sábado, 2 de janeiro de 2021

 

 

 

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-2

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

            Eis que chega o tão ansiado 2021, trazendo esperanças múltiplas, nos campos da saúde, das finanças e da política – um verdadeiro clima de mudanças.

            A passagem foi bem mais calma do que nos anos anteriores – até parecia Cotovelo dos anos 90. Contudo, foram registrados alguns exageros dos que não se importam com os seus semelhantes.

            No âmbito familiar mantivemos a tradição, nos moldes sempre adotados no tempo da nossa sempre presente THEREZINHA, cujo espírito deve ter ficado feliz pela simplicidade do nosso jantar de mudança de ano, simples e com resguardo do uso do álcool.

            Filhos e netos presentes, com os seus agregados, exceto Carlinhos que veio mais cedo, haja vista a necessidade de apoiar os problemas de seu Luiz e Dona Marlene, pais de Valéria, com vista de protegê-los da pandemia do Covid19, plenamente compreensível.

            Noite calma, completamente diferente do barulho vindo de Pirangi, senão algumas comemorações de veranistas nas cercanias da nossa casa, com menos cautela, perturbando o nosso repouso após uma noite um tanto indormida até que o novo ano raiasse.

                O Sol nasce em seu total esplendor e logo cedo os familiares assumem suas obrigações de limpeza, colocar ordem na geografia física da casa, cuidando das plantas que rodeiam a Casa da nossa Rainha, na certeza de que este veraneio será realmente diferente, aumentando a lembrança dela que foi o esteio de todos os momentos.

                  A pequena piscina tem sido disputada com tanta gente, mas tudo ordenado, como se fosse um quartel, sob as minhas ordens, ainda reflexo do tempo de cabo do Exército Nacional - CCS, 16ºRI. Móveis repintado dando novas cores ao ambiente.

                    Com a segurança rodante, criamos mais confiança, tanto que voltamos a colocar cadeiras na calçada e assistirmos jogo de volei  dos meninos e meninas. Como dizia aquele velho ator do programa Sai da Baixo - tudo "Mara".

                        A praia tão esplendorosa como sempre foi, limpa como vem registrando nosso estimado confrade Eugênio Rangel em pequenos depoimentos com os frequentadores. Apenas tem havido uma concorrência um tanto fermentada pela visita de turistas e farofeiros, que tão um ritmo diferente ao costumeiro. Cavaco Chinês (na verdade brasileiro) na porta, o picolé caseiro Caicó,  coco verde, tapioca, cocada e outros comestíveis tradicionais.

                    Nossa PROMOVEC com novos dirigentes, tendo Octávio Lamartine como timoneiro, preocupado com as primeiras ações em favor dos associados e dos moradores das cercanias.

                        Só posso dizer que as coisas estão, até agora, nos seus devidos lugares, até a internet, tudo bom e "barato"? mas tolerável, restando que assim continue e ouçamos as boas notícias notícias da chegada da vacina salvadora.

                            Repito o que disse em minha mensagem do Natal e Ano Novo - Obrigado Senhor, nada a reclamar e tudo a agradecer.

 


 

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

 

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2020/21-1

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

            Após alguns dias de preparação – pintura, limpeza, revisão elétrica, reposições, afinal chegamos de malas e bagagens para o veraneio em Cotovelo, neste raiar de ano novo.

            Na noite de 30 de dezembro, do nosso alpendre, vislumbramos a lua cheia despontando entre as nuvens e logo nos lembramos da nossa THEREZINHA, que adorava o luar, em especial aquele vislumbrado em nossa varanda. Sei que ela está entre as nuvens como anunciou antes de partir,
e é isso que nos dá força para continuar a vida, para garantir a imortalidade de quem foi o esteio da família.

            Notei, nesses dias em que, quase diariamente, vinha verificar os trabalhos, que passou a existir uma atmosfera promissora de calmaria, sem o barulho inconsequente e visando apenas ganhos do Circo da Folia e outros folguedos da área de Pirangi, contaminando a comodidade dos moradores e veranistas das cercanias.

            O fluxo da normalidade nos fez retornar há alguns anos atrás, quando escolhemos a acolhedora Cotovelo para armar acampamento para restauração das canseiras do trabalho e da cidade. População pacífica, ordeira, apesar da proximidade de Alcaçuz e, de quando em vez, com uma balada descabida de grupos sem escrúpulos infernizando a vizinhança até a madrugada – fato já denunciado às autoridades públicas que já estão apurando o abuso, que tem a conivência dos proprietários de imóveis descompromissados com o meio ambiente.

