terça-feira, 19 de julho de 2022

 

ABOIO: O CANTO LAMENTO DO VAQUEIRO.
Hêi!...Ôôô...Vaca! ôiôiôi..., assim é o lamento-canto do vaqueiro nordestino. Para uns, uma melodia triste, para muitos, uma toada que convoca o gado, que harmoniza a manada no caminho das pastagens.
Na antiguidade grega, o canto do pastoril de ovelhas, servindo para delimitar as áreas mais próximas das tendas do criatório, para evitar os predadores e a sanha dos grupos de rapina. Na Idade Média, imitado nas Abadias, pelo canto gregoriano, em momento de profunda reflexão.
Nos desertos, ferramenta dos pastores árabes, na grande travessia, até encontrar os oásis na busca da água e das relvas das baixadas.
No Nordeste, sua pátria cabocla, encontrou o vaqueiro do Pajeú, Moxotó, Caatinga do Navio e dos Sertões do Seridó. Esse homem vestido de couro, tão bem trabalhado em Serrita, no solo pernambucano.
A toada do aboio reboado, fez gemido dos currais do São Francisco ao cerrado do Piauí. Chegou ao Teixeira, na verve de vaqueiros catingueiros e vates* de flores do Pajeú. Desceu as goelas da Serra do Teixeira, e serpenteou a silhueta do Espinharas, vindo aportar nos Sertões do Seridó.
Durante a primeira metade do Século XX, foi a toda mais usada como ferramenta de manejo do gado, do norte de Minas até às terras semi-áridas do Piauí. Eram os tempos ainda, de um Brasil caboclo.
J.E.S.

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