1964 - A
DEMOCRACIA ESPEROU 21 ANOS (2)
Geniberto Paiva Campos -
Brasília - Fevereiro / 2014
II) Origem e Formação do Pensamento “Revolucionário” no Brasil
2. “Graças a Deus, é a Grande
Guerra!” Escreveu o general Vikctor Dankl, do exército austro húngaro, em final
de julho de 1914. Marcando o início da I Guerra Mundial. (1) A partir deste
período o mundo jamais seria o mesmo.
Para alguns historiadores
atentos, o primeiro conflito de escala
mundial marca o início do “breve século
vinte”(2). Que veria a eclosão de outra “Grande Guerra”, a Segunda, em 1939, duas décadas após a
Primeira, ainda de maiores proporções que a anterior. E que redesenhou o mapa
geopolítico do globo terrestre. Quando a humanidade descobriu dispor de armas letais, utilizando
energia atômica, jamais imaginadas, capazes de destruição em grande escala.
Conflitos dessas proporções,
envolvendo povos e nações, não se repetiram até o presente. Os confrontos assumiriam outras características.
Tornaram-se mais sutis, localizados, circunscritos a cidades, no limite, a
países. Guerras não formalmente declaradas.
A maioria com motivação ideológica. Outros de cunho religioso. Nunca na
amplitude e na escala de um guerra mundial. A humanidade entrou, talvez de
maneira definitiva, no que se convencionou chamar de “Guerra Fria”.
Caracterizada por confrontos bélicos não declarados, cheios de nuances.
Geralmente encobrindo golpes de estado,
assassinatos, exílios e inúmeras violências camufladas. Outras, nem tanto.
O breve século XX foi marcado por
conflitos de forte conteúdo ideológico. Foi chamado de “século da violência“. Na perspectiva da Europa e de seus impérios
foi uma espécie de matadouro.“ E por toda parte os vemos perecer, devorando-se
uns aos outros e destruindo a si próprios”. (3)
3. Do ponto de vista da América
Latina, e particularmente, do Brasil, podem ser claramente percebidas e examinadas
as formas como as mudanças de um mundo conturbado, ocorridas na primeira metade
do século XX, repercutiram , direta ou indiretamente, na filosofia e na prática
de suas políticas de poder.
A Guerra Fria instalou, em escala
mundial, o confronto entre dois modelos de
organização política e econômica dos povos e nações: Capitalismo x Socialismo.
Este último de origem marxista, ou baseado em lideranças caudilhescas, “pais da
pátria”, salvadores, bem característicos da América Latina.
A Revolução Russa de 1917,
ocorrida em plena I Guerra, inauguraria novas formas de organização social e
econômica. Abolindo a propriedade
privada dos meios de produção. Criando o Capitalismo de Estado, fundamentado na
teoria marxista. Exercendo forte controle sobre a sociedade. Propondo,
implicitamente, a troca da liberdade
pelo direito ao acesso à moradia, à educação, ao alimento e outros bens.
Talvez exercendo maior influência
no comportamento humano do que as revoluções americana e francesa.
A criação da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas/URSS, priorizando a industrialização, adotando planos
econômicos quinquenais ou decenais, rigorosamente executados, restringindo
direitos políticos consagrados no continente europeu, como o voto livre e direto, e a liberdade de expressão, provocou enorme
espanto e inquietação em todo o mundo. Estavam postas as condições para um
conflito permanente entre duas propostas ou visões do mundo, desencadeando um
conflito que utilizaria de todos os meios ao alcance dos contendores. Conhecida
como Guerra Fria. Em que a propaganda exerceria forte influência.
Expressões como “Mundo Livre”, “Cortina
de Ferro” passariam a fazer parte do vocabulário diário de povos e nações.
