sábado, 9 de abril de 2011


ARTIGO

Pannem et circenses (pão e circo)
Geraldo Batista de Araújo (*)


Mesmo me lembrando do recado de Charles Chaplin: “Nunca faça do amanhã sinônimo do nunca” ando muito desconfiado que o meu país não vai mais tomar jeito.

Sou daqueles que acreditam que a Igreja Católica deve evangelizar e ao mesmo tempo abrir os olhos dos seus fiéis para que eles aprendam a distinguir o certo e o errado, o que é conveniente para o povo e o que é enganação.

Os imperadores romanos, quando o império já mostrava sinais de decadência, ao invés de tomarem medidas para beneficiar o bem comum, preferiram optar pela política do “Pannem et circenses”, ou seja, oferecer pão e circo para o povo. Nesta prática quem pagou a conta foram os cristãos que eram devorados pelos leões, diante do delírio do povo.

O governo brasileiro está seguido o mesmo caminho. Em lugar de gastar o dinheiro arrecadado através dos impostos, em educação, saúde, saneamento e transporte vai financiar uma Copa do Mundo de Futebol.

O que é mais útil para o povo? Sediar uma Copa do Mundo ou segurança, saúde, educação e tranporte? O que é melhor para o país e para as futuras gerações? Um campeonato de futebol que dura menos de um mês ou o indispensável saneamento de nossas cidades?

Quando convidaram Lula e os personagens que dirigem o nosso futebol para a Suíça para assistirem o veredicto de Joseph Blatter, presidente da FIFA, cuja honestidade não resiste a menor investição, sobre a escolha do país que deverá sediar a Copa do Mundo de futebol, em 2014, eu tive a certeza de que o Brasil já estava escolhido. Eu torci para que o Brasil não fosse escolhido. Os leitores têm todo direito de perguntar? Qual a razão dessa torcida maluca? É muito simples: não quero assistir a repetição da roubalheira que se viu na preparação do PAN. E não venham dizer que não sabem. O TCU está investigando o óbvio. Todo mundo tomou conhecimento dos absurdos cometidos pelo Sr. Carlos Arthur Nuzman e sua camarilha. Disse daqui deste espaço que vibrei muito com nossos atletas durante o PAN. Mas tenho certeza que cada medalha não custou apenas muita dedicação e suor dos nossos atletas vencedores, custou também os olhos da cara para o Brasil. Agora, estou certo de que a reforma e a construção de nossos estádios vão ser superfaturadas de uma maneira vergonhosa. Já deve ter uma comissão formada por espertalhões pronta para botar a mão no dinheiro da viúva.

Assisti a reportagem sobre a solenidade do anúncio de que o Brasil iria sediar a Copa do Mundo. Ouvi Lula dizer que o Brasil de 1949 foi capaz de receber o campeonato mundial de futebol, mas se esqueceu de esclarecer que o Brasil da metade do século passado não era corrupto como o de hoje.

Meus pacientes leitores sabem que na zona canavieira de Pernambuco, as crianças estão deixando de assistir aula? E por qual razão? Os bandidos assaltam, quase todos os dias, o transporte escolar e tira delas as contadas moedas que alguns levam para comprar um picolé ou uma pipoca e os que não levam dinheiro apanham dos assaltantes. Um país que não é capaz de oferecer segurança às crianças pobres para assistirem aulas, pode se dar ao luxo de sediar uma Copa do Mundo?]

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(*) Este artigo foi escrito e publicado no jornal de uma paróquia de Natal quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2.104.
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FONTE: Jornal Virtual de ROBERTO GUEDES

sexta-feira, 8 de abril de 2011


ÊTA CABRA SORTUDO

Caros amigos e leitores,

Nesse último domingo na praia da Pipa, tomava um caldinho de “sururu” acompanhado de uma boa cachaça, quando mordi algo estranho que a princípio me pareceu uma pedra. Qual foi minha surpresa quando descobri que a suposta pedra, era nada menos que uma pérola. A descoberta inusitada me inspirou escrever uma crônica que será publicada ainda esse mês.

Abraço a todos,
Ormuz Simonetti

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS?

