sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016



          Amigo     
(Por: Augusto Coelho Leal)


Amigo, em momentos como este, me vêm uma pergunta: O que faz uma pessoa ser tão importante nas nossas vidas? Faço um retrospecto do que vivemos juntos.
Eu era criança, década de cinquenta quando comecei a frequentar o velho Juvenal Lamartine, levado pelo meu irmão Luiz Jorge, para assistir os jogos do América Futebol Clube. Na época havia jogos de aspirantes e titulares, os aspirantes faziam a partida preliminar. No time do América tinha um ponta direita meio gordinho, mas muito esforçado, que se dedicava com amor a defender o seu time. Esse cara gordinho, esforçado, batalhador, era você. Você sempre amou tudo o que fazia.
Pouco tempo depois, conheci o seu irmão Olírio, nascendo uma amizade sincera que dura até hoje. Passei a frequentar a casa de seus pais na Avenida Afonso Pena e um comércio – uma mercearia bem sortida que você tinha na esquina da Afonso Pena com a Rua Açu.
Foi quando começamos a conversar, principalmente sobre futebol. Nascia aí a nossa amizade, eu menino, você um jovem na casa dos vinte anos.
Fui estudar no Atheneu, e lá eu lhe encontro como administrador do Ginásio Sílvio Pedroza. Na época os professores Roque e Sebastião Cunha – Tião, organizavam jogos com os alunos lá do velho Ginásio. Fui convocado para fazer parte da seleção do Colégio, aí os nossos contatos aumentaram, passando a ser quase diário.
Passou o tempo, você comprou a Confeitaria Atheneu ao nosso amigo Omar Guerreiro, foi quando você começou a “criar” uma nova família, a família dos seus amigos confeitaristas, que você tinha tanto carinho. Você realmente era amigo de seus amigos e a recíproca é verdadeira, nós os confeitaristas, nunca fomos clientes, éramos e somos seus amigos. Formava-se assim uma grande família.
Ao lado de Dona Sílvia e seus filhos, você conseguiu unir confeitaristas por várias décadas. A Confeitaria foi considerada o melhor boteco de Natal pela Revista Quadro Rodas.
Sem pretensões, você deixou um legado de alegria para a nossa cidade. Foi na Confeitaria que nasceu o Baile de Máscara que hoje faz parte do calendário oficial dos festejos carnavalescos. Criação sua, e dos seus amigos confeitaristas.
Amigo, aqui chega a hora de responder a minha pergunta inicial – o que faz uma vida ser especial? Essa amizade de uma vida, que nós nos orgulhamos muito.
Não é uma despedida, nem um adeus, uma amizade assim seguirá sempre comigo e com todos os seus amigos. Termino aqui citando uma composição de Heitor Villa Lobos e Ferreira Gular, que para mim, define o que foi sua maneira de viver:

La vem o trem com o menino
La vem a vida a rodar
Lá vem a ciranda e o destino
Cidade e noite a girar.
La vem o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra
Vai pela serra
Vai pelo mar.
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar.
No ar, no ar.
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Para quem não conhecia, esta homenagem feita por GUGA é para o nosso pranteado ODEMAN MIRANDA DE ARAÚJO JR., o homem da Confeitaria Atheneu, recentemente falecido.
Por minha conta gostaria de complementar essa homenagem informando que ODEMAN foi um grande organizador de Carnaval. Com ele eu brinquei 03 anos no Clube Carnavalesco “DELICIOSOS NA FOLIA”, que o conduziu por mais de 10 anos até os tempos modernos, onde a forma de brincar o Carnaval ficou reduzido a um trator puxando uma carroceria com músicos contratados e a turma enchendo a cara. Foi quando eu saí.

No tempo de ODEMAN todos tocavam algum instrumento, cantavam, existiam as composições do próprio bloco e todos ornamentavam a festa com fantasia e carro alegórico. Nos meus três anos vestimos as fantasias Arqueiro, Scaramuch e Lorde Mexicano. Registro o compositor AIRTON RAMALHO, que compôs “Praça Pio X”.

 
jaquetão da fantasia 
de Lorde Mexicano
Deliciosos na Folia - 1958
PRAÇA PIO X~

Leide Câmara

  • Praça Pio X
    Letra e música: Airton Ramalho
    Gravado no Long Play Reencontro 1975
    Interprete: José Alves
    Pio X praça que desapareceu
    Praça de muita recordação
    Lá foi onde o nosso amor nasceu
    E onde eu perdi meu coração
    Praça, o teu nome vão guardar
    E de quem lá foi namorar
    Não esquecerá
    Breve, tu serás a casa de Deus
    És a nossa homenagem
    E também o nosso adeus

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