domingo, 11 de julho de 2021

 


Minhas Cartas de Cotovelo – versão de 2021-34

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

         Pois é, as estações do ano passam e o meu exílio voluntário de Cotovelo continua a iluminar a minha vida, com a força da natureza e, igualmente, com a possibilidade de, no silêncio assimilar as construções literárias que o tempo me permite ter.

         Em recentíssima passagem por Natal, fui ao Sebo Vermelho do meu amigo Abimael para saber das novidades. Ali tive a oportunidade de conhecer uma figura já vetusta na cultura potiguar, mas que o destino não havia permitido um encontro pessoal – Francisco Ivan, agora relacionado  entre os meus bons amigos.

         Entre bons papos, adquiri algumas edições do Sebo – algumas de poucas páginas, o que nada desmerece para mim, porquanto a literatura não é boa pelo peso, mas pelo conteúdo. Prova disso é o livreto de Ferdinand Lassalle - “A Essência da Constituição”, (conferência para intelectuais e operários da Prússia em 1863), considerada precursora de muitos debates centrais dentro do constitucionalismo moderno, sempre consultado de geração em geração pelas classes jurídica e política.

         Adorei o trabalho de Francisco Ivan - “De Góngora a Garcia Lorca’, em que considera que a fenomenologia da poesia transcende ao ambiente social fechado pela tirania: “Passam as ideologias; desmoronam-se os poderes autoritários; desaparecem os impérios, não sobrevivem ao tempo ao tempo como a este vive e sobrevive a alta poesia.”

         Temos provas evidentes nos dias atuais, onde respeitáveis escritores comentam os fatos sociais e lhes dão uma conotação política, Acredito que, no tempo, somente sobrarão as narrativas sociais e históricas de um tempo confuso e polêmico.

         Outros títulos, alguns estão aqui comigo em Cotovelo e já os li: “Cartas de Drummond a Zila Mamede”, “O Terço dos Paulistas do Mestre-de-campo Manuel Álvares de Morais Navarro e a Guerra dos Bárbaros”, do saudoso amigo Olavo de Medeiros Filho. Igualmente dele “Os Tarairiús, o Rio Grande do Norte e a Guerra dos Bárbaros”, de Daniel Oliveira Mosca: “O Bem, O Mal e a Polícia” – considerações entre as estruturas dramáticas do western e do nordestern e “Presença Norte-Riograndense na Alçada Pernambucana”, do meu querido e inesquecível professor de Literatura, Raimundo Nonato da Silva. Por derradeiro e não que tenha menor importância, as “Confidências na fé”, do meu amigo Renan II de Pinheiro e Pereira, livro intimista que apresenta “Conversas com grandes Santos da Igreja”, muito interessante para o espírito.

         A destacar, ainda, os artigos recebidos pelo celular da Revista virtual “Navegos”, editada pelo jornalista e escritor Franklin Jorge, que quebram a monotonia de um lugar onde se sobressai a natureza em oposição ao grande barulho da cidade grande.

         E assim vou vivendo os dias amenos, oceânicos e silenciosos.


 

Um comentário:

  1. Professor,seus comentários por momentos me levaram a sentir a brisa e a calmaria das praias de Tibau. Tamanha foi a sensibilidade que me causaram, trazendo-me à memória passagens agradáveis de felicidade. Abraço rotariano Expedito Maia.

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