sábado, 25 de maio de 2019


UM CANTINHO DO CÉU
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

        Quando minha THEREZA adoeceu e foi internada, inspirado pela sua inquebrantável esperança de voltar, decidi preparar-lhe uma surpresa, um novo quarto, com as comodidades que a vida moderna oferece.
        Um estante nova para guardar os seus santos, seus livros de orar, um aparelho de dvd/cd, um televisor, telefone fixo para suas demoradas ligações para as amigas, em especial Maria Dulce, ar condicionado, que nem apreciava tanto, uma mesinha redonda, sua poltrona preferida e um imenso sofá-cama, petrechos que não chegou a conhecer presencialmente, pois Deus não permitiu o seu retorno físico.
        Ao lado coloquei a minha rede azul de estimação, com remendos feitos por ela e que abriga o meu corpo como se fora as entranhas da minha mãe e coloquei nas paredes fotografias e quadros que eu mesmo pintei, representando um colóquio com Jesus, outro de Lourdinha Peregrino (Malu) com figuras angelicais, um Santo Antônio pintado por Ana Amélia Nogueira Fernandes e um São Francisco de lápis cera de Assis Marinho.
        Então fiz desse quarto a minha morada, onde posso meditar, falar com ela, chorar, escrever, ler e escrever tudo o que considero compatível com o gosto que ela mais apreciava.
        Pensava ali viver o meu silêncio e a dor da minha saudade, mas de repente, acredito que por interferência dela, fui traído pelo bem-querer dos filhos, netos e agregados, que disputam o espaço nas noites em minha companhia, o que me leva a viver num cantinho do céu, jamais programado.
        Aqui recebo os amigos, que me ajudam na lembrança de quem foi tudo para todos e assim reviver momentos, exemplos, saudades de forma permanente, até o findar do tempo que Deus nos reservar. Não pensem que esse é um lugar de sofrer – não. É um recanto de oração e de trabalho, pois dele fiz, também, o meu escritório, porém sem computador para não dividir o tempo com as lembranças dela.
        Numa das paredes mantenho um jarro com flores em sua homenagem e, ao lado, o seu diploma da Escola Profissional Feminina, conquistado em 1º de dezembro de 1956 que está assinado pelo Professor Carlos Borges de Medeiros, como Diretor Geral do Departamento de Educação do Estado do Rio Grande do Norte e da Professora Maria Eutália de Menezes Ribeiro, Diretora da Escola.
        Toda essa riqueza ornamenta meu quarto sagrado e engrandece uma convivência de 71 anos.

        Obrigado Deus por tanto tempo de alegria. Cuide bem dela, pois essa Santa criatura foi o Senhor que retirou daqui!

terça-feira, 21 de maio de 2019





A PALAVRA E A AÇÃO – DOIS ASPECTOS DA FILOSOFIA
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

        Na leitura da edição de hoje da TN, vieram-me à mente, conversas e lições que nos brindava o meu querido tio Paulo Gomes da Costa, professor, livre pensador, poliglota e filósofo, hoje inteiramente esquecido que, em seus rasgos de cultura ensinava que existem dois aspectos importante da filosofia – o da palavra e o da ação.
        Pois bem, desse indicativo registrei, como exemplo da filosofia da palavra o artigo do respeitável confrade Padre João Medeiros Filho “Saudades de Aznavour” onde dá o toque genial de quem sabe escrever, proseando valorativamente o expoente marcante da canção francesa, suas composições inesquecíveis e suas ações patrióticas em favor da Armênia, lugar de seu nascimento.
        No correr do seu trabalho grafei: “... Alimentei tantas esperanças que bateram asas, deixando-me perdido sem saber aonde ir”. Essa frase representa o meu atual estado de espírito depois que perdi a minha THEREZA, meu norte e, minha esperança.
        No outro ponto vejo a filosofia da ação, esta representada pelo dinamismo de Ormuz Barbalho Simonetti, incansável presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, que junto ao Governo do Estado está resgatando um pedaço da nossa história no sentido da restauração oficial do brasão do Rio Grande do Norte, em consonância com o desenho original do amazonense Corbiniano Villaça, elaborado na França por solicitação do Governador Alberto Maranhão, Mecenas da cultura, conforme o Decreto nº 201, de 1º de julho de 1909.
        É o registro que faço desses dois expressivos momentos da cultura potiguar.