sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

 O PERIGO ESTÁ NO TOM

 

Valério Mesquita

Mesquita.valerio@gmail.com

 

Diante da vida comum em Natal, ninguém pode fugir ao hábito da ironia, da tendência do sarcasmo e da aversão a tudo que é medíocre, vulgar e chato. A primeira futilidade pública é o escandaloso delírio das torcidas do paupérrimo futebol potiguar, todas endiabradas e ensandecidas pelas ruas, fazendo vítimas inocentes e depredando patrimônios. Antigamente, as paixões populares assumiam o encanto e o canto da luta social, política, cívica, com formas e cores mais puras e emocionais. Agora, não. São meras caricaturas e badernagens para os boletins de ocorrência das delegacias de plantão.

É um tempo trágico e cômico, mais parecido com um castigo divino, recheado de assaltos, insegurança, onde a paz do coração foi substituída pela paz dos túmulos. Sobre todos esses vândalos caberia dizer que “o diabo não os desampare e Deus que nos ajude”.

Sabem que tudo na vida é relativo e passageiro. No futebol, na política, no comércio, na indústria, nas profissões liberais, “tudo o que sobe, cai”, já dizia Sandoval Quaresma olhando pra braguilha. O que vai bem, afinal? O trânsito em Natal? No Rio Grande do Norte já ultrapassa a casa de um milhão e meio de veículos. Semana passada, desabafei que a maioridade penal deveria descer para os 14 anos. Depois, li que alguns juristas são contrários até a queda para o patamar de 16 anos. Acham que tudo deve ficar como está. O problema é a educação dos jovens. No momento da entrevista esqueceram que essa prenda pedagógica se encontra falida há décadas. Na rede pública escolar aluno enxota professor da sala de aula, quando não depreda, agride ou mata.

O problema é que nesse tempo apocalíptico a humanidade se esqueceu do mais humilde e simples ensinamento: “amai-vos uns aos outros”. Tudo foi desviado para outro tipo de amor, estimulado pelo mais poderoso cartel de perdição e transtorno de conduta: as novelas, os filmes, a internet, enfim, só para apagar as letras de um livro chamado Bíblia. Porque o que Deus ensinou, a legislação mundana contrariou, profanou, modificou para gáudio de suas ambições, vaidades, corrupção e degenerescência. Droga, impunidade, violência, polícia prende e justiça solta, são coisas do homem que avacalham a cidadania e o gosto pela vida.

Não acredito que o mundo melhore. Certa vez, Barack Obama falando da tribuna da Casa Branca elogiou um jogador de basquetebol do seu país porque teve a coragem de assumir o seu homossexualismo. Será que os presidentes da Rússia, Alemanha, Brasil, China, ou os primeiros ministros da Inglaterra, Espanha, Portugal, etc., prestariam tal informação sobre qualquer pessoa, notável ou não, do respectivo país, como apologia ou um exemplo a ser seguido ou compreendido? Com tantos enfrentamentos da pandemia, péssimos políticos, terroristas, crise econômica, que hora a sua nação atravessa, não precisava, à guisa de colher simpatias, propagar a decisão emblemática do jovem atleta como modelo a ser inserido na rede de ensino infanto-juvenil estadunidense e para todo o planeta. O mundo vai mal. Estão melando tudo. O Brasil, dizem não ser um país sério. Que o diabo não ampare governantes assim e que Deus nos ajude.

Mas, o perigo está também no clima, na elevação das temperaturas, nas erupções repentinas dos vulcões, nas chuvas exageradas e contínuas, no abrasamento do solo, na sequidão dos rios amazônicos, tsunamis e até no ingresso de político, senador, deputado no templário maior da justiça no país!

(*) Escritor.



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