quarta-feira, 15 de março de 2023

 

FAMOSOS – MANIAS e HOBBIES

 

Diogenes da Cunha Lima

 

Manias e hobbies são próprios da natureza humana. Celebridades, gente famosa, não fogem à regra. Ambas têm caráter repetitivo. Enquanto os hobbies funcionam como distração, divertimento, as manias são hábitos que se repetem e, quando exageradamente repetidos, são patológicos, indicam um transtorno bipolar.

Estes substantivos definem a atitude de famosos. 

 

       Charutos e conhaque. O cardeal Dom Eugênio Salles, quando se sentia realizado, feliz, celebrava fumando e bebendo do melhor.

 

       Canivete. O cardeal Dom Jaime Câmara, de sangue potiguar, que fora bispo em Mossoró, guardava sempre no bolso da batina um canivete que usava para descascar laranja.

 

        Trocadilho. Dom Marcolino, primeiro arcebispo de Natal, era famoso pelos seus trocadilhos. Conta-se que inaugurou a casa comercial da família Bila, na Ribeira, dizendo: “Natal não merece uma bala porque é cidade bela, é aqui que mora os Bila, o que não me sai da bola é que ela merece uma bula de louvores”.  

 

        Cálice. Câmara Cascudo solenizava os acontecimentos marcantes, como aniversário de Verlaine e de Proust, bebendo em cálice de prata. De manhãzinha, ia ver uma trepadeira chamada botão-de-ouro para cumprimentá-la dizendo: “Bom dia, flor”.

 

        Conhaque de Pitanga. Gilberto Freyre servia aos amigos o seu conhaque (de pitanga). Segundo Lectícia Cavalcanti, autoridade brasileira em gastronomia, era produzido com frutas maduras do Solar de Apipucos e trabalhada com cachaça de cabeça.

 

        Monogramas. O senador Dinarte Mariz usava camisas com as letras bordadas DM. Vestia-se, impecavelmente, com alfaiate que trabalhava no Rio de Janeiro e Hong-Kong.

 

        Formiga preta. O reitor Onofre Lopes, fundador da UFRN, sentia-se grato às formigas. Jovem, trabalhava no campo (o chamado Lugar Comum) e tolerava a seca, o calor, a canseira do trabalho agrícola, mas o horror da picada das formigas pretas fez com que viesse para Natal e, aqui, principiasse seus estudos letrados e científicos.

 

        Vaqueiro. Silvio Pedrosa, governador do RN, havia cursado colégio nobre em Londres, era esgrimista, mas apaixonado por vaquejada. Cascudo chamava-o de “vaqueiro honorário”.

 

                  Biblioteca. A poeta Zila Mamede era sempre louvada como bibliotecária, rigorosa ao extremo. Eu estava como reitor e pedi a um funcionário para me trazer um livro de que estava precisando. Ele logo voltou dizendo que a diretora da biblioteca central disse ser impossível emprestar o livro a quem não estava com ficha regular. Depois me trouxe o livro, mas avisou: “Tome muito cuidado, porque o empréstimo está em meu nome”.

 

         Os famosos dedicaram o seu tempo livre aos hobbies preferidos e suas manias são contadas com graça e leveza.

 

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