terça-feira, 12 de julho de 2011

DO JORNAL VIRTUAL DE ROBERTO GUEDES (12.7.2011)
NOTÍCIAS DA COPA 2.014


Copa 2.014

Severo Gomes
Ao tentar, num tecnocratês enroladíssimo, dos piores do mundo, minimizar a informação de que por ocasião da Copa do Mundo de 2.014 Natal só contará mesmo com o atual aeroporto de Parnamirim, o ministro da Aviação Civil, Wanger Bittencourt, saído não se sabe de qual colégio, mencionou o equipamento como “Severo Gomes”, em lugar de “Augusto Severo”.
Financiamento
A governadora Rosalba Ciarlini espera desatar na tarde desta terça-feira, 12, amanhã, durante audiência, no Rio de Janeiro, com a diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os nós que impedem a instituição de liberar recursos para a construção do estádio “Arena das Dunas”, o cenário idealizado para que Natal acolha jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2.014.
Investigada
Consulta ao “site” do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a Construtora OAS, única que se habilitou em concorrência pública para construir o estádio Arena das Dunas, em Natal, revelou na última sexta-feira, 8, que, até essa data, ela está presente em 282 processos de investigação – entre encerrados e em andamento – por indícios de uso inapropriado de recursos públicos em obras estruturantes em todo o País.
Comitê
Sob a liderança do advogado Marcos Dionísio Caldas, integrantes de diferentes movimentos sociais com base em Natal estão organizando um “Comitê Popular Copa 2014”, com a finalidade de fiscalizar e cobrar transparência dos governantes nas ações que envolvem a atração do certame para esta capital. “Não queremos dizer que existem ilegalidades. Só queremos acompanhar o processo. Afinal de contas, somos nós que pagamos por tudo isso que está acontecendo ou não”, afirma Marcos.

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Contagem regressiva

Faltam 1.062 dias para a abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2.014.

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COMENTÁRIO

Governo vê fracasso em São Gonçalo
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Roberto Guedes

Não teve nada a ver com a necessidade de apresentar mais informações a potenciais interessados que o governo federal anunciou na semana passada o adiamento do leilão que promoveria no próximo dia 19, na sede da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), para eleger o grupo privado com o qual montaria parceria visando à construção e exploração, durante trinta anos, do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante, vizinho a Natal.
Refletindo o que noticiaram a respeito outros espaços da mídia do centro-sul do país, a seção “Panorama” da mais recente edição da revista “Veja” mostra que a empreitada fracassou, recomendando à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), responsáveis pelo certame, a necessidade de adiar o pregão. Fracassou em termos de empreiteiras nacionais, depois de conhecerem o edital do leilão, não terem demonstrado interesse em dele participar. Ou seja: de interessante, como parecia aos olhos governamentais, para a iniciativa privada, o empreendimento se mostrou aquém das expectativas para esta.
A revista pode ter acertado em algo mais sério do que a desimportância da obra, cuja privatização só veio a ser definida pelo governo federal depois que a iniciativa privada revelou o desejo de construir e explorar um grande aeroporto nas proximidades de São Paulo, de longe a maior região metropolitana do país. Acontece que outros grandes empreendimentos governamentais estão a ver navios, pois empreiteiras que em outros tempos se acorreriam atrás de contratos para tocá-las viraram suas costas a estes empreendimentos.
Tanto é assim que o governo cogitaria de abrir suas concorrências para grupos estrangeiros.
A propósito, em Natal nunca constou que as grandes construtoras nacionais se interessassem tanto por São Gonçalo quanto alguns grupos europeus que já vieram falar com autoridades locais sobre o equipamento.

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Interesse Público

O Jeitinho e o Jeitão Bra$ileiro no desleixo com as obra$ da Copa

Gaudêncio Torquato (*)