            Este ano, a iluminação pública está incensurável, deixando a população com mais confiança, aliada ao bom serviço de segurança motorizada da PROMOVEC, que continua a sua luta pela melhoria da comunidade, em vários sentidos e que terá neste primeiro dia de 2021 a liderança de Octávio Lamartine.

            Na parte de Cotovelo nova houve várias melhorias na circulação das ruas, mas ainda existem outros pontos esperando complementação.

            A feirinha de Pium, graças a Deus, continua no mesmo lugar, com novo e melhor visual para a satisfação dos moradores, veranistas e turistas, até que o Poder Público solucione o problema definitivamente.

            Ademais de tudo isso, a presença dos rostos amigos, da maravilha das caminhadas pela praia mais pela e limpa do nosso Estado, prometendo que teremos um veraneio diferente, mais familiar, mais solidário, aguardando a bendita vacina contra o Covid19, que deve acontecer no início do ano novo.

            Registro o sucesso de ações sociais da comunidade, alentando a população mais necessidade dos residentes.

            Estamos aqui para engrossar os missionários do amor por Cotovelo e suas cercanias, reivindicando melhorias em todos os sentidos, com a cobertura da PROMOVEC e pessoas de boa vontade que aqui estão se instalando, como são exemplos, Iaperi Araújo e Franklin Jorge, com projetos de cultura e ecologia para a região.

                 

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

 


 

Futebol, carnaval e política

Tomislav R. Femenick – Mestre em economia, com extensão em sociologia

 

O filósofo e sociólogo francês Émile Durkheim  dizia queo conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado que tem sua vida própria; poderemos chamá-lo: a consciência coletiva ou comum (1979). A pergunta que daí deriva é: como se consolida a consciência coletiva das pessoas, sendo estas as células que formam a sociedade?

Há três maneiras como o ser humano se apercebe da vida, como vê as outras pessoas, a natureza e os objetos em seu entorno. A primeira, por meio do hábito, é influenciada pelo ambiente familiar e social em que vive e, em muito menor grau, pela herança genética. Um gaúcho, por exemplo, tem propensão a adorar um belo churrasco de picanha na brasa e um chimarrão; se nordestino, um bom prato de carne de sol com feijão-verde e macaxeira frita.

A segunda, pela consciência da existência. Parece incrível, mas a maioria das pessoas não tem essa visão; simplesmente vive e nunca se questiona sobre o assunto, nunca pensa no mistério da vida, no fato de que o mundo existia antes do seu nascimento e continuará existindo após a sua morte. Uma parcela até pensa no assunto, mas de forma mística, apelando para a reencarnação do espírito, como forma de garantir a sua perpetuidade.

A terceira forma de se aperceber da vida é um pouco mais complicada. É pela faculdade de apreender, por meio dos sentidos ou da mente, a perfeita divisão e, ao mesmo tempo, o entrelaçamento do passado, do presente e do futuro – não estou falando de física quântica, mas da vida simples, sem “arrodeios” e salamaleques. Pois bem, muitas pessoas não percebem que seu comportamento no passado formulou o seu ser presente e que o seu comportamento no presente formulará o que será o seu ser futuro.

Analisados em conjunto, esses três conceitos explicariam, em parte, o comportamento dos brasileiros como sociedade – vamos nos abster de outros povos. Vamos tomar como exemplo três “mundos” brasileiros: futebol, carnaval e política. Não importa se o nosso time ou a nossa escola de samba estejam ganhando ou perdendo, nós continuamos a torcer pelo Flamengo e pela Mangueira. Ninguém muda de time ou de escola. Paulinho da Viola tentou abandonar sua Portela, mas não conseguiu – resultou em uma das suas mais festejadas músicas: “Foi um rio que passou em minha vida”.

Todo esse longo introito serviu para chegarmos ao que hoje nos interessa: o mundo da política, em nossa muito coitada pátria amada. Aqui, os políticos são “popstarts”, são estrelas populares de um mundo diferente. Em um cenário em que os partidos nada significam, são as pessoas dos seus dirigentes que verdadeiramente contam. Basta ver as constantes mudanças de legenda de suas “Excelências”. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, foi eleito pelo PSL, mas já tinha sido do PDC, PP, PPR, PPB, PTB, PFL e PSC e agora tenta fundar um partido para chamar de seu, o Aliança pelo Brasil.