Caros amigos,

a operadora de telefonia - TIM CELULAR S/A - cancelou indevidamente
a linha telefonica - 9953-2666 - a qual eu era o titular. Apesar
das oito (08) tentativas inócuas no sentido de reativar a linha
telefonica em face dos contatos pessoais e comerciais (pois utilizo
a linha como parte do meu trabalho), me senti impotente frente a
grandeza da operadora, sendo, inclusive, alvo de chacota das
telefonistas/atendentes pouco preparadas para atender aos
questionamentos dos assinantes, inclusive. Em face das informações
que obtive, me obriguei a ingressar com ação judicial solicitando
ao Estado/Juiz a reativação da linha telefonica e um pedido de dano
moral. O processo tramita pelo Juizado Especial Cível. Vamos ter fé
e aguardar o despacho liminar de reativação da linha. Na tentativa
de reativar a linha telefonica, realizei uma ocorrencia na ANATEL e
outra no site nacional reclameaqui.com.br. Dai quero apresentar
desculpas por não ter atendido a sua ligação. Estou, momentaneamente,
atedendo no telefone 8899-2666. Grato, Heriberto.
____________
Desabafo cidadão do Procurador Heriberto Escolástico Bezerra Júnior
continuação do mesmo assunto:
A Juíza deferiu a medida liminar contra a TIM, determinando a reativação da minha linha, bem como, fixando multa diária de R$ 100,00, na hipótese de descumprimento.
Segue a decisão liminar abaixo.

Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte
Juízo de Direito da Comarca de $vara.getcidade()
12º Juizado Especial Cível Central
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Jaguarari, 1450, Alecrim, Natal/RN
Processo nº: 001.2011.015.388-7
Parte Autora: HERIBERTO ESCOLÁSTICO BEZERRA JÚNIOR
Parte Ré: TIM NORDESTE S/A

DECISÃO

Cuida-se de pedido de antecipação de tutela formulado pelo requerente a fim de que a empresa demandada seja compelida a desbloquear sua linha telefônica móvel.

Para tanto, aduz o autor que todas as suas faturas mensais estão devidamente quitadas e, no entanto, teve bloqueada indevidamente a sua linha nº (84) 9953-2666. Aduz que já manteve diversos contatos com a requerida, mas não houve resolução para o seu problema.

Intimado para que juntasse alguns documentos, o postulante cumpriu a diligência satisfatoriamente no evento 9.

É o que importa mencionar. Decido.

Para fins de deferimento da medida de urgência ora pleiteada, faz-se necessária a presença de dois pressupostos, quais sejam, a verossimilhança das alegações, consubstanciada na prova inequívoca dos fatos alegados, além dos requisitos do periculum in mora ou da existência de abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu.

No caso em análise, constata-se que há plausibilidade do direito perseguido pelo demandante, a medida em que questiona o bloqueio indevido de sua linha telefônica móvel de número (84) 9953-2666, juntando aos autos, inclusive, os comprovantes de pagamentos das contas mensais vencidas nos meses de dezembro de 2010 a março de 2011.

O periculum in mora, consubstancia-se na demora do provimento jurisdicional que pode levar a uma situação de dano irreparável ou de difícil reparação à autora, haja vista que a promovente, ao questionar na justiça a demanda, pretende não sofrer limitação ao uso de seu telefone em razão de dívida que reputa já quitada.

Ressalte-se que, o deferimento da medida de urgência, em nada prejudicará o direito da empresa demandada, até porque, após o devido processo legal, com a oportunidade de contraditório e ampla defesa, a revogação da medida de urgência poderá se impor. E, caso observada tal revogação, nada obstará o novo bloqueio da linha telefônica da parte autora.

Registro que, tratando-se de relação de consumo e vislumbrando-se a hipossuficiência e a verossimilhança das alegações autorais, serão aplicados os preceitos insculpidos no CDC, a exemplo da responsabilidade objetiva e da inversão do ônus da prova, a qual decreto desde já.

Com essas considerações, DEFIRO o pedido de ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, devendo a parte demandada TIM NORDESTE S/A efetuar o desbloqueio da linha telefônica móvel nº (84) 9953-2666, de titularidade da parte autora, HERIBERTO ESCOLÁSTICO BEZERRA JÚNIOR, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de multa diária no valor de R$ 100,00(cem reais), limitada esta ao patamar de 20 salários mínimos.

Desde já defiro o pedido de reaprazamento da audiência de conciliação formulado pelo demandante no evento 9. A secretaria deve providenciar o cancelamento da sessão já designada e o agendamento de nova data.

