Uma noite tranquila é direito de todos
Por Ormuz Barbalho SimonettiNo sábado de aleluia a Pipa foi palco de uma situação que além de inusitada, arrisco a afirmar não ter precedente em nenhum lugar onde convivam pessoas com um mínimo de civilidade.
Para que o Padre pudesse celebrar a Santa Missa, já que uma das casas alugadas fica ao lado da Igreja, foi preciso que a polícia se posicionasse ostensivamente em frente à residência e negociasse com os seus integrantes, o desligamento provisório do som, pelo menos enquanto durasse a celebração. Mesmo assim, antes do término da missa, o som retornara com toda sua potência.
Nos Estados de origem da maioria desses vândalos, Pernambuco, Paraíba e Ceará, tenho certeza que esse tipo de comportamento, além de não ser permitido, seria rechaçado pela população e pela própria polícia, seguramente, com respaldo das autoridades locais, fazendo-se presente e coibindo esse comportamento marginal. Certamente, alguns potiguares que participavam dessa orgia, também fazem parte desse acinte.
No Rio Grande do Norte e principalmente na praia da Pipa, ao que parece, tudo pode. E, com base nessa premissa, eles sempre estão de volta. No próximo feriadão, lá estarão novamente promovendo todo tipo de desordem e afrontando as famílias que tiveram a infelicidade de ter suas casas de veraneio na praia da Pipa, ultimamente, terra de ninguém.
Nós, veranistas e assíduos frequentadores dessa praia, já pagamos nossa cota de sacrifício, quando somos obrigados a conviver com um trânsito caótico, sem regras nem orientação.
A ausência do poder público municipal é gritante. Os carros são estacionados ao bel prazer dos motoristas, muitas vezes estimulados por “flanelinhas” que no afã de ganhar alguns trocados, interrompem o trânsito com estacionamentos irregulares, principalmente quando são feitos em frente a garagens. O pior é que não temos a quem recorrer. Muitas vezes já fui impedido de sair de minha garagem, por haver um carro estacionado de forma irregular, e o proprietário em local ignorado.
A ausência do poder público municipal é gritante. Os carros são estacionados ao bel prazer dos motoristas, muitas vezes estimulados por “flanelinhas” que no afã de ganhar alguns trocados, interrompem o trânsito com estacionamentos irregulares, principalmente quando são feitos em frente a garagens. O pior é que não temos a quem recorrer. Muitas vezes já fui impedido de sair de minha garagem, por haver um carro estacionado de forma irregular, e o proprietário em local ignorado.
Na parte baixa da praia, onde se concentra a maioria dos carros, não existe e nem nunca existiu, nenhum servidor municipal para organizar o estacionamento e o fluxo dos veículos. Tudo é feito na base do “salve-se quem puder” e sob orientação dos “flanelinhas”.
O turista que tiver a desventura de chegar à praia da Pipa por volta do meio dia dirigindo seu próprio veículo, certamente não levará boas recordações e irá pensar duas vezes, antes de retornar numa outra oportunidade.
O turista que tiver a desventura de chegar à praia da Pipa por volta do meio dia dirigindo seu próprio veículo, certamente não levará boas recordações e irá pensar duas vezes, antes de retornar numa outra oportunidade.
Quando não cuidamos de nossa própria casa, sempre aparece alguém para exercer esse “direito”. A liberdade aos poucos vai sendo retirada, sem que reclamemos ou protestemos até que um dia descobrimos que nada podemos dizer. É preciso despertar.
Lembro-me do poeta Eduardo Alves da Costa, autor de alguns dos maiores e mais belos poemas da língua portuguesa, publicado na década de 60. Peço vênia, para citar fragmento do poema: No Caminho, com Maiakóvski.
Lembro-me do poeta Eduardo Alves da Costa, autor de alguns dos maiores e mais belos poemas da língua portuguesa, publicado na década de 60. Peço vênia, para citar fragmento do poema: No Caminho, com Maiakóvski.
“Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada”.
E aqui fica a pergunta que não quer calar: é esse o Estado que se diz apto a receber a Copa do Mundo? Talvez tenhamos que pagar um alto preço pela vergonha do fiasco que poderá estar por vir. Como dizem ser o tempo o senhor de tudo, só ele será capaz de responder a esse questionamento.
Quem viver, verá
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