MESINHA DE QUARTO DE
HOSPITAL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor
Todos nós, seja como paciente ou acompanhante, temos em algum momento um
encontro com um quarto de hospital.
Em todos eles, de uma maneira muito simples ou sofisticada,
encontramos, invariavelmente, uma “mesinha” onde guardamos alguns pequenos
petrechos, exames, receitas, remédios, água, livros e livretos, terços,
imagens, orações, esperanças e desencantos.
No recôndito de suas entranhas, varamos horas e horas
para meditar, escrever e encontrar caminhos.
A minha família está vivendo este momento, com o
internamento, já prolongado, da nossa matriarca THEREZINHA, companheira de 56
anos de casamento, mulher de fibra, conciliadora, caridosa e amiga. Por isso
mesmo as mensagens que temos recebido e as correntes de orações que estão sendo
feitas transcendem até mesmo o território nacional – nada de ficarmos
admirados, dado que o merecimento dela é inconteste.
No caso específico, mercê da dedicação dos seus médicos –
Doutores Gilmar, Marcos Vinicius e Carlos Dutra, dos enfermeiros e enfermeiras,
do pessoal de apoio, limpeza, cozinha e visitadores, recebemos um alento e
proclamamos o mais pungente reconhecimento de todos nós e, particularmente da
paciente.
Mesmo assim, para tudo há um tempo certo, nas palavras
sagradas do Eclesiastes e estamos no tempo da espera, da expectativa para uma
gloriosa alta breve.
Aos amigos que enviam mensagens ou comparecem para
visitação, os que fervorosamente ofertam suas orações e magnetismo espiritual
para o apressamento da recuperação do Thereza, recebam toda a nossa gratidão.
O ensejo oferece momentos de riquíssimos instantes de
reflexão e fé, proporcionando impetuosa inspiração para rever a trajetória da
vida e constatarmos que nada é mais importante do que a solidariedade. É então
que reconhecemos que essa força deveria ter sido assimilada independentemente de
qualquer acontecimento. Mas isso faz parte da hipocrisia do ser humano.
A importância da mesinha de quarto de hospital é tamanha,
que num tempo passado inspirou o médico Archibald J. Cronim a usá-la para fazer
anotações diárias do tempo em que internado para recompor forças de um
esgotamento de trabalho, aproveitou os papéis disponíveis para os registros
hospitalares e, ao ter alta os deixou sobre aquele pequeno móvel, fisicamente
falando, mas de extraordinária valia para o lado psicológico do paciente.
Alguém os recolheu e entregou-os à Diretoria, que fez chegar ao seu autor, com
o comentário de que aquele “diário” tinha grande valor, disso surgindo um novo
escritor e um novo livro: “Pelos caminhos da minha vida”, base para inúmeros
outros trabalhos que se seguiram e consagraram CRONIN.
Nesta singela crônica de domingo, deixo a certeza que
amadureci um pouco mais e aproveitarei a experiência para trabalhos reflexivos
futuros e mudanças comportamentais adequadas a uma vida mais saudável e compartilhadas
com toda a família.
Obrigado DEUS pela proteção!
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