terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Cartas de Cotovelo – Verão de 2025.1 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Começamos o novo ano e o veraneio em Cotovelo veio pra valer, uma verdadeira explosão de novos veranistas, estradas congestionadas numa prova de que os órgãos competentes para cuidar do trânsito não evoluíram em nada. Assistimos, com particular alegria, a posse do novo Presidente da PROMOVEC, o empresário Octávio Lamartine, tendo por companheiros – Pascal Genevo, Teresa Neuma, Antônio Carlos, Eugênio Rangel, e Sátyro Gil e o novo Conselho Fiscal composto por Eliana Lamatina, Fabriciano dos Santos, Rogério Cruz e Andréa Leal. A infraestrutura gastronômica não acompanhou a demanda e temos dificuldade em encontrar oferta plena de alimentos em dias de pique, aumentando a quantidade de “farofeiros” forçados pelas circunstâncias e sem a atenção necessária com a limpeza da praia. Os governantes de Parnamirim ainda não tiveram tempo para levantar os problemas da cidade e distritos, o que esperamos ser possível nos primeiros meses de gestão. Contamos com a visita da Prefeita a Cotovelo para discutirmos nossas necessidades, sendo a primeira, em meu entender, a conclusão da ligação da rede de esgotos, posto que até agora só beneficiou os empreendimentos dos mais abastados, relegando os moradores mais antigos, verdadeiros fundadores da Comunidade. Essa é uma questão de saúde pública.
Neste ensejo, quero louvar e agradecer ao novo dirigente da PROMOVEC, Octávio Lamartine pela iniciativa de, às suas custas, recuperar a rampa de acesso à praia da rua Herith Correia, permitindo que os “velhinhos” e deficientes possam, democraticamente, chegar até o mar e desfrutar a natureza. Vamos reviver um tempo de fraternidade entre todos os associados e repensar alterações necessárias ao sucesso da Entidade.
A Epifania do Senhor Padre João Medeiros Filho A solenidade da Epifania do Senhor é celebrada no dia 6 de janeiro. No Brasil, porém, é antecipada para o primeiro domingo do ano. Nela comemora-se a manifestação de Cristo a todas as nações, como luz do mundo! A busca dos Magos é a afirmação desse clarão divino. Dá-se o encontro do Salvador com personagens alheios à tradição bíblica. Eis a primeira lição do Menino. Seu nascimento não veio confirmar privilégios. Nasceu para trazer vida àqueles que desejam a salvação, não importando sua condição socioeconômica, cultural, étnica ou religiosa. Deus não é apenas de alguns, mas de todos. Cristo ensina-nos na manjedoura que Ele não deseja o poder terreno. Veio pobre e indefeso, como uma criança, para não amedrontar. Em torno dele, unem-se os povos, vindos de longe, enquanto os que estavam por perto O ignoraram. Muitos buscam Cristo de modo diferente. Os Magos procuraram-No para O adorar, porém Herodes pretendia matá-Lo. Enquanto uns proclamam Jesus: “Luz do mundo” (Jo 8, 12), outros desejam execrá-Lo, porque a claridade desnuda o erro, a injustiça e o pecado. Os Magos simbolizam os sedentos da Palavra divina e Herodes representa o Mal. Eles são imagem de nossa trajetória humana. Para descobrir Cristo, às vezes, temos de caminhar nas trevas, por terras desconhecidas e desertas. Uma estrela os conduziu até a cidade de Belém. De igual modo, existe para nós a chama da fé que nos conduz ao local onde encontraremos o Salvador. Infelizmente, há os que ficam cegos com sua própria luz. Têm medo de aceitar Jesus, por isso procuram destrui-Lo. É uma tentação constante da humanidade: querer eliminar quem incomoda. Cristo sequer começara a sua pregação, mas sua presença já importunava. Para proclamar o nascimento do Salvador, devemos fazer o caminho inverso dos poderosos e nos desviar da rota da cobiça e do orgulho. Só Deus enche de paz o coração do homem. Nem mesmo a riqueza, o poder e a glória nos aquietam. Belchior, Baltazar e Gaspar fazem-nos compreender que os considerados excluídos são os primeiros a sentir a graça divina. Jesus nasceu para todos e mostra-nos que a misericórdia do Onipotente pelos