Ceará-Mirim, há quase sessenta anos, sejam reunidas em livro. Não um livrinho qualquer, uma edição bem cuidada e talvez, até, “de luxo”, ilustrada por um desses jovens talentos de minha terra.
Eis minha sugestão.
______________________
postado por O Santo Ofício

dezembro 11, 2011
Transcrito do NOVO JORNAL [Natal, 11 de Dezembro de 2011]

domingo, 11 de dezembro de 2011


Poemas de Saudade
Resolvi, hoje, tratar deste tema tão pungente - saudade e trazer a interpretação dos maiores expoentes da geografia sentimental do Brasil e de além-mar.
Saudade é um sentimento que alcança vários segmentos da vida - um amor que se perdeu, um amigo que se foi (como hoje aconteceu com o Professor Eudes Moura), um lugar num determinado tempo, entes queridos que nos deixaram nesta dimensão da vida, um poema, uma canção.
Mas não seja a saudade somente uma lembrança de dor, mas da felicidade de terem vivido momentos lúdicos, inesquecíveis, também de esperança. Mas, sobretudo de lembranças!
Tomara

Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Vinícius de Moraes

E por falar em saudade

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer

E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão

Hoje eu saio da noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares
Me trazem você

E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você.

Vinícius de Moraes

Chega de Saudade


Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser

Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer


Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai


Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca


Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim


Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim.
Vinícius de Moraes


A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

Carlos Drummond de Andrade

SORRI

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios


Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador


Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos


Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charles Chaplin


SAUDADE

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

[Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...]
Pablo Neruda


 SAUDADE

Por que sinto falta de você? Por que está saudade?
Eu não te vejo mas imagino suas expressões, sua voz teu cheiro.
Sua amizade me faz sonhar com um carinho,
Um caminhar, a luz da lua, a beira mar.
Saudade este sentimento de vazio que me tira o sono
me fazendo sentir num triste abandono, é amizade eu sei, será amor talvez...
Só não quero perder sua amizade, esta amizade...
Que me fortalece me enobrece por ter você.

Machado de Assis


 A Carta

Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros por favor
Nas frases desta carta
que é uma prova de afeição
Talvez tu não a leias mas quem sabe até darás
Resposta imediata me chamando de meu bem
Porém o que me importa
é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém

Tanto tempo faz,
que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a impressão
de que já vi passar
Um ano sem te ver,
um ano sem te amar
Ao me apaixonar,
por ti não reparei
Que tu tivestes só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Do sempre, sempre teu...

Renato Russo

PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mário Quintana

Pedaço de mim

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar

Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Chico Buarque