UM BRASIL DIVIDIDO
Carlos
Roberto de Miranda Gomes, apenas um cidadão descrente
Pensei não
ter que passar, outra vez, pelos percalços dos anos 60, quando a nação viveu
dias de ódio e divisionismo entre esquerda e direita nas eleições gerais de
1960. Aqui no Rio Grande do Norte a contenda nem sequer era ideológica, mas
fisiológica – destruição da unidade familiar, violência e perseguições.
Todos
estavam violáveis. Então, um sopro divino nos enviou o Monsenhor Walfredo
Gurgel, que saneou as finanças do Estado e curou as feridas dos contendores.
Superado o
período do Estado militarista, tudo voltou como d’antes, retornou o ódio, se
revigorou a corrupção, a mentira passou a ser o carro chefe da política, agora
aperfeiçoado com o uso indevido da tecnologia virtual das redes de comunicação,
tudo sob a fragilidade uma Justiça que não consegue superar os litígios
deletérios.
Após a minha
aposentadoria, joguei todo o vigor que me restava para colaborar com as
instituições beneméritas e culturais, de onde nem sempre fui compreendido,
recebendo a indiferença de uns, a crítica de muitos e a compreensão de poucos –
tudo absolutamente sem retribuição pecuniária, enquanto os governantes, de
todos os níveis, se banqueteavam na opulência e na propaganda enganosa.
E agora
José? Vejo atônito o retorno da desagregação social – amigos se indispondo,
famílias igualmente divididas – todos sofrendo as pressões do radicalismo
partidário, mentiroso, opressor dos governantes e dos aspirantes aos governos.
Estou
completamente envergonhado com as mensagens corrosivas e indisfarçavelmente
desagregadoras que recebo de pessoas que tanto prezei e procurei incentivar
para um futuro de esperanças.
Nem mesmo
nas hostes culturais encontro a necessária sinceridade, pois o individualismo e
a arrogância ainda predominam.
Desculpem-me,
estou desolado, triste, decepcionado, sem forças para continuar. A única
esperança que não perdi é a de que O Salvador retornará para aliviar o
sofrimento do seu povo. Que seja breve – gostaria de ver esse acontecimento
antes da viagem final.
Como é bom passear pela sua lúcida e honesta narrativa. Não se preocupe se não der pra ver as coisas acontecerem como gostaria... certamente o que você terá deixado se perpetuará na formação de novas idéias, assim é o saber...
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