sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

 


Cartas de Cotovelo – Verão de 2023 – 2

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

NADA E TUDO MUDOU

            Estava com saudade dos meus leitores, mas, sinceramente, tive dificuldades para desemperrar as minhas Cartas, posto que terminou 2022 e chegou 2023 e nada ou tudo mudou neste meu Brasil.

            Em verdade, tudo mudou na estrutura administrativa pública do País e no Rio Grande do Norte – novos dirigentes (ou os velhos), auxiliares diferentes. Mas o emperramento continua. O ódio voltou a enodar a vida do nosso povo.

            São tristes as notícias sobre acontecimentos recentes, mostrando o movimento de protesto contra o resultado eleitoral. Brasília virou baderna, com depredação ao patrimônio material e imaterial dos Poderes, roubos de peças históricas e mancha na história da Democracia.

            Ninguém jogue a primeira pedra, pois são as mesmas águas de março de 1964, com métodos semelhantes, engodos, mentiras, infiltrações deletérias, tendo por traz ideologias importadas, enganando a massa que ama seu torrão natal, mas não tem educação e cultura suficientes para discernir o joio do trigo.

            Da minha parte repudio, como sempre o fiz, à baderna, pois ela não nos conduzirá à estabilidade democrática, a restauração da economia e melhores dias para a nossa população, cada vez mais empobrecida.

            Os ricos continuam ricos, distantes da realidade desintegradora dos demais, Os políticos, de qualquer nível, permanecem demagogicamente soltando seus discursos ultrapassados, dúbios, apontando a sujeira, nos outros, da qual saíram a bem pouco tempo.

            Esse filme dos dias presentes eu já havia assistido em 1964, com pessoas constrangidas em sua liberdade, culpadas ou não, o que, após muitos transtornos, serão devolvidas ao contexto social, mas com sequelas dolorosas.

O cinismo continua tendo vez, agora com o auxílio da modernidade – bem mais rápido em sua difusão. O Poder Judiciário confuso.

Assim, reafirmo, nada mudou (os hospitais continuam sucateados e o uso do solo verticalizou-se, para ficar mais distante dos gritos dos sofridos) e, tudo mudou na ocupação dos postos – eles, os mesmos que já foram, com a possibilidade do revezamento futuro, também dos mesmos outros).

Estarei sendo incoerente, exagerado, revanchista e +? Afinal, comigo tudo mudou – já não tenho saúde e estou no acréscimo do tempo bíblico de existência.

Não perdi a fé, que continua o meu alimento espiritual, a única razão de continuar na labuta, depois que perdi a causa maior da minha vida (Therezinha).

Aguardo a atenção dos meus poucos leitores enquanto espero algum aviso dos Castelos Celestiais.

Um comentário:

  1. Mais um texto extremamente lúcido, do professor e amigo! Avante, dias melhores virão! - Flademir Dantas.

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