homens não discrimina. “Deus não faz acepção de pessoas”, assevera-nos o apóstolo Paulo (Rm 2, 11). A realidade divina tornou-se acessível aos mortais. O Verbo não veio apenas ao mundo, também se encarnou para que sentíssemos o seu Amor por nós. Vivemos numa sociedade egoísta, na qual as pessoas cada vez mais se fecham, numa atitude de insensibilidade ou medo. Apesar de sua grandeza, o Filho de Deus fez-se humilde e pequeno para não atemorizar. Mesmo os desconhecidos foram recebidos com ternura e respeito. Hoje, Ele se revela a nós, não como aos pastores e Magos, mas no pobre dormindo ao relento nas ruas, nos idosos abandonados por familiares ou pela sociedade, no doente num leito de hospital sem atendimento adequado, carentes, injustiçados etc. Ensina-nos a amá-Lo, sentindo-O no próximo. A presença de Cristo é fruto de busca incessante. Ele deseja se revelar a cada um de nós. Porém, precisamos perseverar e procurá-Lo até nas trevas. Jesus é o Irmão de todos. Nasceu tanto para o seu povo, como para os estrangeiros vindos do Oriente, cuja religião era outra. É relevante o relato de Mateus a respeito da indagação palaciana sobre o local do nascimento do Menino. O evangelista narra a ignorância de Herodes, ícone dos prepotentes da época. “Onde está o Rei dos Judeus, que acaba de nascer?” (Mt 2, 2). Por vezes, a nossa alienação é idêntica. Cristo está próximo de nós e não O reconhecemos; ao nosso lado e não O percebemos. Falta-nos o desejo de busca e descoberta do Divino. Os Magos não mediram esforços. Viajaram por terras estranhas, enfrentando adversidades, mas foram recompensados pela alegria de encontrar o Menino Deus. Em sinal de gratidão, ofertaram o que tinham de melhor, segundo as suas tradições. Vale lembrar a exortação do profeta Isaías: “Levanta-te, ilumina-te, porque chegou a tua luz, e a glória do Senhor raiou sobre ti” (Is 60, 1).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O despontar de um Novo Ano Padre João Medeiros Filho O tempo é um enorme desafio que envolve a vida. Não é mera sucessão de dias e anos, revelando a impotência humana para detê-lo. Apesar dos avanços tecnológicos, não se consegue pará-lo. A sua fugacidade não se explica apenas por conceitos cronológicos. Somente a humildade pode evitar que ele se torne uma espada, apontando diariamente para cada um a lâmina da verdade. A simplicidade faz aceitar os enganos das escolhas e desmascara as farsas que trapaceiam até inteligências aguçadas. O tempo passa inexoravelmente. Ninguém o prende e tem-se a impressão de que atualmente é mais veloz. Há avalanches de possibilidades, propostas e necessidades criadas – muitas desprovidas de interioridade – invadindo o âmago do ser humano. Místicos e filósofos ensinam que a temporalidade é uma questão interior. Ao se focar tudo na exterioridade, não só o tempo parece passar mais rápido, mas também se esvairá à revelia. Sem espiritualidade, tende-se a adotar um modo egoísta de existência, destituída do inarredável compromisso com o próximo e lúcida exigência para o convívio social. O desejo de um Ano Novo feliz requer algo mais. Pede o cultivo da sensibilidade interpessoal e outro estilo de sociedade. Eis o que afirma o Onipotente ao profeta Isaías: “Por amor de Sião não me calarei, por amor de Jerusalém não descansarei, enquanto não raiar como um clarão a justiça, e a sua salvação não brilhar como uma tocha” (Is 62, 1). É o novo para aquele hagiógrafo! Deste modo, desenha-se o caminho, trazendo-o para perto dos homens. Isto acontecerá, mesmo na contramão de interesses egoístas, ideológicos e partidários, por vezes mesquinhos, desumanos, deletérios e alienantes. “A luz e o canto anunciaram a alegria da nova vida, o sorriso encantador da esperança e a certeza inefável da vitória. E tudo isto é, a um só tempo, tão simples e frágil, grandioso e resplandecente” (Liturgia natalina). Para que haja realmente um Ano Novo, é preciso reduzir a ansiedade, a violência, a mentira, as narrativas, o pessimismo, a polarização e o ódio. Convém regar de