sexta-feira, 14 de dezembro de 2018


A amiga Angela Dieb, sempre zelosa quanto aos aspectos de cultura, arte e tradição, me enviou o áudio da famosa valsa “Royal Cinema”, dando conta de que hoje seria a data natalícia de sua composição, pelo Tonheca Dantas. E ainda opinando que eu elaborasse algo em alusão. Assim, pus mãos à obra, me propondo a cumprir a tarefa sugerida.
Na esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu se erguia o Royal Cinema, única casa de espetáculos do gênero existente na Cidade Alta. Foi inaugurado em 1913, dois anos depois do Polytheama. No início apenas se assistiam a películas do cinema mudo, somente no ano de 1931 é que passou-se a exibir filmes sonoros. Na época dos filmes mudos, e na quase totalidade dos cinemas nacionais, havia sempre a presença de músico (normalmente um pianista), que tocava seu repertório, não só nos intervalos das sessões como também em meio às exibições das fitas. Entre aqueles que se apresentavam no Royal podem se destacar os pianistas Garibaldi Romano, Generosa Garcia, e o popular Paulo Lyra. Em dias especiais, com festa e solenidade, era costume se apresentar um conjunto musical, como o composto por Paulo Lyra ao piano, Manoel Prudêncio Petit na flauta, Cândido Freire no saxofone, Calazans Carneiro no contrabaixo e João Cosme na bateria. Um grupo que se exibiu por longo período no Royal era formado por Eduardo Medeiros no violão, Tibiro no saxofone e Tonheca no clarinete. Certa feita, o proprietário do cinema encomendou a este último, já bem conhecido como compositor, uma valsa para ser tocada na abertura das sessões. E foi assim que surgiu a célebre “Royal Cinema”, em 1913, e que, durante a II Guerra Mundial, ficou famosa no mundo inteiro, através das transmissões da rádio BBC. Quanto ao Royal, deixou de funcionar antes mesmo do início da década de 40, por não ter conseguido enfrentar os concorrentes, mais modernos e com novas tecnologias.
Antônio Pedro Dantas, mais conhecido como Tonheca Dantas, nasceu em Carnaúba dos Dantas/RN a 13/06/1871, e faleceu em Natal/RN no dia 07/02/1940. Sertanejo de origem humilde, filho de escrava alforriada e oficial militar, Tonheca contrariou todos os prognósticos ao se tornar um dos compositores potiguares de maior projeção internacional de todos os tempos. Autor de mais de mil músicas, sua obra mais famosa, a valsa "Royal Cinema", que em 2018 completou 105 anos de composição, é considerada peça obrigatória no repertório de qualquer banda sinfônica que se preze, inclusive no âmbito internacional. Despertou o gosto pela música desde criança, aprendendo com os irmãos em uma banda da sua cidade. Jamais teve formação superior como músico, era autodidata. Em 1898 foi contratado como maestro da Banda de Música da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, função que exerceu por três anos. Em 1903, mudou-se para Belém do Pará, sendo contratado como regente da Banda de Música do Corpo de Bombeiros. Em 1910, foi para a Paraíba, onde regeu as bandas de música das cidades de Alagoa Grande e Alagoa Nova. Retornou definitivamente em 1911 para Natal, para integrar a Banda de Música da Polícia Militar. Suas composições eram principalmente valsas, mas também dobrados, maxixes, hinos, xotes, polcas, marchas e outros gêneros musicais orquestrados. São obras famosas também a valsa “Delírio”, a suíte “Melodia do Bosque”, a valsa “A Desfolhar Saudades”, a marcha solene “Republicana”, e o dobrado “Tenente José Paulino”.
O ex-prefeito de Natal na década de 60, Djalma Maranhão, costumava chamar Tonheca Dantas de Strauss Papa-Jerimum. O governo do Estado do Rio Grande do Norte prestou-lhe uma homenagem com a inauguração da Sala Tonheca Dantas, no Teatro Alberto Maranhão. Cláudio Galvão, em sua biografia sobre o músico, conta esse episódio ocorrido no teste para maestro da Banda de Música da PMRN, em 1898: “Em seguida foi a vez de Tonheca Dantas. O comandante lhe entregou uma partitura diferente da primeira e perguntou ao candidato qual o instrumento que iria escolher. ‘Qualquer um…’ respondeu, ‘o senhor diga qual o que quer’. Os membros da comissão se entreolharam, surpresos com a audácia daquele sertanejo moreno e franzino, e resolveram por à prova seus conhecimentos, mandando que fosse tocando a peça nos diversos instrumentos da banda.” A citação se encerra aqui, mas é de se supor que o Tonheca tenha tido completo êxito na empreitada.