Intimem-se. Cite-se a empresa demandada.
Natal/RN, 07 de abril de 2011.
Juíza de Direito
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A propósito, no mês de março passado deixei de receber a conta da CAERN e, como autorizei o desconto automático, não me preocupei. Agora, ao receber a conta de abril resolvi fazer a conferência e constatei que houve uma disparidade injustificável, posto que meu consumo médio alcança o valor mensal de R$ 250,00 a R$ 300,00 e o referido mês de março alcançou o valor de R$ 867,93. Vou fazer uma reclamação diretamente, pois a ouvidoria só faz ouvir e não resolve nada. Será que vale a pena optar por desconto automático. Voltarei ao assunto. CG
OBS.: Fiz uma ocorrência e pedi para fazer uma verificação no meu hidrômetro, pois este mês voltou tudo ao normal - certamente que vazamento não é. E agorta????

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Lagoinha protegida

Supremo suspende lei de zoneamento em NatalO ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a Lei 228/2004 do município de Natal (RN), que trata do zoneamento territorial da região da Lagoinha. O ministro disse que a situação, aparentemente, contradiz a Constituição Federal, que exige estudo prévio de impacto para atividade potencialmente causadora de dano ambiental.

Barbosa também considerou que o impacto das obras de urbanização pode causar consequências como o desaparecimento completo dos recursos naturais. "Parece-me, portanto, que o deferimento da cautelar é a única forma de preservar o resultado útil do recurso, tal como formulado", disse.

A decisão foi dada em Ação Cautelar. O procurador-geral de Justiça do estado recorreu ao STF contra decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte em que foi julgada improcedente Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a lei.

O argumento do procurador-geral é de que a norma revogou proteção ambiental da região e liberou 80% da área para toda e qualquer espécie de uso, mas o território tinha sido, originalmente, destinado à proteção integral.

Segundo o procurador, o TJ-RN já concedeu licenças a particulares dizendo que a lei é constitucional, e isso cria "risco efetivo de danos ambientais, uma vez que terraplanagem de duna vegetada e derrubada de vegetação integrante da Mata Atlântica seriam pré-condições para a construção de empreendimento imobiliário na área e deste poderão resultar contaminação de aquífero e afloramento de lençol freático".

O TJ-RN, tinha considerado que a revogação da proteção ambiental pela lei foi compensada pela criação de outros instrumentos de controle. Com informações da Assessoria de Imprensa do Supremo Tribunal Federal.

AC 2.812
RE 519.778

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Fonte: Boletim CONJUR - 5.4.2011

terça-feira, 5 de abril de 2011


O TEOREMA DA FEIRA ESTÁ DE VOLTA

Revista virtual de cultura e arte mantida pelo escritor Lívio Oliveira retorna para a alegria dos seus leitores.
Na edição de hoje nos oferece assuntos interessantes, os quais transcrevo, resumidademente, para que você vá direto à fonte:

"Estrelas" - de Tico da Costa (enviado por Deth Haak)
Bênçãos, Poeta! Que bom o Teorema estar de volta. Aproveito para comunicar que já estamos trabalhando a terceira edição do " Várias Vozes e um só Canto", homenagem a Tico da Costa. Em assim sendo, gostaria de compartilhar com você a interpretação de ESTRELAS por parte de uma cantora francesa, em Paris, no ano passado, com a participação do quarteto de cordas de L'OPERA DE PARIS. Arranjos do nosso Sérgio Farias.
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El DÍA DESPLIEGA SU CUERPO transparente. Atado a la piedra solar; la luz me golpea con sus grandes martillos invisibles. Sólo soy una pausa entre una vibración y otra: el punto vivo, el afilado, quieto punto fijo de intersección de dos miradas que se ignoran y se encuentran en mí. ¿Pactan? Soy ele espacio puro, el campo de batalla. Veo a través de mi cuerpo mi outro cuerpo. La piedra centellea. El sol me arranca los ojos. En mis órbitas vacías dos astros alisan sus plumas rojas. Esplendor, espiral de alas y un pico feroz. Y ahora, mis ojos cantan. Asómate a su canto, arrójate a la hoguera.

(Octavio Paz, in ¿Águila o Sol?, edición comemorativa 50 aniversario (1951-2001), México: Fondo de Cultura Económica, 2001, pág. 100).
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Lobão espetacular!
Ontem, ao passar na Livraria Siciliano do Midway Mall, para verificar uns livros que havia reservado, deparei-me com o cantor e compositor Lobão fazendo uma palestra acerca de seu livro autobiográfico "Lobão: 50 anos a mil". Infelizmente, não pude entrar no auditório porque já estava atrasado.

