domingo, 27 de agosto de 2023

 Carta de Lembranças

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes


    Outro começo de semana, às vésperas do mês de setembro quando completarei 84 anos, posso dizer bem vividos pela Graça de Deus.

    Não é fácil chegar a essa idade, quando você perdeu a sua metade (Therezinha) e manuseia a mídia diariamente, assistindo a partido dos seus ídolos e dos amigos com idades nos espaços dos anos 60 e 70 anos, trazendo a preocupação de quando chegará a minha vez.

    Sou uma pessoa lúcida, mas racionalmente sei que se aproxima o momento e por isso procuro levar a minha vida arrumada para partir em paz.

    Tais pensamentos são reapresentados todas noites na minha solidão voluntária e a preocupação é constante não com o medo da caetana, mas pelos problemas que poderei estar deixando por resolver em relação à família.

    Espero que os meus amigos entendam esse sentimento que venho atravessando e me apoiem com mensagens de carinho e incentivo para que eu não pare, até porque tenho a idade mental de 50 anos num corpo de 100.

    Fico feliz quando ainda posso fazer alguma coisa na vertente da ajuda humanística e, em especial, na da cultura, com crônicas, pinturas e prosas.

    Como todo brasileiro relapso, desde o falecimento da minha querida Teca passei a estreitar os meus laços com as igrejas (sou ecumênico) onde tenho a oportunidade de orar pelos amigos e amigas ainda nesta dimensão da existência, enfermos ou não e pelo que partiram, conhecidos ou fora do meu convívio social.

    Reforcei a capacidade de perdoar os soberbos e aos indiferentes, que se incomodam com algum prestígio que possa merecer na trilha da cultura, não divulgando o que escrevo ou errando nas notícias de eventual lançamento. O que me satisfaz é o resultado e o comentário ao pé do ouvido - poucos, mas que incentivam a continuar.

    Nada melhor num final de vida e carreira do que viver a simplicidade, com amigos igualmente sem ambição, porque eles terão um bom lugar na Mansão Celeste, a qual pretendo habitar um dia.

    Vários amigos me cobram as Cartas de Cotovelo. Vou atendê-los a partir de novembro, com o meu regresso à minha pasárgada litorânea. Por enquanto algumas poucas cartas avulsas, para evitar a prescrição.

    A rede e a brisa me esperem, Estou voltando.

    

2 comentários:

  1. Magnífico, Mestre Carlos, como tudo que você escreve, recheado de sentimentos. Você é uma luz entre nós!

    ResponderExcluir
  2. Dr. Carlos, caro amigo, sábia reflexão sobre a nossa efêmera existência e suas circunstâncias.
    Como sabe, sou fã confesso dos seus textos e, longe de ser uma cobrança, espero, ansiosamente, pela publicação do projeto sobre os "garotos prodígios" do rádio potiguar. Tenho expectativa e interesse histórico-afetivo por esse livro. O fato de ter sido um daqueles garotos que emocionaram platéias no lendário palco da Rádio Poty lhe confere absoluta legitimidade para nos contar sobre aqueles Anos Dourados.
    Há muito torço por essa publicação de real valor histórico e artístico.

    ResponderExcluir