Exemplos há muitos; a massa sempre segue a pessoa do líder. O Getúlio Vargas, quando ditador, fechou os partidos. Foi do antigo PSD, fundou o PTB e, por este, foi eleito presidente. Jânio Quadros foi do PDC, PTN e elegeu-se presidente pela UDN. José Sarney foi do PSD, da UDN, da Arena e do novo PSD. Fernando Collor foi da Arena, do PMDB, PRN, PRTB, PTB e PTC. Fernando Henrique Cardoso era do PMDB e foi para o DSDB, quando este foi fundado, e lá permanece. Lula sempre foi do PT. Dilma foi do PTB, PDT e PT.

Essas mudanças de partido comprovam que os nossos líderes sempre são seguidos pelos seus correligionários, não importa o que eles façam. Getúlio, um ditador cruel, foi eleito presidente; Jânio renunciou sem dizer o porquê, mas depois foi eleito prefeito de São Paulo; Collor renunciou à presidência para não ser cassado, e mesmo assim foi eleito para outros cargos; Lula e Dilma fizeram um monte de lambanças, porém ainda há quem acredite em suas boas intenções; Bolsonaro, entre outros absurdos, nega a pandemia, diz que não vai tomar a vacina e tem gente que acha que ele está certo.

Os seguidores dos chefes políticos são como torcedores de futebol, não estão nem aí sobre o que vai acontecer e não aprenderam as lições do passado.

 

Tribuna do Norte. Natal, 23 dez. 2020.    

 


ACOMODAÇÕES DA 25ª HORA 

Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com 

A frase do ex-deputado federal pernambucano Thales Ramalho de que “maior que a ilusão política só a ilusão do amor” é de uma verdade tão cristalina que me fez refletir mais ainda sobre os últimos dias de Pompéia. A deterioração dos costumes políticos, as debandadas, as infidelidades à 25ª hora, a substituição das coligações eleitorais pela proliferação de legendas partidárias, as adesões no varejo e no atacado em tom promocional e de liquidação; a troca de legendas antes mesmo de o candudato assumir o mandato, tudo conduz o eleitor ao descrédito da vida pública, estarrecido com a conduta pérfida dos seus protagonistas. Em nome da mudança, do novo, do diferente, alguns agentes políticos estão destruindo a própria biografia no jogo vantajoso das premissas e das facilidades dos governos que estão por vir. Nunca a flauta mágica do fisiologismo tocou tão alto desbotando clichês, ruborizando os céticos e dissolvendo bancadas tal e qual o efeito sonrisal. O que está acontecendo hoje com a chamada classe política? Deu a louca no mundo? É tão grande assim o impacto das dívidas e das dúvidas pendentes da campanha que passou? Dir-se-á que os partidos vencedores quando trocaram a ideologia pela convivência dos contrários, os partidos de direita e de centro perderam o pudor e se misturaram no mais estranho e promíscuo hibridismo partidário da história política do país. 

Já que não posso entender, após exaustivas reflexões, espero que tanta gente junta dê certo, tanto aqui quanto alhures, como diria o nosso saudoso Paulo Macedo. Talvez isso tudo seja mesmo uma fogueira das vaidades. E ponto final. Tudo é mesmo ilusão. Nada além de uma ilusão, sobre a qual nos falava o saudoso ator e comunista Mário Lago.
Refletir sobre os fatos e factóides da vida talvez seja a melhor postura diante do mar de Cotovelo. O dom da observação é importante para aprender a viver e dissipar os contrapontos insurgentes. Ergui-me da rede para repensar o imponderável. Vamos devagar com o andor que o santo é de barro e não faz milagre. 

Para o conhecimento do crítico de cinema Valério Andrade, o cenário é o mesmo, os figurantes idem. Mudam os atores, os diretores, produtores e roteiristas. A trilha sonora continuará sendo o hino nacional de Fafá de Belém, e por aqui a velha e ilusória marchinha carnavalesca “mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar...”. E o filme? O filme é o mesmo para que muitos, mais tarde, possam repetir novamente: já vi essa fita antes.  Está escrito que, na história da humanidade, todos haverão de passar e que o Messias prometido só existiu um. E uma Cleópatra, também. Política, enfim, é mais do que circunstância. É ilusão, mesmo. E muita vaidade. É ilusão gratulatória.


(*) Escritor.