TRÊS POEMAS, TRÊS ESTILOS
Sheyla Maria Ramalho Batista
Eu, dançarina nos lábios do sol
Borboleta no vaso da inocência
Tépido raio de luz na tênue candura
Do amor, remanso da treva vespertina.
Sou ondas de sonho, quase manta
dos campos esquecidos da alegria.
Trago nos cabelos cheiro de mar
tecido em prata de luar matutino.
Ah! Nos olhos, revelo indiscreta
A chama púrpura flamejante, própria
Fundição no rubro orgasmo do céu.
Eu, dançarina nos lábios de mel
Carnuda pitanga por trás de fino véu
Borboleta dançarina sob fio do anel
Sou passo da ninfa em sensível fogaréu.
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Rizolete Fernandesa
Sem retorno
A quem se põe em rota cumpre ter
olhos de mapa
nos lábios um jeito de indagar
e saber
por mais árduo seja
transpor a íngreme estrada
a rude escarpa
que nada é motivo assaz
de meia volta e volver
ao ponto de partida
pelo atalho.
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Diva Cunha
Minha mãe diz
que eu sou da pá virada
a da vida torta
os modelos dela são outros:
santa terezinha do menino Jesus
santa rita de cassia
santas
fora as santas domésticas
que foram sacrificadas
no dia a dia
e ninguém viu
sangradas como galinhas
maceradas em vinha d’alhos
postas a dormir no sereno
para secar odores
enfurnadas como bananas verdes
esfregadas nos ladrilhos
claros dos banheiros
costuradas em botões de quatro furos
esbofeteadas e sacudidas
como colchões e almofadas
para desprender o pó das horas
secaram todas
nos linhos broncos
dos lençóis bordados
ao morrer, não morreram
entregaram a alma a deus,
que provavelmente não as perdoou
pelo gasto inútil
que fizeram dos seus talentos.
QUE BOM ACORDAR COM ESSE SOL DE DOMINGO E VER AS MENINAS E LER SEUS POEEMAS!
ResponderExcluirdez!
L.HELENA