sexta-feira, 29 de maio de 2020


gustavosobral
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Zila Mamede, jornalista.
Encontre a poeta nas páginas da Tribuna do Norte.

Zila Jornalista
In: Revista ANRL 62, 2020, p.68-73 [ler]


Ensaio. Uma história do açúcar
In: Revista IHGRN 98, 2019, p.32-50 [ler]


Indice bibliográfico de autores e temas norterio-grandenses na revista do IHGB
In. Revista IHGRN 96, 2018, p.97-104 [ler]


Artigo. Jornalismo e literatura: a crônica de Rachel de Queiroz
In: Revista Letras Escreve. Macapá, v. 8, n. 1, 1º sem., 2018 [ler]


Crônica: jornalismo autobiográfico nos jornais da cidade do Natal (1950-1980)
In: Revista Temática. Ano XIV, n. 6. Junho /2018 [ler]


Ensaio.O cavalo no Rio Grande do Norte
In. Revista IHGRN 95, 2017, p.67-90 [ler]


Ensaio. Augusto Severo Neto. Inédito
In: Revista ANL, Revista da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, v. 52, 2017, p. 36-47 [ler]


Artigo. A faceta jornalística de Rachel de Queiroz: perspectivas biográficas
In: Revista Temática. Ano XIII, n. 07. Julho/2017 [ler]


Posfácio. Do jornalismo e da literatura
In: Jornalistas escritores do RN: entrevistas. Org. Socorro Veloso. Natal: Edufrn, 2017 [ler]


Ensaio. O cronista da cidade
In: Revista ANL, Revista da Academia de Letras do Rio Grande do Norte. Nº50, jan/março 2017, p.51-62 [ler]


Artigo. Rubem Braga, jornalista: o cronista repórter
In: Leituras do Jornalismo, v. 2, 2016, p. 85-98 [ler]


Ensaio. Zila Mamede e José Mindlin, breve relato da correspondência e de amizade.
In: Revista ANL, Revista da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, v. 46, 2016, p. 36-50 [ler]


Ensaio. Navarro por completo
In: Revista ANL, Revista da Academia de Letras do Rio Grande do Norte. Nº43, abri/junho 2015, p.39-53 [ler]


Ensaio. O maior da literatura menor
In: Revista ANL, Revista da Academia de Letras do Rio Grande do Norte. Nº41, out/dez 2014, p.29-43 [ler]

segunda-feira, 25 de maio de 2020



O PAX CLUBE E SEUS HABITANTES

Valério Mesquita*

O Pax Club de Macaíba reinou durante várias gerações, desde o início dos anos cinquenta, construído pelo prefeito Luís Cúrcio Marinho. A sua história merece um livro separadamente, evocando fatos, personagens, eventos, tudo, enfim, que serviu densamente para projetar a história social de Macaíba. A começar pelos nomes zoológicos e folclóricos dos garçons: Luís Bicho Feio, Tota Passarinho, João Cabeção, Antônio Paulino, Geraldo de Doca, os cobradores Vagareza, Chico Duzentos e Paulo Bofão, entre outros, reverenciados com humor e saudade de um tempo que não volta mais. Um fenômeno (econômico, talvez), que precisa ser melhor estudado acabou com a vida social dos municípios de médio porte como Ceará-Mirim, Macaíba, Caicó, Currais Novos, Açu, exceptuando-se apenas as festas esporádicas das padroeiras, vaquejadas, que não significam realmente atividade social clubística, efetivamente organizada. Até Natal mesmo sucumbiu e o chamado “Café Society” que foi imortalizado pelos cronistas sociais do passado e os sodalícios não existe mais. O tempo e os costumes mudaram tudo. Ficaram para trás, para a história, Gil Braz, Fred Ayres, Jota Pifa e Paulo Macedo, único sobrevivente, porque se reciclou e inovou a sua coluna. O imenso Titanic, com todas as “very important persons”, naufragou com os capitães Ibrahim Sued, Jachinto de Thormes, etc.
Que universo multifacetário reside em um clube social que abriga frequentadores de todos os matizes, boêmios e loucos, anjos e anarquistas, matrizes e meretrizes, mocinhos e bandidos, palhaços e mascarados?
O velho Pax teve o seu apogeu e decadência. Mas sobreviveu graças aos seus devotados diretores e sócios, que se expuseram por um ideal ilusório de associação, sob a égide do paletó e gravata, do bolero e do samba, da semipenumbra que escandalizava a paróquia e alimentava a homilia dominical da santa missa. E os flashes desse tempo me chegam nitidamente. Da jovem Carmita, míope, que, desfilando em passarela na Festa das Flores, caminhou demais e foi cair sobre a mesa da comissão julgadora; do carnaval de 60, onde a lança-perfume ardente e vibrante de Plácido Saraiva atingia com jatos queimantes os bumbuns, suados e frondosos, das damas da sociedade, quase registrando vitimas a lamentar; do senhor Emídio Pereira, proferindo pontualíssimas palestras todos os anos sobre a poetisa Auta de Souza e o aeronauta Augusto Severo, através do serviço de amplificadora diretamente do “sodalício tradicional e elegante” da cidade; das confusões, das brigas, do porre homérico de lança-perfume de Chiquinho Ribeiro, que o fez desabar no rio Jundiaí; das festas juninas, quadrilhas estilizadas; do programa “Data querida” que registrava aniversários e namoricos através do “serviço de divulgação da Associação Pax Club, a voz de Macaíba”, e que tantos equívocos e problemas acarretou, como o do motorista Zé Cearense, que quase apanhava da valente mulher por causa de uma falsa “oferenda musical com muito amor e carinho”.
São mais de setenta anos de história do Pax Club do Parque Governador José Varela. Há muita coisa a contar sobre ele e os seus complexos habitantes. Relembrando agora, vai atiçar a memória de muitos que direta ou indiretamente passaram pela sua portaria.

