sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

MARINGÁ, A CIDADE CANÇÃO 
Por Daladier Pessoa Cunha Lima – reitor da Farn

Estive em Maringá por três dias, em novembro passado. Localizada no norte do Paraná, decorrem pouco mais de seis décadas desde a fundação e, hoje, conta com cerca de 350 mil habitantes. A qualidade de vida é uma das melhores do Brasil, condição fácil de se notar pelo bem-estar das pessoas que vivem na cidade.
Ruas e avenidas largas, limpas, trânsito sem transtornos; praças, calçadas e canteiros amplos. Mas algo chama a atenção de forma particular: a arborização. Nunca tinha visto tantas árvores entre casas e prédios, tornando os ambientes urbanos calmos e amenos. Procurei logo saber os tipos daquelas diversas árvores: acácia, acácia imperial, sibipiruna, flamboyant, ipê – amarelo, roxo e branco -, quaresmeira, tamareira do oriente, jacarandá mimoso e paineiras, entre outras.
Dentro da cidade existem três áreas de reserva de Mata Atlântica, com cerca de 20 hectares cada uma: Horto Florestal – donde saem as mudas para recomporem a arborização do entorno -, Parque do Ingá e Bosque Tupinambá.
Fui a Maringá a fim de participar do IX Seminário Nacional dos Centros Universitários, com temas relevantes para o momento atual do ensino superior do país. Uma das palestras de muitos aplausos foi a do Professor Wilson de Matos Silva, Reitor do Cesumar – Centro Universitário de Maringá -, instituição anfitriã. Ele falou da ênfase ao mérito acadêmico, do rigor quanto aos horários e aos programas, da tônica na aprendizagem, do combate à cola e ao plágio.
Defendeu que a Educação Superior merece ser financiada a fundo perdido. Disse que recursos do FGTS e do FAT deveriam ser usados para financiar o setor, por exemplo: o trabalhador que ganhasse de 1 a 6 salários-mínimos poderia retirar até 50% do FGTS para pagar a educação da família. O Reitor Wilson de Matos é um empreendedor vitorioso, pois o Cesumar, criado em 1990, situa-se entre as melhores instituições do país, pujante em estrutura, em organização e em qualidade acadêmica.
Maringá é chamada de “Cidade Canção”, porquanto seu nome repete o nome de uma bela canção do grande compositor Joubert de Carvalho (1900 – 1977), que era médico por formação. Com letra e melodia belíssimas, Maringá foi composta em 1932, fazen-do sucesso em todo o Brasil e até no exterior.
Por que o batismo da nova urbe com o nome da canção? Leio no livro sobre a cidade, autoria de Edgar Werner Osterroht, que essa sugestão partiu da senhora Elizabeth Shirlaw Thomas, esposa de Mr. Arthur Thomas, o principal pioneiro no desbravamento do norte do Paraná. No entanto, em conversa com pessoas que nasceram e residem em Maringá, fiquei sabendo de outra versão, a qual vincula tal batismo ao próprio sucesso da música, cantada e ouvida sem parar nos confins das matas do norte do Paraná, pelos primeiros habitantes da região.
Ao falar com o amigo Manoel de Medeiros Brito sobre a minha viagem a Maringá, ele, que sabe das coisas e tem muitas histórias para contar, disse-me de um texto que leu, escrito pelo próprio Joubert de Carvalho, sobre a origem da canção Maringá.
Mineiro, Joubert foi morar no Rio de Janeiro, onde, no começo da década de 1930, conheceu o paraibano Rui Carneiro, Chefe de Gabinete do Ministro da Viação e Obras Públicas, José Américo de Almeida, brilhante político e homem de letras da Paraíba. O artista, então, quis homenagear o Nordeste, em especial a Paraíba, terra natal das duas ilustres figuras.
A canção reporta-se à beleza da cabocla Maria do Ingá, à seca do Nordeste, ao sertão e à saudade deixada e sentida pelos retirantes, e até a Pombal, cidade onde nasceu Rui Carneiro. Pouco depois, Joubert de Carvalho foi nomeado médico dos Marítimos, quando exerceu com êxito a profissão para a qual se graduou. Porém, sua vida foi voltada muito mais à música, por dois motivos: paixão e vocação.
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postado por O Santo Ofício
dezembro 15, 2011

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