sábado, 8 de abril de 2023

 


Cartas de Cotovelo – Outono de 2023 – 10

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

TEMPO DE ORAÇÕES

Passadas as águas de março, entramos num outono atípico, com chuvas e problemas nefastos divulgados na mídia nacional e internacional, deixando a humanidade em clima de medo e pouca esperança.

Aqui no Rio Grande do Norte vivemos duas semanas de terror e total insegurança, dando exemplo da fragilidade da nossa inteligência policial e com o socorro vindo de outros estados e do governo federal para combatê-los.

Superado o clima de quase guerra, pudemos retornar ao bucolismo da nossa sempre adorada Praia de Cotovelo, onde guardamos o tríduo sagrado da Semana Santa, com propósito de retornar a morar na paz do Senhor e tranquilidade dos homens e mulheres da Comunidade.

Em face da impossibilidade física de acompanhar os diversos rituais dos cristãos, fico seguindo pela internet, coisa quase impossível no começo da nossa vinda para estas plagas, quando o que de mais modernos existiam eram o ônibus e os poucos orelhões, que permitiam nossa comunicação com o continente mais ativo da capital.

A Semana Santa sempre foi acompanhada daqui de Cotovelo, com fervor e unidade familiar, pois estava sob o comando da nossa pranteada THEREZINHA, motivo maior da alegria e que deixou um fosso profundo na vida cotidiana dos que a cercavam.

Ficaram as lembranças nos gestos, falas, exemplos e na religiosidade que sempre foram seus pontos fortes. Guardamos um Santuário organizado em sua homenagem, com os seus Santos e Santas preferidos, juntos ao seu retrato cativo e venerado.

Estou perdendo muitos atributos outrora aguçados – já tenho dificuldade de locomoção, a memória decaindo das lembranças e a falta de inspiração para escrever. Mas a fé continua firme, na esperança de poder encontrá-la na Mansão do Criador, embora não tenha o merecimento que ela teve em toda a sua vida.

Rezo todos os dias para que Deus aperfeiçoe o seu espírito e que ela possa dar algum sinal de que está bem para me alentar nesta existência já alongada e sofrida, enquanto aguardo o sinal do reencontro, como dizia Verlaine em seus versos: “Não se agite e aguarde em paz. A leveza dispensará suas asas. Alguém que o esperava vem agora ao seu encontro e seu jugo é suave” (tradução de Horácio Paiva).

Continuo a repetir: nada a reclamar, mas tudo a agradecer.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


Um comentário:

  1. Sábias palavras, querido amigo, "nada a reclamar, mas tudo a agradecer". Feliz Páscoa !

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