Amigo
(Por: Augusto Coelho Leal)
Amigo, em momentos como este, me vêm uma pergunta: O que faz uma pessoa ser
tão importante nas nossas vidas? Faço um retrospecto do que vivemos juntos.
Eu era criança, década de cinquenta
quando comecei a frequentar o velho Juvenal Lamartine, levado pelo meu irmão
Luiz Jorge, para assistir os jogos do América Futebol Clube. Na época havia
jogos de aspirantes e titulares, os aspirantes faziam a partida preliminar. No
time do América tinha um ponta direita meio gordinho, mas muito esforçado, que
se dedicava com amor a defender o seu time. Esse cara gordinho, esforçado,
batalhador, era você. Você sempre amou tudo o que fazia.
Pouco tempo depois, conheci o seu
irmão Olírio, nascendo uma amizade sincera que dura até hoje. Passei a
frequentar a casa de seus pais na Avenida Afonso Pena e um comércio – uma
mercearia bem sortida que você tinha na esquina da Afonso Pena com a Rua Açu.
Foi quando começamos a conversar, principalmente sobre futebol. Nascia aí a
nossa amizade, eu menino, você um jovem na casa dos vinte anos.
Fui estudar no Atheneu, e lá eu lhe
encontro como administrador do Ginásio Sílvio Pedroza. Na época os professores
Roque e Sebastião Cunha – Tião, organizavam jogos com os alunos lá do velho
Ginásio. Fui convocado para fazer parte da seleção do Colégio, aí os nossos
contatos aumentaram, passando a ser quase diário.
Passou o tempo, você comprou a
Confeitaria Atheneu ao nosso amigo Omar Guerreiro, foi quando você começou a
“criar” uma nova família, a família dos seus amigos confeitaristas, que você
tinha tanto carinho. Você realmente era amigo de seus amigos e a recíproca é
verdadeira, nós os confeitaristas, nunca fomos clientes, éramos e somos seus
amigos. Formava-se assim uma grande família.
Ao lado de Dona Sílvia e seus
filhos, você conseguiu unir confeitaristas por várias décadas. A Confeitaria
foi considerada o melhor boteco de Natal pela Revista Quadro Rodas.
Sem pretensões, você deixou um
legado de alegria para a nossa cidade. Foi na Confeitaria que nasceu o Baile de
Máscara que hoje faz parte do calendário oficial dos festejos carnavalescos.
Criação sua, e dos seus amigos confeitaristas.
Amigo, aqui chega a hora de
responder a minha pergunta inicial – o que faz uma vida ser especial? Essa
amizade de uma vida, que nós nos orgulhamos muito.
Não é uma despedida, nem um adeus,
uma amizade assim seguirá sempre comigo e com todos os seus amigos. Termino
aqui citando uma composição de Heitor Villa Lobos e Ferreira Gular, que para
mim, define o que foi sua maneira de viver:
La
vem o trem com o menino
La
vem a vida a rodar
Lá
vem a ciranda e o destino
Cidade
e noite a girar.
La
vem o trem sem destino
Pro
dia novo encontrar
Correndo
vai pela terra
Vai
pela serra
Vai
pelo mar.
Cantando
pela serra do luar
Correndo
entre as estrelas a voar.
No
ar, no ar.
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Para quem não conhecia, esta homenagem feita por GUGA é para o
nosso pranteado ODEMAN MIRANDA DE ARAÚJO JR., o homem da Confeitaria Atheneu,
recentemente falecido.
Por minha conta gostaria de complementar essa homenagem informando
que ODEMAN foi um grande organizador de Carnaval. Com ele eu brinquei 03 anos
no Clube Carnavalesco “DELICIOSOS NA FOLIA”, que o conduziu por mais de 10 anos
até os tempos modernos, onde a forma de brincar o Carnaval ficou reduzido a um
trator puxando uma carroceria com músicos contratados e a turma enchendo a
cara. Foi quando eu saí.
No tempo de ODEMAN todos tocavam algum instrumento, cantavam,
existiam as composições do próprio bloco e todos ornamentavam a festa com
fantasia e carro alegórico. Nos meus três anos vestimos as fantasias Arqueiro,
Scaramuch e Lorde Mexicano. Registro o compositor AIRTON RAMALHO, que compôs
“Praça Pio X”.
jaquetão da fantasia
de Lorde Mexicano
Deliciosos na Folia - 1958
PRAÇA PIO X~
Leide Câmara
- Praça Pio XLetra e música: Airton RamalhoGravado no Long Play Reencontro 1975Interprete: José AlvesPio X praça que desapareceuPraça de muita recordaçãoLá foi onde o nosso amor nasceuE onde eu perdi meu coraçãoPraça, o teu nome vão guardarE de quem lá foi namorarNão esqueceráBreve, tu serás a casa de DeusÉs a nossa homenagemE também o nosso adeus
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