Após a palestra, o roqueiro Lobão começou a autografar o seu livro para um longa fila de fãs. Também infelizmente, eu não havia levado o meu exemplar, que li de um fôlego e com prazer incomparável.

Mas, para mim, o melhor da noite foi uma excelente conversa que tive com alguns amigos: a jornalista Dani Pacheco, o poeta Carlos Gurgel, o músico Esso, o poeta Xavier, o jornalista Yuno...

Lobão voltará a Natal, ainda nesta semana, quando teremos no sábado, 09 de abril, o seu show no Teatro Riachuelo.
Conferirei.
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Ernest Hemingway
Oak Park, USA, 21 de Julho 1899 — Ketchum, USA, 2 de Julho 1961

Reabri, ontem, o meu exemplar todo sublinhado e anotado de ”Paris é uma festa”, belíssimo livro do grandalhão escritor americano Ernest Hemingway, que escreveu uma importante obra, ganhou um Nobel, viveu uma louca vida, conquistou várias mulheres e verteu todos os copos, e terminou essa historinha se matando com um certeiro tiro de fuzil.

De súbito, o livro exalou um forte cheiro de álcool.

Explico.

Não há no livro uma página sequer em que Hemingway não tenha descrito ou feito ligeiras referências acerca de encontros etílicos de diversos níveis e circunstâncias e alguns porres de dar dor de cabeça em bisão.

Paris não era somente uma festa naqueles chamados ”anos loucos”. Era uma orgia alcoólica interminável.

O próprio Hemingway descreve:

“Naquela minha temporada européia, todo mundo considerava o álcool tão normal e sadio como qualquer bom alimento, além de grande fonte de alegria e bem-estar. Beber vinho, por exemplo, não era uma forma de esnobismo ou sinal de sofisticação, nem uma espécie de culto. Era tão normal como comer e, para mim, muito necessário. Jamais me ocorrera fazer uma refeição sem tomar vinho, cidra ou cerveja.”

Mas, não é só em vinho, cidra ou cerveja que “Paris é uma festa” é mergulhado a todo instante durante a releitura em que prossigo. Tem whisky e champagne da melhor e todos os drinks clássicos, além da indefectível eau-de-vie. Tem até, eventualmente, uma boa água mineral Perrier (que devia dar dor de barriga naqueles bebedores compulsivos).

No meio dessa bebedeira toda, gente genial, como um tal de Scott Fitzgerald, uma senhorinha chamada Sylvia Beach, outra chamada Gertrude Stein, um iniciante na poesia chamado Ezra Pound….e muitos bêbados profissionais e outros eventuais. Mas, em cena a que Hemingway comparecesse não podia haver banalização da sobriedade. E olhe que ele nem conheceu o Beco da Lama…

Mas, para mim, a história mais curiosa do livro envolve dois serezinhos que não se misturavam (até então) com álcool: um bebê e um gato.

Já no capítulo final do livro, que Hemingway intitula como “Paris continua dentro de nós”, vem a inusitada notícia de que, na impossibilidade de contratar uma baby-sitter, Hemingway e sua esposa deixavam um bebê aos cuidados de………………um gato.

Caramba! Não pensem que é mentira minha, escrevendo isso para os leitores desavisados deste querido blog! O doido do Hemingway é que escreve:

“Não podíamos contratar babás naquele tempo, e Bumby ficava sozinho em seu berço de grades altas, isto é, acompanhado apenas de seu amigo, nosso grande e manso gato F. Puss. Muitas pessoas nos diziam que era perigoso deixar uma criança sozinha com um gato. As mais ignorantes e preconceituosas informavam que o gato lhe chuparia a respiração, matando-a. Outras alertavam-nos para o perigo de o gato deitar-se em cima do bebê, esmagando-o. Mas F. Puss não nos causava qualquer receio: deitava-se na caminha, ao lado de Bumby, e ficava vigiando a porta com seus grandes olhos amarelados, não deixando que ninguém se aproximasse enquanto eu e minha mulher estivéssemos fora, e Marie, a femme de ménage, fosse fazer alguma compra. Não podíamos ter uma babá, mas era absolutamente desnecessário. F. Puss exercia essa função.”

Ô Cabra doido e interessante era aquele Hemingway!!!!!!!
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Fernando Sabino - uma homenagem
Descobri a obra do escritor mineiro Fernando Sabino (Belo Horizonte, 12 de outubro de 1923 – Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2004) a partir da leitura do livro “Elenco de Cronistas Modernos”, numa edição José Olympio de 1975, capa e sobrecapa branca e verde, e que eu lia avidamente em minha adolescência nos já distantes anos 80, acompanhando-me o volume como uma espécie de Bíblia particular.

