Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-52
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Esta é a derradeira Carta de Cotovelo do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2021. Nada a pedir. Tudo a agradecer.
A solidão é amiga da velhice, ampliada pela saudade da eterna namorada, que partiu para perto do Criador.
Tudo que faço, tudo o que crio e tudo o que vivo é para honrar a memória de THEREZINHA ROSSO GOMES, a quem dediquei 71 anos de convivência.
A leitura tem trazido pronunciamento de muitos, inclusive de imortais, de que devemos viver tantos amores quantos sejam precisos. Discordo, quando se ama de verdade não há necessidade de busca de outros relacionamentos.
Não existe verdade absoluta para esses assuntos. Cada pessoa tem o seu sentimento, constrói o seu Castelo. O meu não desmoronou. Continua firme como foi construído. Resta a sua conservação até o fim dos tempos.
A ausência, que me faz sofrer, não merece consideração no campo da racionalidade, pois tenho a certeza que ela está em boa companhia. Mas que dói, não posso desconhecer. Aí somente a solidão do meu quarto, da minha vida, agora traduzida nas telas que me foram inspiradas pelos grandes momentos da vida - uns alegres, outros nem tanto.
Vou voltar para o meu exílio consentido de Cotovelo. Lá sou amigo da rainha Natureza, estou mais perto de Deus, convivendo da simplicidade do lugar e recordando os muitos anos que desfrutei passeando com ela nas areias brancas daquela maravilhosa praia, momentos lúdicos de um verdadeiro amor que o tempo não ousou arrefecer. Fomos amantes até o último verão de 2018/2019.
O físico se foi, mas o emocional ficou para nunca sair, apesar do sofrimento da ausência. Lamento não ser poeta para cantar em verso e prosa a figura da minha doce amada.
Senhor, não procuro a razão de que me tirastes a minha musa, certamente cumpriu a sua missão nesta dimensão da existência e está recebendo uma missão na altitude estelar.
Desculpem meus amigos leitores, hoje é dia para cultuar esperanças para o ano que começará logo mais e não para assistir a proclamação do martírio de um amante solitário.
Tenham todos um feliz Ano Novo e recebam essa minha lamúria como exemplo de que devem sempre olhar para quem com vocês repartem a vida e a felicidade.
Termino com o grande Fernando Pessoa, afirmando que, em mim, a dor ainda dói: