A POESIA AQUI E ALHURES
Soneto, extraído do livro MUSA AMIGA DO SONHO
de Clóvis Jordão de Andrade.
“ORÁCULO DO POVO”
A Dario J. de Andrade
Desse imortal titã da Liberdade,
Do Direito e da Lei, em cujo templo
A justiça imperou com majestade.
Foi no exemplo de Rui, no seu exemplo
Que se erigiu o culto da Verdade,
O culto do Ideal em que contemplo
A voz da Pátria e da Legalidade.
Águia de Haia, no seu apostolado
De fé e senso contra a tirania,
Jamais houve direito sofismado.
Temos em Rui o oráculo do povo,
Da Liberdade e da Democracia,
Contra a opressão, à luz do mundo novo!
MARIO BENEDETTI traduzido por Inês Pedrosa
NÃO TE RENDAS.
Não te rendas, ainda estás a tempo
De alcançar e começar de novo,
Aceitar as tuas sombras,
Enterrar os teus medos,
Libertar o lastro,
Retomar o voo.
Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem
Perseguir os teus sonhos,
Destravar o tempo,
Remover os escombros,
e destapar o céu.
Não te rendas, por favor não cedas,
Mesmo que o frio queime,
Mesmo que o medo morda,
Mesmo que o sol se esconda,
E se cale o vento,
Ainda há fogo na tua alma
Ainda há vida nos teus sonhos.
Porque a vida é tua e teu também o desejo
Porque o quiseste e porque eu te quero
Porque existe o vinho e o amor, é certo.
Porque não há feridas que não cure o tempo.
Abrir as portas,
Tirar os ferrolhos,
Abandonar as muralhas que te protegeram,
Viver a vida e aceitar o repto,
Recuperar o riso,
Ensaiar um canto,
Baixar a guarda e estender as mãos
Abrir as asas
E tentar de novo,
Celebrar a vida e retomar os céus.
Não te rendas, por favor não cedas,
Mesmo que o frio queime,
Mesmo que o medo morda,
Mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
Ainda há fogo na tua alma,
Ainda há vida nos teus sonhos
Porque cada dia é um começo novo,
Porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, porque eu te amo.
João Salvador
Os mais puros amores,
foram demandados numa adolescência doce e vivida,
eram descobertos apenas por um olhar sincero,
de um ser alimentado por uma alma inocente;
uma visão purgada, ainda que cega pelo amor.
Uma quimera arrastada pelo desejo,
Uma ânsia de ter em si o sentimento do amor.
Tais paixões são agora uma utopia do então – ainda sonhadas.
Mas a felicidade esperada, cuja busca é incessante,
rejuvenesce no saber maduro das intempéries do tempo,
Anos que passaram;
em paixões e amores que alimentaram
nos sentimentos que ficaram!
PROCURO AFASTAR-TE DOS MEUS VERSOS,
E EU NÃO CONSIGO... TU ÉS A INSPIRAÇÃO.
(Décima em decassílabos)
Meus sentimentos continuam imersos,
Em águas mui profundas, abissais...
E eu tentando, libertar-me dos meus ais...
PROCURO AFASTAR-TE DOS MEUS VERSOS.
Desiludido, trilho rumos mais diversos,
Ansiando controlar no coração,
Um misto de amor e de emoção.
É teu perfil de musa quem me prende,
Me alimenta a verve e me transcende...
E EU NÃO CONSIGO... TU ÉS A INSPIRAÇÃO.
Wellington Leiros
wleiros169@yahoo.com.br
Panela de Barro
Celdo Braga
Velha panela de barro,
tisnada à lenha do tempo
– memorial de lembranças
à toa lá no quintal.
Ao refletir tua sina,
do duro retorno ao pó,
percebo que se aproxima
meu tempo de ficar só.
Tempo de ninar silêncio,
de domar a luz do dia
– pra cavalgar o escuro
da hora da travessia.
REMINISCÊNCIAS
Bené Chaves
Ah, saudades daquele tempinho…
De meus carnavais, nossos ancestrais,
uma vida fácil e inocente, que o mundo
não traz jamais.
Nem pra frente e nem pra trás.
Saudades da infância, (in)dócil idade de ânsia,
das imensas partidas e purezas perdidas.
E lindas mulheres desinibidas e inibidas.
Saudades da primeira namorada, daquela
virgem que se foi. E também da última,
com o seu portentoso pó-de-arroz .
Saudades daquela moça com os peitos na
janela, quando eu passava passeando em
frente a casa dela.
Ah, que saudades… De amizades sinceras,
nossas escorregadelas, as loucas querelas.
Tolas, mas triviais e singelas.
Das pessoas caladas, surdas e mudas.
E também das tagarelas.
Infinitas saudades… Das putas donzelas,
deitadas ou em pé, nuas ou vestidas.
Da morena, da ruiva, da negra e da loira.
Paradoxais e belas.
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