domingo, 7 de abril de 2013

A M E N I D A D E S
DESTE DOMINGO

MOTE
NÃO HÁ CLÁUSULA MORATÓRIA.
A VISTA, É SEU PAGAMENTO.
GLOSA
A vida é uma promissória
(dissera Ascenso Ferreira).
E completou, nessa “esteira”,
NÃO HÁ CLÁUSULA MORATÓRIA.
Sou partícipe dessa estória.
O “título” tem vencimento.
Só não se sabe o momento
Em que a “letra” se vence.
O segredo a Deus pertence.
A VISTA, É SEU PAGAMENTO.
Wellington Leiros
     
 CANTIGA DO NUNCA ESQUECER
Ciro José Tavares
                        Para Jailza Simões
        
A vida não te fugiu de todo, herói troiano,
porque renasces nas auroras dos olhos de Andrômaca.
Chegas à casa diuturno, redivivo nos raios do sol
para aquecer enregelados corações
e apaixonado transformar as lágrimas
no orvalho que sacia a sede das roseiras
que a saudade fez florescer no teu jardim.
Apenas te ausentaste para semear canteiros
e amanhã  da messe brotará a luz consoladora.
No silêncio a bem amada que não podes abraçar
Contempla a vida breve dos pirilampos,
Voando nos alpendres em círculos azuis,
enquanto claros de velas no oratório
anunciam que vives entre nós, poeta amado.


Uma Torre Azul no Cotovelo
Eu sei, eu valoro muito 
a Torre medieval de António Nobre 
em Coimbra, conheço que tem espelhos, 
paredes com fantasmas que leem poesia,
nos os cores do mundo e das manhãs,
sei que um vazo tem o coraçao tristonho
e a graça do pranto do poeta...
Eu sei tudo, tudo
do António Nobre, 
da Coimbra das manhãs 
e delas noites.
Sei que Coimbra e outras cidades 
tem galos que podem cantar ate 
embaixo do asfalto 
e outros dominios subterrãneos
mas, e com perdão,  
eu prefiro uma Torrre azul,
a Torre azul 
do poeta Horácio Paiva
lá, na Praia do Cotovelo,
onde, o mar, 
o amor, 
a amizade, 
a vida,
tem as mesmas vastidões oceãnicas. 
                                     Felix Contreras
                                     março de 2013

NOTA TÉCNICA
                                               Ciro José Tavares
Deu-me um enorme trabalho essa tradução da belíssima letra da música Celtic Woman: Scarborough Fair, de autoria desconhecida, que chamou minha atenção num vídeo que apresentava manifestações culturais celtas. Deles eu já conhecia bastante, através da poesia e de outros dois livros do magistral escritor irlandês William Butler Yeats, as obras Onde Nada Existe e O Crepúsculo Celta. Yeats é reconhecidamente um autor místico, debruçado sobre a rica mitologia desse povo que habitou a Grã Bretanha antes da conquista romana. Yeats conta dos druidas, sacerdotes responsáveis por cerimônias e rituais. Politeístas, os celtas tinham na homenagem à deusa Brígida, um dos momentos místicos mais importantes, pois a festa marcava o início do plantio das sementes.
Foi para esse cenário que voltei minhas atenções e o extenuante esforço de não apenas traduzir, mas recriar poeticamente o texto, de forma a deixá-lo próximo do original. Convencido de que Celtic Woman: Scarborough Fair espelhava cenas campestres celtas, fazendo possível referência a algum importante ponto comercial mergulhei nesse filão para concluir a tarefa.
O AMOR DE ANTIGAMENTE *
Ciro José Tavares
Está indo à feira de especiarias em Scarborough?
Ali vive quem foi o meu grande amor de outrora.
Relembre nosso último encontro nas faldas da colina,
Abrigadas pelo profundo verde da floresta,
o chilrear dos pardais em revoada
enquanto colhíamos sálvia tomilho, alecrim.
Fale da túnica inconsúlti de cambraia que me deu,
 roupas de dormir tecidas no carinho
das frágeis mãos  que dispensavam agulhas e tesouras.
Ao encontrar meu antigo amor, em Scarborough,
Peça que reserve um alqueire do terreno de frente para o mar,
Para com foices de couro ceifarmos outra vez ervas daninhas,
arrependidos regar com lágrimas canteiros preparados
e ver,do coração da terra, brotar  sálvia, tomilho, alecrim.
Ao encontrar em Scarborough meu amor de outrora,
entregue esse ramo de urze- de –cheiro para lembrar
 meu verdadeiro amor de antigamente.
.
*Tradução da letra da música de autoria desconhecida
Celtic Woman: Scarborough Fair trabalho que sofreu processo de recriação.

Scarborough Fair
 Are you going to Scarborough Fair?
Parsley, sage, rosemary and thyme
Remember me to one who lives there
He once was a true love of mine
Tell him to make me a cambric shirt
Parsley, sage, rosemary and thyme
Without no seams nor needle work
Then he'll be a true love of mine
Tell him to find me an acre of land
Parsley, sage, rosemary and thyme
Between salt water and the sea strands
Then he'll be a true love of mine
Tell him to reap it with a sickle of leather
Parsley, sage, rosemary and thyme
And gather it all in a bunch of heather
Then he'll be a true love of mine
Are you going to Scarborough Fair?
Parsley, sage, rosemary and thyme
Remember me to one who lives there
He once was a true love of mine

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