Cartas
de Cotovelo (final do inverno de 2025)
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Na amplidão de dias vividos, muitos dos quais – os
últimos, numa atmosfera de decepções e de saudades, resolvi romper a solidão do
meu exílio voluntário e, apesar do chuvisco intermitente da antevéspera do dia
da Pátria, e dar um pulo para minha outrora “Passárgada de Cotovelo” e ver como
estão as coisas por lá.
Cheguei na boca da noite, na companhia do meu filho Rocco
José e só para arrumação, jantar, televisão e rede. Dormi bem, graças a Deus.
Na manhã do dia seguinte, a primeira surpresa alertada
por João Batista Jota, que dá sempre uma olhadela no imóvel – as orquídeas de
Dona Therezinha, minha companheira de 71 anos de convivência, encantada em 31
de março de 2019 - estavam floridas por demais. Eram brancas, vermelhas, róseas
e lilases, no contraste com o verde do seu entorno. O coração bateu mais forte!
A chuva não deixou que fosse ver o mar e seus encantos. Continuei em casa
fazendo o trivial.
Pelas 9 horas ouvi o programa da rádio Mar e Campo, do
meu amigo Octávio Lamartine, que abordou tema importante e atual do uso
indevido da internet e da inteligência artificial. Em seguida alegraram-me naquele
sábado as visitas da minha filha Rosa Ligia, seu filho Raphael com a namorada
Hana e o cãozinho Tel.
Amanhece o dia 7 de setembro. Antes de descer para o
desjejum, leio alguns livros de cabeceira e, um deles – “Além do Jornal”, do
meu amigo e confrade Manoel Onofre Júnior trouxe-me caras lembranças de lugares
e acontecimentos próximos à minha existência de jovem, causando-me emoções
incontidas, o que motivou um telefonema para o autor para declarar a minha
satisfação com a sua obra e parabenizá-lo por tão interessante trabalho. Ele
ficou feliz.
Como persistisse a chuva, tracei o programa de assistir,
pela televisão, os diversos desfiles do Dia da Pátria, trazendo-me a memória do
meu tempo de estudante, comandando a Banda Marcial do Ginásio Natal do Prof.
Severino Joaquim da Silva, percorrendo as ruas da cidade, com cadência e
firulas que inventávamos para destacar de outras bandas – Marista, Ahteneu e
Escola Industrial, até o desfile oficial. Caminhando mais um pouco, lembrei o 7
de Setembro de 1959, quando estava no Exército Nacional e desfilei na Avenida
Deodoro, com ardor e emoção de um esbelto infante que amava a sua Terra Amada.
Obrigado SENHOR por dias tão ditosos. Que se repitam nos
próximos, enquanto percorro o descer da ladeira da vida (86 anos no dia 10), ainda
com o propósito de escrever outras Cartas de Cotovelo, com o sentimento de paz
e amor.
Dr. Carlos, querido amigo,
ResponderExcluirconfesso que estava com saudades dessas deliciosas "Cartas de Cotovelo". Tomo a liberdade de sugerir-lhe que às escreva, independentemente de estar ou não na sua querida “Passárgada de Cotovelo”. Nós, seus leitores e admiradores, agradeceremos.