quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

 

Cartas de Cotovelo – Verão de 2024 – 03

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes



MUDANÇAS QUE EMOCIONAM

Retornando ao território, outrora sagrado, da Praia de Cotovelo, deparei-me com situações que lhe retiraram o encanto, mercê da modernidade e do crescimento dos maus costumes daqueles que procuram suas areias limpas, deixando lixo, atentando contra os animais marinhos que, de quando e vez são trazidos pelas ondas enlaçados em objetos deixados ao léu.

Fazendo coro com tais adversidades, o calor reconfortado pela brisa marinha, agora tomou emprestado outro paradigma, irritante – a temperatura incompatível com o deleite que as praias ofertam no período de verão.

Passei toda a minha existência desfrutando dos veraneios – Barra do Cunhaú, Ponta Negra, Redinha e Cotovelo, este último há mais de 30 anos. Fui moleque correndo em suas entranhas, pescando, fazendo amizades, enfim, vivendo momentos lúdicos inesquecíveis.

Redinha, praia linda sem igual, poema lírico e imortal, onde nasceu nosso amor” (poema do saudoso mano Fernando de Miranda Gomes), ou do grande Dozinho: “Ponta Negra , praia linda e bem tristonha. Quem dorme contigo sonha vendo os encantos que tem. Tuas ondas portadoras de saudade, saudade de quem tem amizade a um alguém muito além. Os teus coqueiros que crescem bastante, querendo o céu alcançar, mas os seus frutos que descem constantes, querendo ficar com o mar…). E o que dizer de Cotovelo – apesar dos pesares continua linda.

Não posso esquecer as caminhadas que fazia com a minha sempre amada THEREZINHA desde nossa escadaria rústica até os contornos das falésias, construindo sonhos e lembrando as estórias e lendas então ouvidas dos caiçaras, como a Casa de Pedra de Pium e o possível primeiro fundeamento dos barcos que trouxeram os holandeses para a tomada do Forte dos Reis Magos, cujo segundo aconteceu nas cercanias de Ponta Negra e daí o percurso final a pé.

Tive energia para publicar muitos informativos da PROMOVEC dando conta da sua história, atividade que já não mais mantendo, por falta de motivação.

Tudo isso inunda sentimentos de amor, lembranças e saudades – até o desfecho final com o cair das lágrimas – essas que inaugura esta modesta crônica, cuja autoria desconheço, mas afianço que o mesmo que sinto ao reproduzi-la.



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