segunda-feira, 18 de abril de 2022

 As crônicas de Jahyr Navarro

Daladier PessoaCunhaLimaReitor doUNI-RN

 

Depois de muitos apelos de amigos para que reunisseemlivroumaseleção das suas crônicas, publicadas no jornal Tribuna doNorte, JahyrNavarro resolveu perenizar em uma obra esses seus ótimos escritos. Somoscolegas de turma e, durante seis anos, de 1960 a 1965, vivemosodiaadiado curso médico. Sempre de bom humor, alegre, brincalhão, nashorasdelazer fazia com que o sorriso fosse frequente nas faces dos 22colegasdaturma, bem assim de amigos de outros períodos. Porém, nas aulasenashoras de aprender, encarava tudo com o maior rigor. Foi bomaluno, assíduo,dedicado, e, ao concluir o curso, foi logo para o Rio de Janeirofazer estágioem um dos melhores hospitais da cidade. Ao retornar, fez concursoetornou-se professor de otorrino, ao lado de grandes mestres, entreosquaisonotável Raul Fernandes. Escrever e publicar é se desvelar aos leitores, mesmo quenãosetratede autobiografia. O escritor Ivan Maciel, em crônica sob o título“Oofíciodeescrever”, publicada no jornal Tribuna do Norte, em16 de janeirode2016,assim se expressa: “Há também em todos nós, comvocaçãoounãodeescritor, uma tendência compulsiva de nos revelarmos. Queremoscomunicaraos outros – sem saber sequer se isso vai interessar alguém– nossasideias,sonhos, fantasias. Mais ainda: o que sabemos ou o que pensamossobreavida”. Clarice Lispector, em crônica no Jornal do Brasil, em5dejunhode1971, (Viajando por mar), escreve: “Um dia, telefonei para RubemBraga,ocriador da crônica, e disse-lhe desesperada: Rubem, não soucronista, eoque escrevo está se tornando excessivamente pessoal. Oqueéqueeufaço?” Ele respondeu: “É impossível, na crônica, deixar de ser pessoal.” O livro de Jahyr Navarro compõe-se de crônicas de passagensvividaspelo autor, na sua querida cidade de Natal. Impregnada de amor telúrico,alinguagem do escritor Jahyr Navarro é límpida, enxuta, semsobrasdepalavras e de extrema clareza. É o tipo de texto que prendeoleitor atéàúltima frase. São aventuras, relatos, lembranças de velhos amigos, lugares,ruas, hospitais e até igreja, um amplo resgate histórico de cenasguardadasnos desvãos da memória do autor. As crônicas de Jahyr Navarrooelevaàcondição de figurar entre os melhores escritores memorialistas dacidadedeNatal. Só para ilustrar, vejamos poucas frases da crônica “Lembrandoaminha rua”: “A minha rua era cheia de graça, e tudo nela tinha oseuencanto(...). Em cada pedaço de chão que piso, salta uma lembrança. Cadacasaque ainda resta, ou, que não se modificou, lembra umrosto, umahistória...”Jahyr Navarro da Costa é homem de múltiplas atuações: médico,dentista, professor, cantor, boêmio, causeur, atleta, escritor e pilotodeavião,com brevê. Em tudo, sempre se houve de forma profícua, eleganteecompetente. Texto publicado na Tribuna do Norte, em14/04/2022

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