terça-feira, 20 de março de 2012


OS EFEITOS DA INSEGURANÇA
Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

Sem qualquer intenção de fazer apologia da violência, dei-me a meditar sobre o recente episódio ocorrido com o meu amigo Onofre Lopes Júnior, também influenciado pela minha condição de idoso.

A violência em nossa cidade está alcançando proporções incontroláveis, com sucessivos registros de assaltos em qualquer local ou horário, inclusive, agora, com a novidade de interceptação dos veículos nas avenidas, mediante colocação de obstáculos, sem que haja o deslocamento de contingente policial para flagrar tais atitudes criminosas, apesar se ser uma ação repetitiva.

Esse estado de coisa põe em polvorosa todos os cidadãos natalenses e, com muito mais justificativa, as pessoas de idade vetusta, que por si mesmas já possuem as deficiências próprias da idade, seja de natureza motora ou de percepção imediata para os perigos com os quais se defrontam no dia-a-dia.

Sem mais o vigor físico para evitar confrontos ou reações, o idoso encontra na arma uma mínima possibilidade de defesa, embora a estupidez legislativa tenha criado empecilhos para a propriedade de qualquer armamento e, principalmente, do porte de arma.

Estamos indefesos, a mercê dos trombadinhas. Contudo, quando o perigo ronda a nossa família, como no caso de Onofre Jr., a coisa muda de figura, pois a natureza nos concede a força da indignação e permite, raras vezes, a capacidade de reação, movida pela necessidade de preservação da vida e, em especial, da vida dos nossos familiares.

O gesto de Onofre, antes de tudo, foi de extrema coragem, sobretudo quando se sabe o seu estado de saúde. Mas o seu amor a Sílvia permitia qualquer sacrifício, até da própria vida e teve sorte em acertar o bandido. Fosse eu, não teria a certeza da pontaria e, certamente, teria, também, que acionar muitas vezes, nem que servisse para amedrontar o meliante..

Meditem os meus leitores a respeito do desgaste emocional vivenciado pelo estimado Amigo Onofre e sua esposa, ouvindo comentários pouco lisonjeiros de uns poucos, embora a solidariedade da esmagadora maioria da população.

Recebam Onofre e Sílvia a minha consideração e o meu respeito, rogando a Deus que os órgãos oficiais saibam compreender as circunstâncias do acontecido e reconheçam a legítima defesa necessária, amenizando as sequelas emocionais, que certamente persistirão, tendo em conta a sua conduta social e a dedicação de salvar vidas em toda a sua trajetória profissional.

Deus nos livre de um confronto semelhante! Que o fato sirva para uma alteração na legislação pertinente à propriedade e porte de arma, para inibir um pouco os audaciosos assaltantes! Que a Polícia seja reforçada com novos integrantes para poder cumprir com eficiência a sua missão. Com isso, certamente que esses fatos não se repetirão!

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