terça-feira, 24 de dezembro de 2024

O Natal do Filho de Deus Padre João Medeiros Filho No clarão das luzes que brilham na escuridão, sentimo-nos envolvidos pela presença de Deus que nos ilumina. A cada ano, na Missa do Natal, vivenciamos a profecia de Isaías: “O povo viu uma grande luz; para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu” (Is 9, 1). No Natal celebra-se o encontro entre o céu e as criaturas. O que é do Alto une-se ao terreno. O Messias veio para reconciliar em si todas as coisas. O nascimento do Salvador é motivo de júbilo para o povo que crê, segundo a prece de gratidão de Isaías: “Multiplicaste a alegria do teu povo, redobraste sua felicidade” (Is 9, 2). O Natal é festa da libertação, pois “a canga que lhes pesava ao pescoço, a vara que lhes batia nos ombros, o chicote dos capatazes, tudo quebraste como naquele dia de Madiã” (Is 9,3). É a vitória sobre o mal, a injustiça, a arrogância, a arbitrariedade, a violência e a guerra. Presentes foram comprados, de acordo com as posses de cada um. Pacotes fechados adornam a árvore de Natal. É surpresa. Só podem ser abertos na Noite Santa! As crianças ficam ansiosas e felizes. Pais e avós se emocionam ao ver a alegria ingênua dos pequenos. A cidade é toda enfeitada. Brilham milhões de luzes coloridas. Parecem dias de um sonho encantador, que contagia a todos. Afloram sentimentos bons no coração daqueles que têm fé e dos que não creem. Todos são tocados pela bondade nestes dias. Trocam mensagens de paz e boas festas, braços abertos, prontos para o encontro! E a ceia natalina com fartura de alimentos, que só costuma aparecer na mesa nesta noite e alguns nem sequer sabem por que? O Natal é bonito. Difícil encontrar quem não goste. Mas, é só isso mesmo? Passa depressa. O que se comemora realmente nesse dia? Por que fazemos festa? Estamos pouco a pouco esquecendo que os cristãos celebram o nascimento de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que está na origem do cristianismo. Foi há mais de dois mil anos, lá na Judéia, no tempo em que o Império Romano dominava aqueles povos. E, por ser quem Ele é, não se festeja simplesmente o seu aniversário, mas comemora-se o evento mais importante da história da humanidade. E por que? O nascimento de Jesus é uma graça divina para todos – fiéis ou os ainda incrédulos – pois os anjos cantaram aos pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados.” O Natal é festa que emociona os que têm o dom da fé ou a sensibilidade de um coração verdadeiramente humano. Quem não se comove ao ouvir as narrativas bíblicas do nascimento de um Deus que se fez homem? Em textos diferentes, nos encantamos com a narração rica em nuances de Lucas ou plena de símbolos em Mateus e o enunciado magistral de João. Quem não se vê naturalmente impulsionado à oração, diante de um presépio, ao contemplar o Deus-Menino reclinado numa manjedoura, sob o olhar extasiado de Maria e José a admirar a criança? Quem não se deixa enternecer ao sentir o silêncio da noite mais bela, interrompido apenas pelos acordes angelicais, suaves como as canções de ninar? Tudo é paz! Acolhamos o Príncipe da Paz, que é Jesus Cristo. Quem não percebe, no segredo da encarnação do Verbo, um hino celestial à vida humana, a qual até mesmo Deus quis assumir, para dar aos homens a vida em plenitude? (cf. Jo 10,10). Qual incrédulo, que tendo um coração sincero e um espírito desarmado, não conseguiria crer, ao ouvir, na liturgia natalina, a proclamação do amor de Deus que, sendo ilimitado na Sua grandeza, tornou-se pequeno para entrar nas estreitezas humanas, só por amor? Talvez tenha sido este o sentimento que mais emocionava a minha alma de jovem, quando ouvia, nas noites frias e nevadas, na Abadia de Mont César, na Bélgica, o coro cantando em gregoriano, referindo-se à Mãe do Salvador: “Quia quem coeli capere non poterant, tuo gremio contulisti” (Aquele que os céus não podem conter, o teu seio abrigou). “Hoje, nasceu para nós o Salvador” (Lc 2,11).