Nesse livro, além daquelas lições do texto breve de Sabino, havia crônicas escolhidas de Carlos Drumonnd de Andrade, Clarice Lispector, Manuel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz e Rubem Braga. Pequenas obras-primas.

À época, chamou-me especial atenção aquele estilo límpido, ágil e bem-humorado das crônicas de Fernando Sabino, como, por exemplo, o que se fazia estampado no texto antológico de “A Última Crônica”, que tem como pano de fundo um peculiar aniversário.

Depois, li quase toda a obra de Sabino. E comecei por um livro engraçadíssimo chamado “O Grande Mentecapto” (1979), um romance picaresco que mata qualquer um de rir (posteriormente, em 1986, foi transformado em filme – que vi, se não me engano, no saudoso Cine Nordeste – com o ator Diogo Vilela fazendo o papel principal de Geraldo Viramundo).

Ainda tenho algumas edições originais (com aqueles dorsos coloridos e capas invariavelmente brancas) de Sabino, como o seu primeiro livro “Os grilos não cantam mais” (de 1941, reeditado em 1984), além de “A mulher do vizinho (1980), “O gato sou eu” (1983), “A faca de dois gumes” (1985). Tenho, também, toda a obra reunida pela Aguillar, onde consta o seu mais famoso livro “O Encontro Marcado” (1956) e vários outros.

Tive a oportunidade de ver Fernando Sabino por três vezes.

A primeira foi num evento chamado justamente “Encontro Marcado” (que aconteceu, em Natal, no auditório principal da UFRN) em que havia, por todo o Brasil, palestras de escritores importantes, como Ignácio de Loyola Brandão, Marina Colasanti, dentre outros (talvez, para Natal, tenha sido esse o precursor do ENE e de outros eventos).

Na segunda vez, quase esbarrava com Sabino e sua filha cantora Verônica na esquina do calçadão do velho Hotel Ducal. Que encontro maravilhoso que aquele (este) adolescente vivenciou (mesmo que não marcado)!

Na terceira vez, eu já havia lido quase todos os seus livros e fui, em companhia de meu pai, ao lançamento de “A faca de dois gumes” (que também foi transformado posteriormente em filme), que aconteceu lá no velho Zás-Trás. Naquele acontecimento eu contava com 15 anos de idade e não tive nenhuma vergonha de levar uns oito livros de Sabino para que ele autografasse. E o melhor aconteceu, para escândalo, certamente, de alguns pretensiosos e antipáticos intelectuais que fazem pouco caso de seus admiradores: Fernando Sabino não se negou a autografar nenhunzinho e todos eram diferentes e longos autógrafos!!! E, ainda de quebra, bateu altos papos com papai e me fez um elogio. O máximo! O máximo!

Tenho aqui uns que quero transcrever para conhecimento geral. Vejam que beleza e que generosidade a de Sabino, primeiramente autografando “O Grande Mentecapto”:

“A Lívio, esta lembrança do nosso irmão espiritual Geraldo Viramundo, O Grande Mentecapto (Sabino usara aqui o título impresso do livro, intercalando-o entre as suas palavras manuscritas), a que se associa com um afetuoso abraço, o Fernando Sabino. Natal, 16/6/85”.

No livro “Os grilos não cantam mais”, Sabino escreveu para mim:

“Ao Lívio, com inveja dos seus 15 anos, e a certeza de que você haverá de vencer. O melhor abraço do seu Fernando Sabino. Natal, 17/6/85″ (curiosamente, Sabino mudou a data, conforme veem através do cotejo com o autógrafo acima).

É, meus amigos e amigas, há umas lembranças que emocionam…

p.s. 1. Talvez, Fernando Sabino tenha cometido um único grave erro em sua trajetória intelectual: uma certa biografia da ex-ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello. Chamou-se “Zélia, uma paixão” e não trouxe muitas alegrias para Sabino, que terminou a vida meio magoado com a imprensa (que nada perdoa);

p.s. 2. Fernando Sabino foi um excelente baterista de Jazz. Mais um motivo para eu ter sido e continuar sendo fã do cara;

p.s. 3. As gerações escolares atuais precisam resgatar esse nome e a leitura de sua obra.
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10/12/2010Deep Throat and the Panorama
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O velho cinema "Rio Grande", no centro de Natal (foto de autoria não identificada)

Mais uma vez me acomete uma certa nostalgia dos anos 70 e 80 em Natal.