(*) Escritor.


BARRO VERMELHO
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes (22/09/2019)
         A formação dos bairros fora do perímetro mais importante da cidade de Natal – Rocas, Ribeira, Cidade Alta, Petrópolis, Tirol e Alecrim, que concentravam os segmentos das atividades produtivas como comércio, navegação (a Igreja de São Pedro, em construção em 1919 ergueu uma torre alta para orientar os barcos), pesca e serviços essenciais, decorreram de circunstâncias naturais.
         O bairro do BARRO VERMELHO (e não bairro Vermelho) teve essa denominação decorrente da coloração do seu solo (areia vermelha), já era conhecido desde os primeiros tempos da fundação da cidade em 1599 quando os enviados de Dom Felipe II, Rei da Espanha procuravam um local adequado para iniciar a povoação. Isso se conhece pelos documentos históricos encontrados em fins do Século XVIII nos registros de doações de terras em 1787 e 1816. No entanto, o despertar de suas terras ocorreu por ser um lugar fora da área de comércio, se prestando para local de lazer, recomendado pelos médicos para melhoria da saúde, em razão de sua altitude, ventilação abundante, arborização preservada e visual exuberante das cercanias, particularmente do Rio Grande (Potengi), próximo do centro da cidade e por isso bastante procurado para formação de sítios, casas de repouso e de veraneio.
         Uma das motivações mais evidentes era de ser perto do Baldo, onde existia desde1905 uma fonte de água que servia de balneário e sanitário público, ponto de encontro dos seresteiros.
         A propósito, afirma CASCUDO, “Os melhores violões, as mais lindas vozes femininas e masculinas, as mais modernas saias balão, mangas presuntos inauguram-se no Barro Vermelho, nos São João famosos, com fogueiras e adivinhações”.
         Oficialmente se fez bairro pela Lei nº 4.327, de 05 de abril de 1993, publicada no Diário Oficial do Estado de 07 de setembro de 1994.
         Alguns acontecimentos marcaram a atenção para o bairro: em 1838 deu-se o assassinato do Presidente de Província “Parrudo” (Dr. Manoel Ribeiro da Silva Lisboa), no sítio Passagem; em 1868 foi realizada uma apresentação de teatro livre com a peça “Os Salteadores do Monte Negro”; vacarias, com leite cru, festas nos sítios dos seus mais vetustos moradores – Antonio Melo, Joaquim das Virgens, Desembargador Silvino Bezerra; Coronel João Gomes da Costa; residência do Senhor João Café, pai do Presidente da República João Café Filho; residência da poetisa Palmyra Wanderley, que costumeiramente hospedava Alta de Souza; pic niks na Lagoa de Manuel Felipe; aqui moraram personalidades da vida social como Paulo Maux o Rei Momo, empresários, juízes, desembargadores, médicos, arquitetos, engenheiros, professores, escritores, cantores (Giliard e Pedrinho Mendes), poetas, grandes comerciantes, industriais, construtores e políticos como os Senadores Jessé Freire e Carlos Alberto.
         Eu tive a sorte de conhecer parte desses encantos e convivi com descendentes de todas essas famílias, inclusive sendo pertencente a uma delas.      Fui da primeira turma do Instituto Batista de Natal, nesta mesma rua; participei de muitas festas de São João; testemunhei quando aqui chegou o calçamento e a união da Rua Meira e Sá com a Alexandrino de Alencar com a retirada de pequena mata na rua Jaguarari.
         Assisti as missas dominicais na Igreja de São Pedro; compareci às festividades do Colégio das Neves; assisti muitos filmes, no Salão Paroquial da Igreja de São Pedro, depois Teatro Jesiel Figueiredo e Cine Olde.
         Agora, com a chegada do Padre Mota, começa a ressurgir a tradição no Barro Vermelho e adjacências, trazendo alegria, fé e confraternização a este bairro tão querido, que possui instituições importantes como a Casa de Apoio à Criança com câncer, clínicas, padarias, farmácias, doceterias e escritórios profissionais.
         Preservemos com carinho essa dádiva de Deus, na esperança da construção da nossa primeira Igreja de Nossa Senhora da Salete.
OBRIGADO.