Cartas de Cotovelo – Verão de 2024/2025 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes Estamos no final do derradeiro mês de 2024, já vislumbrando os primeiros pruridos do ano novo, em pleno começo do verão, onde retornamos a Cotovelo para a paz interior que essa maravilhosa praia oferece. Minha índole amorosa pela Comunidade, ultimamente, foi arranhada por uma série de interpretações equivocadas do nosso Estatuto, que tive o privilégio de modernizar em duas oportunidades, conhecendo, assim, a gênese e o espírito da sua elaboração. Como fiel soldado, recuei da refrega e assisti atônito a solução encontrada para os problemas surgidos. Aqui não vou retaliar ninguém. Contudo, quando se fixar a nova Diretoria, pedirei a oportunidade de um encontro para a discussão e esclarecimento dos seus capítulos e versículos, para um ajuste final que permita a permanência da paz e da harmonia nos momentos de mudança de controle para a nossa PROMOVEC, entidade de extraordinário valor, pioneira em iniciativas fundamentais para o crescimento da Comunidade, como retratei em livro que publiquei “PROMOVEC – uma bela história”, contando a saga dos seus fundadores, todos fieis trabalhadores pela expansão da associação e pela solidariedade entre os seus membros. Perambulando pelas cercanias do lugar, constatei crescimento e melhoramentos, alguns um tanto desordenados, gerando dificuldades para o silêncio necessário ao recanto do distrito e sua mobilidade, haja vista que o crescimento não está proporcional aos equipamentos urbanos de sustentabilidade funcional da Comunidade. Nunca fui retrógrado no veto aos novos empreendimentos que estão sendo erguidos, com certa velocidade, mas deploro que se iniciem melhoramentos em detrimento da conclusão de outros, necessários, que ficam a mercê do seu próprio destino. Há que se convocar, com veemência, o Poder Público para pôr regramentos mais rigorosos para a mantença da convivência sadia e harmoniosa dos habitantes – exemplos que apontarei numa eventual reunião, com a presença de representantes do Poder Público. Quanto à natureza, a praia continua linda, saudável e convidativa para o restauro físico e psicológico dos seus frequentadores, desde que brecadas as tentativas de proliferação de barraqueiros fora do seu habitat designado e com fiscalização permanente para evitar abusos durante, principalmente, o veraneio, período mais atrativo para os veranistas e visitantes e, também, para os especuladores em busca da exploração comercial. Como está a obra mais fundamental da Comunidade – o esgotamento sanitário? Dizem que alguns aproveitam a falta de fiscalização e clandestinamente se utilizam das obras já concluídas, mas sem a autorização necessária, a não ser que esteja acontecendo discriminação em favor de certos empreendedores. Somos um todo. Como tal devemos ser tratados e, por isso, o esforço para os novos dirigentes da PROMOVEC deve ser direcionado para esse princípio, movendo céu e terra para conseguir o seu triunfo. Ninguém deve se omitir nessa missão! Para o sucesso esperado, temos que fazer uma campanha forte de aumentar o número de associados e de reuniões mais constantes, recebendo os conselhos e opiniões que dinamizem a otimização ansiada por todos, podando as asas dos que ainda não aprenderam a respeitar a vontade coletiva e tomam os seus espaços particulares como verdadeiras autarquias, divorciados do restante dos seus concidadãos.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

A BÍBLIA, SEMPRE A BÍBLIA Valério Mesquita* Mesquita.valerio@gmail.com “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios, as coisas fracas para confundir os fortes. Escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis e as que não são, a fim de que nenhuma carne se glorie perante Ele”. Paulo em I Coríntios, 1 - 27 a 29. Porisso que, na vida, nada é constante. Tudo tem prazo de validade. Ainda Paulo, em II Coríntios, 12 – 8 a 11, após sofrer perseguição, açoites, apedrejamento, fadigas, falsos amigos, escárnio e até um mensageiro de Satanás o esbofeteou para testá-lo, e aí chegou “a orar ao Senhor para pedir três vezes a se desviar dele”, ante tanta provação. E o que disse o Senhor: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Paulo entendeu dizendo: “De boa vontade, deverei me gloriar nas fraquezas para que em mim habite o poder de Cristo”. Impressionante esse ensinamento para os nossos dias. E o apóstolo foi além: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então sou forte”. Para mais um aprendizado, vale a pena ler novamente Paulo em I Coríntios 13, versículo 2, em diante, falando sobre o amor: “Ainda que tivesse o dom de profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, tivesse toda a fé de maneira tal que transportasse os montes e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor é invejoso, o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça mas sim com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. E conclui: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor. Mas o maior deste é o amor”. Ensino para os ricos e governantes soberbos do Rio Grande do Norte. Na Epístola de Paulo aos Romanos, capítulo 8, versículos 31 e seguintes, ele foi patético e inspiradíssimo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades deste mundo, nem o presente, nem o porvir. Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. Para a vida banal de hoje, repleta de iniquidades que tantos nos distancia de Deus, a leitura dos Salmos 25, 40 e 103, nos faz lembrar que somos pó e que é grande a misericórdia de Deus para com aqueles que o temem. O notável profeta Isaías, no Antigo Testamento, no capítulo 55, defende que toda a pessoa deve procurar a sua salvação. No versículo 6, aconselha: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. E sustenta que “os pensamentos e os caminhos dos homens não são os mesmos do Senhor porque os céus são altos e a terra não...”. O magnífico apóstolo João, no capítulo 8, do seu Evangelho, ouviu Jesus proclamar aos judeus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; mas terá a luz da vida”. Lá no Apocalipse, sublinhei na minha Bíblia, já tão gasta, repleta de rabiscos, a beleza da palavra do Senhor, no capítulo 3, verso 20: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. Neste Natal quando se celebra o nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo, enfatizei essas poucas e seletivas palavras inspiradas pelo Espírito Santo apenas para lembrar ao leitor que leia e pratique a Bíblia. Que não somente o faça no leito de um hospital. Plante o seu jardim e você mesmo o decore com o seu espírito em vez de esperar que outros, um dia, lhe tragam flores. E nada mais. Aos meus leitores e amigos, desejo a todos boas festas e feliz ano novo. (*) Escritor.