Eu, que costumava frequentar as salas de cinema que existiam naquela altura, tenho hoje preferido o conforto de ver filmes em DVDs (muitos, muitos, e sendo paulatinamente empilhados num canto do apartamento) a seguir o ritual cansativo e competitivo de assistir a filmes em cinemas de shoppings.

Para mim é difícil enfrentar o ruído de alguns espectadores. Para mim é inexplicável que eu tenha que procurar a “terra prometida”, subindo com o meu carro por uma espécie de labirinto em espiral (até chegar no ponto G5 do shopping) para conseguir ter acesso a uma sala de cinema disputada por alguns (nem sempre, sejamos justos) mal-educados que só veem filmes por não encontrarem criatividade para outras escolhas (como, por exemplo, ler).

Ah! Em alguns casos, tenho antes que enfrentar grandes filas, o que me faz ficar distante de lançamentos como “Tropa de Elite 2″. Mas, tem nada não, afinal, já assisti à terceira versão do filme em capítulos dos telejornais recentes…

E aí, vou tentando também me atualizar em DVDs, na medida do possível. Claro, que aí ocorre um “delay”. Mas, paciência, não sou daqueles que correm para ver os filmes e para comentar, fresquinhos, fresquinhos (os filmes vistos, claro!) nos blogs culturais.

Prefiro, mesmo, o balançar da rede, o sofá rechonchudo, ou mesmo a cama, para ver os meus clássicos e algumas novidades no equipamento compacto que me socorre semanalmente.

Saudades das vetustas salas de cinema do Rex, Nordeste, Olde (até hoje não sei porque não era Old) e o meu queridíssimo Rio Grande (hoje, de maneira melancólica, transformado numa igreja evangélica).

Meu amigo Palocha pode até vir a salvar o Cine Rio Grande, um dia. Ele que joga na Sena todas as semanas e promete que – quando ganhar o grande prêmio – investirá no resgate daquela ex-catedral das películas cinematográficas.

Mas, sabe o que lamento até hoje? Não ter assistido a nenhuma sessão no velho Panorama, lá nas Rocas. Meus irmãos mais velhos iam para aquela aventuras picarescas que eram as apresentações de pornochanchadas e outros filmes de teor erótico, e em meio a figuras na plateia, digamos, meio esquisitas.

Alguns aqui devem lembrar que foi lá que passou “Garganta Profunda” (se não me engano) e outros “clássicos” do gênero, pela primeira vez, aqui em Natal.

Eu tinha desejo, muito desejo de participar desses eventos “culturais” nas Rocas. Mas, infelizmente, não tinha a idade que, inexoravelmente, tenho hoje de sobra.
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Somos todos irmãos de sangue
Somente hoje vim assistir ao documentário “Três Irmãos de Sangue” (Ângela Patrícia Reiniger, Brasil, 2006). E eu o vi pelo canal NBR, na TV a Cabo. E me apaixonei, de cara.

Extremamente profundo e comovente, o filme trata da história desses fantásticos e geniais irmãos brasileiros: Betinho, Chico Mário e Henfil.

No decorrer das imagens, pontuadas quase sempre pela bela música de Chico Mário (destaque para “Ressurreição”), pode-se ter, também, um raio-X de um Brasil recente, mas que já experimentou tremendas mudanças.

Ditadura, anistia, movimento das Diretas-já, eleição de Tancredo, prisões, bombas, liberdade, AIDS, hemofilia, solidariedade, luta contra a doença, campanha contra a fome, arte, criatividade, música, cartunismo, alegria, tristeza, vida, morte, tudo é tema desse intenso documentário.

Vê-se, através da história desses três irmãos maravilhosos, a história de um país que vem superando seus graves problemas.

Hoje, a AIDS é um problema menos dramático e acredito que os bancos de sangue brasileiros são mais vigiados e fiscalizados.

Hoje, já somos veteranos, experimentadíssimos em eleições diretas, e damos exemplos para o mundo de eleições técnicas e claramente democráticas, tendo eleito um operário e uma mulher para a presidência.

Hoje, temos vencido a fome e a miséria. Apesar de faltar um longo caminho a trilhar.

Hoje, estamos tentando superar a violência e o tráfico.

Para isso tudo tivemos os exemplos de coragem daqueles três irmãos hemofílicos, mortos cruelmente pela AIDS.