O “Reich de Mil Anos”, proposto
pelo Nacional Socialismo alemão liderado por Adolf Hitler, teve curta duração no tempo. Mas deixou um legado de intolerância política,
preconceito étnico e violência. E legitimou, na prática, a pena de morte para
adversários políticos; a eliminação física de “inimigos do Regime”; a
destruição impiedosa de povos e nações baseada em determinantes ideológicas
esdrúxulas e irracionais. Enfim, a Guerra Suja. A “banalização do mal”, segundo
Hanna Arendt.
O confronto decisivo da II Guerra
teria sido travado, segundo alguns historiadores, entre dois regimes totalitários, o alemão e o soviético.
4. Os acontecimentos verificados originalmente na Europa na
primeira metade do século XX exerceram influência decisiva no pensamento e na ação dos atores políticos brasileiros.
Por outro lado, praticamente todos os eventos que mereceram registro histórico no Brasil, ao longo do século passado, contaram com a presença ativa de representantes militares.
O período entre as duas grandes guerras desenha uma clara linha de tempo, na qual militares e civis propuseram intervenções no processo político, com a utilização da força e com quebra da ordem jurídica e constitucional.
A partir dos primeiros anos da década de 1920, teve início o que ficou conhecido como “tenentismo”. (Para muitos estudiosos desse período, nele se originaria o “Movimento de 64”).
De forma resumida, o que caracterizava, ideologicamente o “tenentismo”? 1) - uma forte rejeição ao status quo, representado por governos “carcomidos” – termo empregado amplamente à época – incompetentes em suas ações, corruptos em seus procedimentos com a coisa pública; 2) - como decorrência, tornava-se necessário tomar o poder pela força, com o nobre objetivo de execução de um programa estratégico de modernização, onde estavam incluídos “atalhos” para o desenvolvimento econômico e social, o progresso, a ordem – lemas positivistas da nossa bandeira – 3) - tudo isso executado dentro dos mais rigorosos padrões de honestidade.
Por outro lado, praticamente todos os eventos que mereceram registro histórico no Brasil, ao longo do século passado, contaram com a presença ativa de representantes militares.
O período entre as duas grandes guerras desenha uma clara linha de tempo, na qual militares e civis propuseram intervenções no processo político, com a utilização da força e com quebra da ordem jurídica e constitucional.
A partir dos primeiros anos da década de 1920, teve início o que ficou conhecido como “tenentismo”. (Para muitos estudiosos desse período, nele se originaria o “Movimento de 64”).
De forma resumida, o que caracterizava, ideologicamente o “tenentismo”? 1) - uma forte rejeição ao status quo, representado por governos “carcomidos” – termo empregado amplamente à época – incompetentes em suas ações, corruptos em seus procedimentos com a coisa pública; 2) - como decorrência, tornava-se necessário tomar o poder pela força, com o nobre objetivo de execução de um programa estratégico de modernização, onde estavam incluídos “atalhos” para o desenvolvimento econômico e social, o progresso, a ordem – lemas positivistas da nossa bandeira – 3) - tudo isso executado dentro dos mais rigorosos padrões de honestidade.
Com algumas variações, esta foi a base política e
ideológica que orientou os movimentos “revolucionários”, que ocorreram
sequencialmente, nas décadas de 1920/30: 1. em 1922, com os “18 do Forte”; 2. 1924, pela
“Coluna Miguel Costa”, conhecida posteriormente como a “Coluna Prestes”; 3. a “Revolução de 30”, com a chegada de
Getúlio Vargas, à frente dos gaúchos ao poder central, no qual teve êxito, ao
se manter por 15 anos no exercício da presidência, a maior parte como ditador;
4. em 1932, a “Revolução Constitucionalista de São Paulo”, cujo objetivo
recôndito era desalojar Getúlio Vargas do poder; 5. em 1935, a “Intentona
Comunista” com o intuito de implantar o socialismo marxista no país; 6. em
1937, o governo Getúlio dá “o golpe dentro do golpe”, com a decretação do Estado Novo, anulando a
Constituição promulgada em 1934, iniciando um tenebroso período ditatorial; 7. em 1938, o malogrado “Golpe Integralista “dos
adeptos de Plínio Salgado.(fig. 1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário