quarta-feira, 24 de maio de 2017

A ODISSEIA DA CASA DO ESTUDANTE DE NATAL







Sobre este tema procurei ajudar os estudantes até o ano passado, elaborando o projeto de novo Estatuto e Regimento Interno, legalização da sua situação social e fiscal, preparei atas para a regularização da legalidade e legitimidade do corpo dirigente, enfim, busquei ajuda de entidades para socorrer os ocupantes da Casa no tocante a alimentação e participando de reuniões com ex moradores, autoridades do Governo do Estado, Ministério Público de Contas e Assembleia Legislativa e com o Ministério Público Estadual, com o qual foi celebrado um TAC (Termo de ajustamento de conduta) que surtiu algum efeito, mas dependia de sua continuidade.
Recordo aqui alguns tópicos então abordados, que foram objeto de artigos e publicações nos órgãos informativos do Estado:

O Prédio
O prédio secular, segundo a jornalista Nelly Carlos Maia, em períodos da segunda metade do século 19 serviu como sede do Hospital de Caridade, que se transformou em Hospital de Caridade Juvino Barreto, a Escola e Aprendizes Artífices e depois o Quartel de Polícia, entidades essas que ganharam posteriormente novas sedes. A nota de maior importância histórica é que ao tempo do levante conhecido por “Intentona Comunista”, em 1935, ali era a sede do Batalhão de Segurança.
          
As crises e o SOS Casa do Estudante
            Com o andar do tempo e o descaso periódico dos órgãos governamentais, Casa do Estudante passou a viver sucessivas crises de maior gravidade, perdendo a sua identidade, com a ocupação por pessoas não estudantes até chegar a um ponto de verdadeira degradação, seja pela falta de alimentação, falhas na administração, deterioração das dependências do prédio, dos equipamentos de cozinha sendo obrigada a reduzir drasticamente o uso dos 50 quartos para cerca de apenas duas dezenas, convivendo com a insegurança em razão da proximidade de um bairro onde prolifera droga e delinquentes perigosos, o que motivou registros pela imprensa, inúmeras vezes, mostrando a situação nua e crua.
            De certa feita, para minimizar as dificuldades o Governador Sílvio Pedroza chegou a pensar na possibilidade de encampar a Casa, sob a condição de poder escolher os seus dirigentes. Os residentes recusaram, continuando a mantê-la distanciada do caráter oficial, mesmo com o perigo de fechamento de suas portas. Mesmo assim foram celebrados convênios para o fornecimento de refeições, não renovados sucessivamente, fazendo retornar as crises circunstanciais.
            Foi diante de denúncias levadas a público que pessoas da sociedade, nas quais me incluo, resolveram intervir de alguma forma.
            Da minha parte usei os meios da rede social e os veículos da imprensa local, encetando uma campanha que denominei S.O.S. CASA DO ESTUDANTE, com os desdobramentos de outras matérias e Exposições de Motivos.
            Meus apelos foram compartilhados por grande número de amigos e ex residentes, com oferecimento de ajuda, embora um número insignificante tenha se manifestado contra essa solidariedade sob alegações diversas - a Casa já não tem mais importância; ali existem viciados; já cumpriu o seu papel. Em verdade não atentaram que continuam a existir estudantes carentes; uma Casa guardiã da nossa história e que precisa de socorro.
Tive a oportunidade de ser ouvido pelas entidades de serviço, como o Rotary Natal Sul, que supriu a Casa de mantimentos e material de limpeza durante alguns dias, a promessa do Lions Clube. Mantive contato, juntamente com os dirigentes maiores da Casa Jorge Danilo e Serafim com O Governador Robinson e Vice Governador do Estado Fábio Dantas, da Chefe da Casa Civil Tatiana Mendes Cunha, com alguns Vereadores e Deputados e com o Procurador Geral do Ministério Público de Contas Luciano Ramos que se mostraram sensíveis. Este último expediu a Portaria nº 004/2015, de 19 de janeiro de 2015 determinando a instauração de Procedimento Preparatório, a fim de apurar os fatos noticiados, determinando, inicialmente, o registro, a autuação e a publicação da Portaria e designação do servidor Murillo Victor Umbelino Machado, Inspetor de Controle Externo do TCE-RN para secretariar o feito. Ficou só no papel.
  Também houve contatos com o Ministério Público Estadual e outros órgãos e Entidades.
         Como resultado prático, no final do mês de abril deste ano de 2015, a Casa recebeu a visita de duas representantes do MPE orientando procedimentos a serem tomados para a regularização documental e os benefícios desse proceder. Também com uma assistente social e o Diretor da Sethas, que ressaltaram a importância do recebimento das declarações dos moradores (Recadastramento) que ainda não entregaram, para ser possível o fornecimento de alimentação. Ademais foi dito que a Sethas tem interesse de reformar a cozinha e o refeitório para criar um serviço de self service gratuito para os estudantes da Casa e da Casa onde residem as estudantes, fornecendo café, almoço e jantar diariamente.
            Por derradeiro, o MPE propôs um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta que foi submetido à Assembleia Geral daquela Casa para uma definitiva solução.

E agora?
  São notícias que demonstram que as coisas poderiam ter se modificado. Lembro-me bem do interesse e da luta do pranteado Amigo Marcos Dionízio. Contudo, desentendimentos internos da Casa do Estudante provocaram sucessivas renúncias dos seus Presidentes e então retirei-me da luta por sentir as extremas dificuldades na solução do impasse pela falta de colaboração dos principais interessados, gerando agora o recrudescimento do problema, com maior gravidade, conforme noticiário da mídia natalense.
            Lamento muito o que está acontecendo, mas ainda me disponho a colaborar na regularização e reconstrução de uma Entidade que tem história.

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