Vale lembrar, em homenagem aos caras e ao nosso combalido, porém esperançoso Brasil , a canção “O Bêbado e a equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc:

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…

A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!…

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil…

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…

Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…

A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…Azar!
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Bibliofilia: uma patologia!
Desde criança tenho paixão por livros. Aprendi a ingressar numa biblioteca como quem adentra um templo religioso. Minha paixão pelo livro é tanta que me atrevi a escrever, ceta vez, alguns ensaios esquecidos sobre colecionadores de livros e algumas grandes bibliotecas da terrinha ensolarada.

Hoje, acredito ter conseguido substituir (ou mitigar) o apreço e o fetiche pelo objeto-livro, colocando em seu lugar o evidente e obrigatório fator-leitura. E tenho inúmeras razões para isso. E todas são lógicas e saudáveis.

Acredito que, com algumas exceções, como a do saudoso José Mindlin ou a de Vicente Serejo, que sempre conheceram o valor físico e intelectual de cada um de seus livros, poucos deveriam guardar grandes quantidades de livros em suas casas e apartamentos particulares.

Para alguns, isso pode se transformar numa grande maldição…

Acredito que deveriam existir muitas mais, maiores e melhores bibliotecas públicas, equipadas e prestando serviços à altura das necessidades do público leitor das cidades. Que dó me dá, por exemplo, em saber como estão as do RN. Que dó me atinge quando me apercebo da grande ausência dos poderes públicos no que atine a essa matéria. É…são os poderes iletrados….

Mas, voltando à constatação de que as bibliotecas particulares, com poucas exceções, deveriam ser menores, lembro-me de algumas que vi e que vejo e que me mostram, realmente, o lado patológico dos formadores dos acervos. Gente que ajunta livros para preencher um buraco interior que nunca será preenchido…

Eu tenho hoje a nítida convicção de que todo colecionismo tem um lado patológico, que às vezes se traduz em algo positivo, mas, às vezes, traz mais perturbações do que benefícios.

Falo, em tratando do colecionismo de livros, principalmente daqueles doidelos que compram livros por kilogramas (um certo livreiro aposentado de Natal, com quem conversava sobre o assunto e sobre aqueles pacóvios, não me deixaria mentir), mal dedicando tempo às suas leituras, ao abraço diário com o seu arsenal de palavras. E há. E são muitos. Um exército, quase.

Eu, mesmo, talvez tenha adquirido mais livros do que serei capaz de ler em toda a minha vida. Sei que alguns são mais para consultas, como os dicionários pelos quais sou apaixonado. Outros são pelo prazer táctil e visual, pelas edições de luxo e/ou mais difíceis de encontrar nas livrarias e sebos.

Mas, sou sabedor de que o que importa mesmo é a leitura. E é a ela que tenho me dedicado, muito mais que à compra de livros a esmo. Hoje, não teria pudor em substituir uma parte de minha biblioteca física por um bom iPad ou um Kindle. Ainda estou aguardando pelo meu.

E, à medida em que vou vencendo leituras muitas, muitos livros, como objeto, deixam de ter valor para mim. Sem pudor. Sem medo de ser econômico.

Por tal razão, a doação ou uma passada num sebo amigo para deixar alguns desses velhos companheiros é, por vezes, uma boa solução.

Mas, aí é que vem a pergunta: por onde começar? A partir de qual setor da biblioteca, iniciarei minha estratégica redução de adiposidades?

Fico olhando e sinto enorme dificuldade, vendo que alguns daqueles volumes me são de extrema importância e afeição.

Mas, como a compactação da biblioteca é uma meta, vou pesquisando, pesquisando e, de repente (eureca!), assumo a certeza de que, sim, alguns livros serão facilmente descartados. Encontrei-os. E, de fato, não farão tanta falta. Já vão tarde! Muito tarde!

Afinal, nem todos os livros e pessoas são, de fato, uma boa companhia…














































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Lívio Oliveira
Um simples anotador de impressões. Um amante da arte e da cultura.

segunda-feira, 4 de abril de 2011


CONVITE

A APROCONAT - Associação dos Procuradores e Consultores Jurídicos do Município do Natal,
C O N V I D A para o lançamento do livro do Procurador Municipal Fernando Gaburri.
Data/horário: dia 05 de abril de 2011, às 19 hs
Local: Livraria Siciliano no Shopping Midway Mall.