esperança e ternura os sentimentos mais profundos. Evitar mirar-se nos outros. A inveja mina a autoestima, fomentando o ressentimento e abrindo dentro do coração um fosso no qual se precipita o próprio invejoso. É o panorama presente na política do Brasil de hoje, marcada da avidez de poder e dominação! Em 2025, haja empenho para acreditar em si mesmo, despertando criatividade para superar crises e dificuldades. Abraçar a virtude teológica da esperança – temática do Ano Santo de 2025 para os cristãos – a fim de vencer os contratempos, acreditando que no íntimo de cada um encontra-se Deus: força maior do amor e da transformação. Para que o Ano seja realmente Novo, é necessário cuidar das palavras. Não se pronunciem difamações e injúrias, nem se espalhem mentiras nas redes sociais. O ódio destrói primeiramente quem o carrega na alma e não apenas o odiado. Troque-se a maledicência pela benevolência. Lembrar-se da importância de alguns elogios por dia, em vez de críticas e condenações. Para haver Ano Novo não se deve desperdiçar o tempo da vida, ser hipnotizado pelo celular. Não se recomenda navegar irresponsavelmente pela internet, naufragando no turbilhão de imagens e informações, nem sempre absorvidas. Urge não deixar que a sedução da mídia anule a capacidade de discernir, tornando o ser humano autômato e consumidor compulsivo. É necessário centrar a existência em valores permanentes, jamais efêmeros. Neste mundo ruidoso é preciso buscar o silêncio. Neste poder-se-á encontrar Deus. Isso será verdadeiramente um Ano Novo. Importa cuidar da saúde com equilíbrio e sensatez, sem a escravidão a modismos. Aceitar as rugas e cabelos brancos sem temer as marcas do tempo. Não esquecer que a idade pode ser sinal de sabedoria. Não dar importância ao transitório, nem confundir o urgente com o prioritário. Afastar pensamentos preconceituosos e sentimentos excludentes. A vida é bela e breve! O Transcendente deve inundar o cotidiano e habitar a subjetividade. Aprender a fechar os olhos para ver melhor. E no decorrer de 2025, “Deus nos abençoe e guarde, volte para nós a sua face e nos dê a sua paz” (Nm 6, 24-26).
MENSAGEM PARA O ANO NOVO DE 2025 Padre João Medeiros Filho É lugar comum desejar um feliz e próspero ano novo! Mas, não raro, isto soa como uma expressão formal e rotineira, fruto de etiquetas e boas maneiras. O augúrio de paz deve brotar da sinceridade de nosso coração, arraigado na esperança de todos para levar à frente a construção de uma sociedade, onde reinem o respeito e a fraternidade, descartado o ódio e fortalecidas as formas de dignidade humana. Isto deve ser a razão de nossa alegria e efusão de nossos sentimentos, na beleza do alvorecer do ano que chega. Paz! Eis o grande dom que devemos aspirar para nossas vidas. Queira Deus, recebamos, em todos os dias de 2025, a bênção bíblica: “O Senhor te abençoe e te guarde. Faça resplandecer a sua face sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a sua Paz” (Nm 6, 24-26). Ao despontar de mais um ano, rezemos para que o “fruto bendito do ventre de Maria” seja reconhecido e amado. A Palavra por Ela gerada seja escutada e vivida. O amor por Ele pregado seja compreendido e transmitido. O perdão trazido aos homens pela prodigalidade divina seja repartido e imitado. A doçura, a clemência e a misericórdia do Eterno, presentes no Evangelho de Cristo, substituam a insensibilidade, o egoísmo e a polarização reinante no Brasil hodierno. Assim, haveremos de sentir que teremos um ano de graça e paz, que vêm do Salvador do Mundo. Rezemos ao iniciar mais um ano a prece do “Poverello de Assis”: “Senhor, fazei de mim um instrumento de Vossa Paz, onde houver ódio que eu leve o Amor!” Sigamos também as recomendações do apóstolo Paulo: “... Façam orações por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos paz, justiça e dignidade” (1Tm 2, 1-2). Um ano pródigo de bênçãos, graças, saúde, harmonia, trabalho, fraternidade e bom inverno! Desejam-lhes Padre João Medeiros Filho, sua irmã Maria Luiza e demais familiares.