A explicação, que parece risível, é dada de maneira séria por autoridades: as obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 não sofrerão atrasos. Vai dar tudo certo. Aos fatos: a Arena das Dunas, em Natal (RN), aguarda propostas de parceria. Outros empreendimentos estão em fase inicial. E mais: dos 12 estádios que serão construídos, 5 correm o risco de se transformar em “elefantes brancos” por falta de torcedores suficientes e pelos altos custos de manutenção.
A novela sobre a preparação do Brasil para sediar os dois maiores eventos esportivos mundiais segue um enredo que tem tudo para se tornar sucesso de público e de mídia, por exibir vasto painel do temperamento nacional. Abriga traços do caráter, a começar pelo desleixo, passando pela improvisação, entrando pelo jeitinho e chegando à malandragem, pela inferência de que o atraso no calendário de obras é algo deliberado. Teria o fito de driblar a montanhosa burocracia e, desse modo, livrar a licitação de projetos de complicações, liberar recursos de forma ágil e no fluxo adequado, garantindo a satisfação de todos os “jogadores” da copa preparatória. O afogadilho seria sinônimo de esperteza, e não de improvisação, sob a lógica invertida de “não fazer hoje o que pode ser feito amanhã”. E assim o Brasil pode levar a taça de campeão de novo escopo da administração: “a emergência programática”.
De início, a lembrança: o Brasil foi escolhido para ser a sede da Copa do Mundo de Futebol em 30 de outubro de 2007. De lá para cá, em termos práticos o resultado fica próximo de zero. É evidente que, sendo a paixão nacional, o futebol abre intenso foro de debates, acende fogueiras de vaidades e impulsiona visões conflitantes entre os atores envolvidos na organização do megaevento: times e torcidas, cartolas, cidades-sede da Copa, autoridades governamentais, políticos, empreiteiras e a formidável malha de prestadores de serviços. Cada qual quer tirar proveitos – e proventos – da gigantesca teia de interesses, sabendo-se que não haverá rigidez no controle dos orçamentos.
Lembre-se de que as obras para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, foram orçadas inicialmente em R$ 400 milhões. Acabaram em R$ 3,4 bilhões, deixando, ainda, extensos espaços ocupados por “elefantes brancos”. E qual será o orçamento para os dois eventos? Uma incógnita. A decisão de tornar esse orçamento sigiloso – aprovada pela Medida Provisória 527, que cria o Regime Diferenciado de Contratações – faz parte da estratégia de evitar obstruções, o que, para uns (empreiteiros, por exemplo), seria medida de bom senso e, para outros (organizações não governamentais), brecha para os dutos da corrupção
Se houver recursos a rodo, é evidente que o cronograma de obras, mesmo sob aperto, deverá ser cumprido. Tecnologia, gestores e parceiros, isso é o que não falta para tocar o conjunto. Mas, sob o prisma do rigor técnico – dentro do qual se inserem os projetos executivos, a quantidade e a qualidade de materiais, o controle das etapas, a lupa sobre preços e o superfaturamento, a rígida obediência aos parâmetros socioambientais, a preparação da infraestrutura e, obviamente, a análise sobre uso futuro dos equipamentos -, há um imenso acervo a ser examinado. O que exigiria muito tempo.
Na esteira da pressa, o risco Brasil sobe aos píncaros. Veremos na paisagem um portentoso conjunto de obras, algumas chamando a atenção pela pujança estética, mas, no obscuro limite entre os territórios do público e do privado, vicejarão sementes de improvisação, que produzirão colheitas de irresponsabilidade nas frentes das obras. Essa é a química que explica no nosso ethos traços de negligência, desleixo, displicência, relaxamento, bagunça e vivacidade.
A pergunta emerge naturalmente: ante tão flagrante constatação, por que não se muda o ritual? Por que não se fez um planejamento em prazo adequado? Ora, o Brasil cultiva o gosto pelo instantâneo, pelo provisório. Prefere-se, por aqui, administrar o varejo, e não o atacado. É mais vantajoso apagar incêndios do que preveni-los. Coisas planejadas com muita antecedência parecem não combinar com a alma lúdica brasileira, brincalhona, irreverente. Se não fosse obrigado a enfrentar o batente para sobreviver, o brasileiro adoraria passar o ano inteiro na folia. Oswald de Andrade traduziu, um dia, tal estado de espírito ao versejar: “Quando dá uma vontade louca de trabalhar, eu sento quietinho num canto, e espero a vontade passar”. Ademais, como se procurou argumentar, é perceptível uma aliança entre parceiros para deixar para a “última meia hora” o que poderia ser feito “na última hora”. Haverá menos fiscalização, menos burocracia, menos senões e mais apoios.
Da parte de cima da pirâmide social, a expectativa é de que o Estado continue a equilibrar o triângulo que lhe dá sustentação: o poder político, a gestão pública e os círculos de negócios. No caso dos eventos esportivos, o triângulo é formado pela Autoridade Olímpica e pelo Comitê Olímpico, que farão a administração; pelo poder político, que ditará as regras do jogo (por exemplo, votação do regime diferenciado de licitações); e pelos negócios, onde estão os parceiros privados dos empreendimentos. E quanto aos “cinco elefantes brancos” (estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus, Natal e Recife), que após a Copa poderão gerar grande prejuízo por falta de contingentes necessários para torná-los autossustentáveis? No país que aprecia o status provisório, essa questão será analisada nas calendas. Cada imbróglio no seu devido tempo. Quando aquele momento chegar, os figurantes pegarão carona no jeitinho e arrumarão verbas para dar nova finalidade às edificações, incluída a sua derrubada.
E, assim, o Brasil vai rolando a bola e brandindo o slogan “antes tarde do que nunca”. Afinal, fazê-las “antes cedo do que tarde” daria muito na vista. E isso, convenhamos, prejudica a visão (e os negócios) dos parceiros.
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(*) Norte-rio-grandense de Luiz Gomes, na “Tromba do Elefante”, o jornalista Gaudêncio Torquato é colunista do matutino “O Estado de São Paulo” e professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).

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Correspondência (02)

Construção da Copa, só a demolição da creche

Boa Noite Roberto Guedes:
Esta semana, passei em frente ao que era ha pouco mais de um ano a Escolinha Kátia Garcia, a escola em que meu filho aprendeu a ler e a escrever, antes de estudar no Hipócrates.
Ainda não consigo acreditar que a Escola tenha sido realmente demolida; na época, recorri à Justiça, tentando evitar o que houve, mas o Poder Judiciário não evitou a demolição. O interessante é que Educação e o Esporte devem caminhar em conjunto, lado a lado. Não faz sentido o que ocorreu.
Passo pelas ruas de Natal e vejo os montes de lixo tomando conta de tudo, e lembro do projeto do lixo reciclável que eu apresentei em 1996 quando candidato a Prefeito de Natal. Vejo uma Universidade ainda limitada ao Campus, embora tenha bons profissionais.
Gosto tanto de Natal, uma cidade linda de pessoas fantásticas, mas ela continua andando de forma desgovernada. Tentei por seis vezes representar o povo de nossa Cidade, mas não fui eleito. Tive, porém, a oportunidade de conhecer muitas boas pessoas em Natal, amigos, pessoas carinhosas.
Bom, Roberto, ler sua Coluna me alimenta, alimenta-me de informações; obrigado pelo seu bom trabalho no Jornalismo de nosso Estado.
Por enquanto estou aqui, cuidando da família, trabalhando e fazendo meus poemas.
Bom Trabalho.
José Geraldo Forte.

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