* O Dr. Fernando Gaburri é deficiente visual total, um vencedor.

domingo, 3 de abril de 2011


Registramos, com especial alegria, a visita a Natal dos nossos queridos parentes casaletanos ENINA e RODOLFO, que são vistos nesta foto com os seus primos brasileiros Paulo, Rosa Ligia e Thereza Raquel.
Foram duas semanas de constante confraternização, que selaram a grande amizade entre as famílias FALCE-ROSSO-LOVISI da Itália e do Brasil.
Esperamos que esta primeira visita seja o início de um intercâmbio ansiado por todos.
Aproveitamos para mostrar alguma coisa da Terra-Mãe dos visitantes:
"CASALETTO SPARTANO é uma cidadela plantada a 400 metros do nível do mar, localizada sobre pequeno planalto, imerso num bosque que se estende até a encosta do Monte de Vallicorvo. Seu nome vem de uma planta muito rasteira, abundante naquela região e muito usada na produção de cestas e cordas.
Suas cercanias são extremamente belas, onde se faz presente a natureza, razão que a coloca entre as povoações mais genuínas da Itália. Arquitetura antiga conservada.
Houve uma primitiva vila, bem próxima da atual, no lugar denominado “spartoso”, da qual existem vestígios através de ruínas de velhas habitações, abandonadas por causa de uma invasão de formigas. Mais lógica parece ser a tese da escassez de água ou mesmo de violentos terremotos que ali ocorreram por volta do ano 1.000 e atingiram todo o sul da Itália.
Daquele antigo vilarejo os historiadores fazem surgir o “Spartano”, acrescentado a Casaletto; outros ao contrário, pensam que Spartano deriva do “sparto”, planta que cresce em abundância em todo o território do Município, espécie de capim, o qual serve para confecção de cestos.
O primeiro documento que revela a existência de Casaletto, e portanto de Battaglia, é um pergaminho de Don Pedro de Toledo no qual se fala dos privilégios concedidos a Isabella Caracciolo, duquesa de Castrovillari sobre as terras de Tortorella e seus Casarios, possivelmente pelos idos de 1021, quando Guiamanmo III em função de serviços realizados pela Universidade de Tortorella tomou posse.
Tais indicações constam de documentos guardados por uma nobre família de Casaletto (família Falce).
Em idos do Século XIV, fez parte do feudo de Tortorella e seus Casarios (Battaglia, Casaletto e Bonati), pertencente à família do Conde Sanseverino. No Casaletto de 1562 e no vizinho povoado de Battaglia que pertencia ao baronato de Dom Giovanni Gallotti e foram constituídos em um único até 1800. Em seguida foram separadas até os idos de 1810, quando as duas casas foram novamente reunidas em uma terra comum tendo ao centro Casaletto Spartano, por ação do General Manees, que mandou reprimir focos de revolta em Cilento. Encontrando-se no golfo de Policastro enviou alguns mensageiros ao Prefeito de Casaletto para fornecer hospedagem. O Prefeito, conhecido por Nicola Lovisi, um pouco pela miséria, um pouco pelo enorme atraso com o qual chegaram os mensageiros do general, não estava preparado para essa recepção. O ato foi interpretado como favoritismo em relação aos Borboni e o general ordenou então o fuzilamento do Prefeito, na localidade “campo” e o reagrupamento dos dois povoados formando uma só “Comuna” como então se dizia à francesa. Estabeleceu depois a sede do município em Casaletto onde ainda se encontra, enquanto Battaglia assumiu o papel de distrito.
O lugar merece ser visitado em razão de sua beleza natural, cercada de campos e encostas, com uma atmosfera tipicamente original. No centro histórico, se destaca a igreja de Saint Nicholas, construída no Século XII e situada num local bem destacado no lugar. Nele também existe o palácio com amostras de admirável coleção de objetos preciosos que oferecem um registro das tradições locais antigas. O santuário da Madonna dos Mártires oferece aos peregrinos a conservada pedra onde se colocou a Madonna da maneira, a cabeça do prego de Saint Giovanni e a ponte longa antiga através de Rupazzi merece uma visita também, onde permite as comunicações com o país de Tortorella. Imediatamente a um curto trajeto é possível ver a torrente do Bussentino, onde existem alguns moinhos de farinha, perto agora das ruínas da velha cidade, que mostram o trabalho secular do homem. Muitos lagos naturais dão um ar de evocação e romantismo até a fonte do chapéu, perto de um moinho de farinha recuperado e antigo, mantido com as características originais, funcionando no período do verão.