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Antônio Pedro Dantas, conhecido como Tonheca Dantas nasceu em Carnaúba dos Dantas em 1871…
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Com muita honra, este blogueiro ocupa a cadeira 33 da ANRL, onde Tonheca é o Patrono.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018



ENTRE ADVERSIDADES E A TÊNUE ESPERANÇA
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, escritor

                                                            
Outra noite sem conciliação com o sono. Varei a madrugada, mas sem devaneios românticos e sim com preocupações irreversíveis.
Ainda nascituro o sol, consulto o meu “zap” e nele chega o agravamento do meu estado de espírito, pois logo em mensagem de voz, um militar da nossa PM conta seu desespero pelas dificuldades financeiras motivadas pela incapacidade do atual governo do Rio Grande do Norte em honrar seus compromissos, mais acentuadamente em relação aos seus servidores.
Dei-me em conta com a minha realidade, servidor aposentado, com uma gama exaustiva de obrigações familiares, sempre crescente, enquanto congeladas as receitas e pagas com atraso.
Vieram-me à lembrança reminiscências da minha caminhada e fui obrigado a permitir a entrada de temas pouco agradáveis, considerando que tais percalços geram, ainda hoje, prejuízos que transcendem o material, porque atentam para o psicológico, alguns dos quais ocorridos em um órgão onde dei parcela do meu labor e pelo qual deixei outro cargo, federal, em categoria elevada. Foi uma escolha necessária.
Na nova Casa, o TCE tive uma estrada lisonjeira, não fosse a convivência forçada com alguém possuidor de frustrações, que me forçou a uma aposentadoria adiável.
Em novas missões, continuei a gozar do respeito de outros pares, enquanto o destino me faz retornar à velha Repartição, onde tive nova oportunidade de desenvolver trabalho de modernização de procedimentos, com reconhecimento; mais adiante com a missão de instalar a Escola de Contas, à qual me dediquei de corpo e alma a ponto de durante esse período ser permanente presença nos noticiários. Mas outra sombra apareceria no meu caminho, logo ao iniciar certo ano, ao chegar para a jornada diária, deparo-me com minha exoneração no DOE - “Nossa comédia acabou, sem aplauso sequer, quando o pano baixou.  Numa cena banal, pôs-se um ponto final!” (da música consagrada por Dick Farney).        
Coincidentemente, no mesmo sítio temporal, num exame de rotina, deparo-me com o diagnóstico de doença grave. Mas a necessidade de continuar no comando de uma família um tanto populosa, obrigou-me a continuar.
Poucos passos adiante, eis que novo vulto ruim aparece, cria do anterior, e logo em seu primeiro momento administrativo, interrompe, com ato exonerativo, a trajetória de um filho que trabalhava no mesmo Tribunal há cerca de 17 anos, com indiscutíveis competência, assiduidade e honra (nomeado quando eu já era aposentado), em gáudio da indiferença, mal que agrediu a “vítima” psicologicamente até os dias presentes.
Enfim, hoje vivo o reverso do que seria natural – não ganhei o direito de uma inatividade pacífica e fico a assistir, em sofrimento silente, a tênue esperança de melhores dias deste Estado quase falido, ao mesmo tempo em que constato a desigualdade com o fausto de certas categorias funcionais, bem remuneradas, com gratificações “esquisitas” e recebendo absolutamente em dia.
Coisas da vida! A luta continua e vislumbro a força do CRIADOR, na renovação do seu nascimento.
PAZ.


Encerramento do ano cultural da Academia Norte-Riograndense de Letras: inauguração da galeria dos acadêmicos; entrega do Louvor Acadêmico ao Prof. Carlos D Miranda Gomes; lançamento da plataforma digital da ANL. / Tive a honra de representar o Conselho Estadual de Cultura no descerramento da placa e de saudar o Poeta Diógenes da Cunha Lima, Presidente da ANRL. Tudo organizado com esmero pela Acadêmica Leide Camara

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

terça-feira, 11 de dezembro de 2018